quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Escape (com) Vida - ir para fora cá dentro com João Krull (III)

Após o primeiro e segundo capitulo de viagem que podem ser recordados aqui (link) e aqui (link)...

Dia 6 (Arraiolos – Tróia) 120 km 


Este dia esperava-se tranquilo, chegar antes do almoço a Tróia era um objectivo fácil e assim foi. Com uma manhã a prometer subir as temperaturas, rapidamente nos fizemos à estrada. Continuámos pela N370 e M370 até Santiago do Escoural para irmos apanhar a N253 que nos levaria até à Comporta e de seguida para Tróia.

Com bastante tempo, parámos em Alcácer para um café e beber uma água. A boa temperatura que estava, já não se alterava devido à aproximação da Costa Atlântica. Chegado ao destino metemos a moto na garagem do Hotel e fomos tranquilamente almoçar num dos muitos restaurantes da Marina. O Hotel Tróia Design - mesmo em frente à Marina - é magnífico com os quartos enormes com uma kitchenette oculta nos armários, lembrando que podia ser um belo apartamento para passar umas boas férias. 

Ficámos num 7º andar com varanda virada para trás e vista para o mar. Bastante atenciosos, os empregados estão sempre a oferecer brindes, sejam eles, bolinhos, fruta, água, café e chocolates..., uns queridos, mas torna-se chato se estivermos no quarto a descansar, caso contrario entram e deixam por lá as ofertas.

A piscina no 3º piso é pequena, já a área dos chapéus e camas é enorme e foi aqui que passámos o resto da tarde ventosa e imprópria para ir á praia. Interessantes são os três elevadores panorâmicos que vão até ao 15º andar (claro que fomos até lá só porque sim..., para ver a sensação e as vistas). O jantar foi numa pizzaria na Marina, muito boa sem dúvida, massa fina e crocante, mas esperámos quase 40 minutos para sentar! 

Dia 7 (Tróia - Carnaxide) 75 Km 


Acordar esta manhã depois de uma semana bem passada e memorável, fazia-nos sorrir e dizer um para o outro que era o último dia desta viagem. Queríamos aproveitar cada momento. Depois de tomado o excelente pequeno-almoço fomos até á praia mesmo ali ao lado, sem vento e sem gente por aquela hora, foi uma tranquilidade merecida, com direito a banho naquelas águas geladas.

O regresso a casa estava previsto para a tarde, apanhámos o barco para Setúbal e fomos comer o famoso choco frito, desta vez ao Restaurante “Cantinho dos Barris”, mesmo no final da Luísa Todi logo á entrada da N10-4 para fazer a Serra da Arrábida pela N379 no caminho para casa. 

Tudo correu bem e como previsto. Fazer uma viagem de moto é sempre algo que procuramos e que nos enche, nos carrega baterias e limpa os pensamentos. Cada viagem são memórias que ficam, são imagens que registamos, são horas, minutos e segundos que passam a correr mas que valem a pena. 

Chegar a casa satisfeitos por tudo ter corrido bem, sem problemas ou contra tempos indesejáveis é de facto o melhor final feliz. Esta viagem teve os requisitos que elaborei no inicio do dia 1 cumpridos à regra, apenas paguei a portagem de passar a ponte 25 de Abril, gastei três depósitos de gasolina (cerca de 60€ na BMW GS800), com média de 4,1L/100, percorrendo 980 km de porta a porta.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Escape Mais Raven em Tertúlia


Já nos tínhamos cruzado antes. Mas foi aqui (link), no 2º Encontro Nacional CRF1000L Africa Twin PT em Castelo Branco, que os planetas se começaram a alinhar. Não consigo realizar quem desafiou quem. Mas do desafio nasceram encontros, recuos, avanços e finalmente aquele que muito provavelmente é o vídeo realizado em português de Portugal com maior sucesso no cada vez mais incontornável tube (link). 


Esta Tertúlia foi pensada desde logo para comemorar as 100.000 (cem mil) visualizações de tal clip. Mas no momento em que vos escrevo as visualizações já ultrapassam os 108K, o que nos deixa ufanos e plenos de orgulho. Temos pois de encontrar mais motivos de comemoração. 

Assim, nesta Tertúlia “Escape Mais Raven”, teremos muito com que nos entreter. Vamos conhecer o Rad Raven mas também o cineasta Tito da Costa que lhe dá corpo e alma. Sim! Leram bem: cineasta. Não sabiam? Vamos também exibir num ecrã de dimensões consideráveis o confronto entre a Honda CRF 250 Rally e a Royal Enfield Himalayan e revelar alguns segredos e detalhes “behind the scenes”. Mas vamos fazer mais. Muito mais. 

Não desejando para já revelar todo programa da noite, é sempre de recordar que tertúlia – pois a cada diferente edição, temos o prazer de receber novos tertulianos - é na sua essência uma reunião de amigos, familiares ou simplesmente frequentadores de um local, que se juntam de forma mais ou menos regular, para discutir vários temas e assuntos. Nas Tertúlias do Escape pretende-se discutir motas, motociclismo e viagens. À maneira antiga. Longe dos teclados, cara a cara e com uma cafezada por companhia. 

É o que faremos uma vez mais! Na próxima quarta-feira dia 4 de Setembro, a partir das 21h00 no Espaço Rod’aventura, Avenida da Quinta Grande nº10-A, 2610-159 Alfragide. 

Apareçam! Porque entre as surpresas – e são varias – que vos vamos oferecer, iremos exibir uma Curta absolutamente inédita em Portugal. Quase diria ser uma absoluta estreia mundial. Uma Curta surpreendente.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Escape (com) Vida - ir para fora cá dentro com João Krull (II)

Após o primeiro e segundo dia de viagem que podem ser recordados aqui (link)...

Dia 3 (Aguieira – Gouveia) 102 km 


As manhãs nestes dois dias abriam encobertas, mas rapidamente o sol começava a aparecer. Evitando a IP3 e a N17, fomos por estradas municipais até vila Cova de Alva apanhar a N342 que nos levou até á lindíssima vila de Avô, com uma fantástica e bonita praia fluvial. 

Seguindo pelas N342, N230 (passando pela Ponte das Três Entradas), N338 e N231 (estradas de curvas e contracurvas) fomos dar a Seia, onde (num pequeno desvio de cerca de três quilómetros) fomos almoçar ao tão já conhecido e fantástico Restaurante “Museu do Pão”. 

Atestados de comida e a pouco mais de 20 km do Hotel, lá nos pusemos à estrada pela M522 até Vinhó, concelho de Gouveia, onde fica localizado a Quinta Madre de Água. Esta Quinta no sopé da Serra da Estrela conta com um Hotel Rural, um restaurante, uma coudelaria, sendo ainda produtora de vinhos, queijos e compotas - tudo de excelente qualidade com a marca Madre de Água. A simpatia, os quartos, a piscina e a comida (jantar e pequeno almoço) são de uma excelência única. Um contacto com a natureza no seu estado puro e com a vontade de lá voltar. 

Foi um dia com muitas curvas, estas estradas serranas não nos cansam pelo prazer de conduzir, de apreciar as paisagens e de sabermos que tudo isto é nosso, aqui dentro, aqui tão perto. 

Dia 4 (Gouveia – Alcongosta) 90 km 


A manhã, depois de um reconfortante pequeno-almoço na quinta Madre de Água, começou com um passeio pela quinta apreciando as vinhas, os pomares, os cavalos e os cães serra da estrela, entre outros. De seguida partíamos para a tradicional travessia da sempre bela Serra da Estrela rumo a outra serra, a da Gardunha. 

Pelo caminho na N232, CM1125 e N339 as imensas fotos, da cabeça do velho, da Lagoa comprida, da torre, do santuário e das centenas de curvas que fazem as delícias dos imensos motards que as percorrem. Na descida, já na entrada para a Covilhã, fizemos uma paragem num parque florestal para comer uma fruta, bolachas, um ovo cozido (este sempre aproveitado dos pequenos almoços) e beber água, pois tencionávamos fazer um bom lanche no destino. Percorrendo a N18 desde a Covilhã, saímos para Alcongosta para começar a subir a Serra da Gardunha até ao nosso destino o Natura Glamping. 

O local é fantástico muito sossegado, com uma vista para a Serra da Estrela e para as cidades da Covilhã e Fundão; de cortar a respiração. No final da tarde, subi um pouco mais, por uma estrada de terra batida até a uma torre de vigia para ver o pôr-do-sol. Ali a vista de 360º é até onde a vista pode alcançar, uma maravilha. O Natura Glamping tem 6 “Domos” (2 deles com opção de jacuzzi no exterior) bastante acolhedores, com duas camas de casal e todo o conforto necessário. O seu isolamento de sons e temperaturas é excelente. A piscina de uma beleza fantástica tem água vinda da nascente. O restaurante é muito bom e agradável, lanchámos umas boas tostas e um belo sumo de Cereja (típico da região) com maça. 

Dia 5 (Alcongosta – Arraiolos) 225 Km 



Este dia esperava-se longo e queríamos ter saído mais cedo para evitar as altas temperaturas que se avizinhavam, mas a pressa nunca esteve presente e saímos um pouco antes das 10h. 

Começámos por descer pela M1068 para apanhar a N238 e logo de seguida a pouco conhecida e fantástica N352 que termina um pouco depois de Alcains. Mas decidimos, antes de chegar a S Vicente da Beira, virar para a não menos surpreendente M525 (onde não se vê viva alma), onde parámos em Almaceda para um café e apreciar a sua pequena praia Fluvial. 

Continuando a descer, passamos por Sarzedas a caminho de Vila Velha de Rodão pela M546. A partir dai a N18 e a M526 levaram-nos até Nisa. Uma vez que por aqui não existe nenhuma referência para comer, fizemos um desvio de 11 km até Alpalhão, para nos regalarmos com um excelente almoço no Restaurante “A Regata”. 

De barriga cheia lá nos fizemos de novo à estrada e…, claro, a alta temperatura bateu nos 37º. Andávamos pela N369 e N370, quando decidimos fazer uma paragem em Avis, na mais conhecida Albufeira do Maranhão para ir a banhos no parque de campismo. Duas horas aqui…, e a 40 km de Arraiolos a N370 levou-nos até lá. 

Pernoitámos no centro de Arraiolos, na Casa do Plátano, uma bem recuperada típica casa alentejana, com uma pequena piscina que nestes dias é uma bênção. Não foi preciso andar nem procurar onde comer, pois mesmo em frente (do outro lado do jardim) e aberto há pouco mais de um ano, existe um maravilhoso Restaurante de nome “Republica dos Petiscos”. Pois bem, lá vieram eles (uns cogumelos salteados, um queijo de cabra derretido com orégãos, uns ovos rotos (que delicia) com cebola caramelizada e por fim um pica pau de porco preto). A acompanhar o excelente vinho da região da famosa adega Monte da Comenda Grande, delicioso. E assim lá se foi todo o ginásio ou dieta que se possa ter feito. Foi simplesmente brutal este jantar - com a vontade de ir lá hoje de novo.

(continua...)

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A estrada, a moto e o telefone esperto – Estrada Nacional 114


Quanto tempo tens para percorrer uma estrada? Depende, desde logo, do seu tamanho obviamente. E se a estrada tiver aproximadamente duzentos quilómetros? Duzentos serão muitos ou poucos quilómetros? Duas, três, quatro…, serão horas suficientes? E uma semana para percorrer tais duzentos quilómetros, seria demais?

Bem podemos olhar para os mapas. Sejam eles reais ou virtuais. Apenas quando nos fazemos à estrada encontramos a absoluta noção da realidade. Esta Estrada Nacional 114 (N114) - que poucos sabem onde acaba e nenhuns onde nasce - podia ser coisa para dias, semanas talvez, tal a riqueza histórica, social e cultural que abraça.

A N114 nasce em pleno oceano atlântico, entre Peniche e o pequeno Arquipélago das Berlengas, no Cabo Carvoeiro. Presume-se (presunção ilidível) que o nome Peniche provém do latim vulgar pinniscula (península), o que em principio significa que o termo se refere a um lugar e não a um povoado; povoado este que teve origem durante a conquista romana da Península Ibérica. Esta tese aparece aliás sustentada nos mais recentes achados arqueológicos em Peniche e nas Berlengas que parecem confirmar esta hipótese. 

A estrada avança terra adentro e ainda mal esquecemos o paladar da maresia quando temos o primeiro encontro com sabor da história. Ao cruzar a Nacional 8 (link) a nossa 114 encontra Óbidos e mais adiante não passa longe das Caldas da Rainha, duas paragens obrigatórias porque a história e o conhecimento assim o designam.

A partir de Gaeiras e da muito perigosa interceção com a Nacional 115 – a próxima a figurar aqui neste vosso ESCAPE – a estrada deixa para trás em definitivo o odor a mar e a fresca brisa do atlântico norte passando o seu traçado a acompanhar o relevo natural do terreno – um aspeto clássico das Nacionais nascidas do Plano Rodoviário de 1945 (link). 

À medida que mergulhamos no interior a beleza muda de tom (pomares e vinhas pontuam a paisagem) mas o abandono, em especial dos campos agrícolas, faz nos lamentar que mesmo não muito longe do litoral as assimetrias notam-se. Ainda antes de chegar a Santarém, Rio Maior salta-nos ao caminho, sendo tempo de saudar a minha “Estrada Mãe” – Nacional 1 (link).

Santarém - onde cruzamos a Nacional 3 (link) - desilude um pouco mais a cada visita. Absorvida cada vez mais por doses massivas de betão e asfalto saúda o viajante da N114 com uma surpresa totalmente dispensável: a primeira estrada cortada desta minha saga. 

É absolutamente inconcebível que a imbecil classe política que nos administra, ao mesmo tempo que destrói com mais cimento a anteriormente bela e até romântica Scalabis não consiga há cinco anos, eu repito, cinco anos, resolver a pequena derrocada de Agosto de 2014 na encosta de Santa Margarida que corta a cidade da icónica ponte D. Luís (link). Não tenho palavras.

Atravessado o rio que dá nome à região estamos no coração do Ribatejo. A planície toma conta da paisagem e surgem as longas retas da nossa Nacional 114, que tanto prazer nos está a dar percorrer. Ainda antes de Coruche a estrada entra em modo “profunda crise de identidade” e julga chamar-se IC10 – nome horripilante para uma estrada que mais parece apelido de um qualquer droide de um filme de ficção científica. 

Quando chegamos a Montemor-o-Novo já sentimos bem na pele a canícula da secura alentejana. Saudamos as Nacionais 2 (link) e 4 (link) e partimos, enfim, para Évora destino final da Estrada Nacional 114, uma das mais arrebatadoras e desconhecidas deste nosso Portugal.

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Quem, o quê, onde, como, quando e porquê – não necessariamente por esta ordem… 



A Estrada Nacional 114, não é mas podia muito bem ser conhecida qualquer coisa como a “A Última Circular Norte e Este da Grande Região de Lisboa”. Tem o seu início no Cabo Carvoeiro, cabo que se situa no extremo da Península de Peniche, sobre o Oceano Atlântico, no concelho de Peniche, Distrito de Leiria e terminus na denominada Porta do Raimundo, cerca medieval de Évora, também referida como cerca nova de Évora ou muralhas fernandinas de Évora. Foi por este ESCAPE percorrida no final de Junho de 2019 aos comandos de uma Royal Enfield Interceptor 650 que gastou uns “ridículos” quatro litros de líquido inflamável do bom nos seus cerca de 200 quilómetros. A N114 não é uma estrada qualquer e é credora do nosso respeito. Apesar de abandonada, retalhada ou maltratada, desempenha ainda hoje papel fundamental no desenvolvimento socioeconómico das populações que serve. Da frescura do atlântico à nobreza do Alentejo corre grande parte da história de Portugal. Localizando-se num país anglo-saxónico seria “vendida” como roteiro turístico de absoluta Classe Mundial.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Escape (com) Vida - ir para fora cá dentro com João Krull (I)


Confesso! Dos pequenos projectos dentro da realidade do blogue este foi aquele que levou mais tempo a dar ao kick start. Confesso ainda que o João não foi a minha primeira escolha. Mas foi o primeiro a abraçar sem pestanejar o desafio. Obrigado João! 

João Krull é um Motociclista, assim, com letra grande. À utilização diária da moto junta a paixão pelo mototurismo e o desafio do fora de estrada. Um verdadeiro biker que em tempos colaborou pontualmente no domínio das viagens com a saudosa MOTOCICLISMO. O ESCAPE não podia estar mas satisfeito por ser o João a inaugurar esta nova rubrica com a sua recente viagem por este nosso Portugal. Dela resultou um conjunto de textos apaixonados que relatam uma semana de férias motociclísicas por estradas e estradinhas pouco “navegadas” e que nos trazem muito do melhor que o nosso país tem para oferecer. 

Hoje e nas próximas duas semanas, sempre à terça-feira, fiquem com “ir para fora cá dentro com João Krull”. E sintam-se a viajar… 

Dia 1 (Carnaxide – Charruada) 170 km 


Uma vez que a nossa viagem à Sardenha ficou adiada para o próximo ano, resolvemos assim ir para fora cá dentro. Tínhamos uma semana e resolvi elaborar uma viagem diferente. Comecei por escolher os hotéis e a partir daí delinear o trajecto. Os requisitos da viagem visavam evitar a passagem por grandes cidades, fazer somente estradas nacionais, municipais ou secundárias (poupando gasolina e portagens), podendo assim gastar mais no conforto de Hotéis de melhor qualidade. 

Os percursos diários seriam feitos pela manhã, sem pressas para sair, sem pressas para chegar, usufruir das paisagens e as tardes nas piscinas dos hotéis (requisito obrigatório). 

No primeiro dia saímos pelas 10h de casa, atravessámos a grande Lisboa rumo a Charruada, um lugar da freguesia de Assentiz, concelho de Torres Novas. Tínhamos 170 quilómetros para fazer e pelo caminho passámos pela vila de Meca (desconhecendo eu que havia uma Meca em Portugal) entre muitas outras vilas, com destino a Santarém onde almoçámos no Tascá, uma simpática tasca com excelente comida, bem no centro desta cidade. Continuando pelas pitorescas estradas chegámos a Charruada onde pernoitámos na Quintinha da Eira, uma bela quinta com bonitos recantos, quartos óptimos em ambiente familiar, uma tranquilidade muito reconfortante e recebidos por quem tão bem sabe receber. O preço da noite foi de 85€ com um excelente pequeno-almoço, talvez o melhor. 

Uma vez que não servem jantares, aconselharam ir a Vilar dos Prazeres, sete quilómetros de boas curvas pela N349, para jantar no Restaurante “O Álvaro”. Este primeiro dia de viagem permitiu revelar estradas desconhecidas, sendo que tal descoberta veio a ser uma constante durante toda a semana. 

Dia 2 (Charruada – Aguieira) 140 km 

Ao sair da Quintinha da Eira fomos visitar a um quilómetro o que dizem ser a maior concentração de Moinhos da Europa, são nove moinhos (não nas suas melhores condições ou estado de conservação) num espaço de cem metros. Depois disso iniciámos a nossa viagem de cerca de 140 km rumo à Aguieira. 


A apenas quinze quilómetros de Charruada, encontrámos a recente e bela praia Fluvial do Agroal, situada na estrada CM1088, freguesia de Formigais e Concelho de Ourém. Localizada na maior nascente do Rio Nabão é conhecida pelas suas características terapêuticas e água muito fria. 

Seguimos por estradas municipais até Miranda do Corvo e depois até Portela do Mondego para a apanhar a N110 até Penacova, onde almoçámos no Restaurante “Côta D' azenha” mesmo junto à ponte - barato e muito bom. 

Sem pisar a IP3 lá seguimos junto ao Mondego pelas mais pitorescas estradas com belas paisagens, passando pela Barragem do Coiço e por fim chegada à Barragem da Aguieira também conhecida por Barragem da Foz do Dão, localizada no Rio Mondego, município de Penacova (distrito de Coimbra, margem esquerda) e de Mortágua (distrito de Viseu, margem direita), nas freguesias de Travanca do Mondego e Almaça, respectivamente. 


Ali fica o conhecido Hotel Lake Resort & Spa Montebelo Aguieira onde pernoitámos. Um complexo enorme com apartamentos e garagens privadas num ambiente de luxo onde existem inclusive apartamentos com piscinas privadas. O ambiente é de pouco sossego, tanto na área da piscina, como no restaurante, devido à época balnear. O restaurante ao jantar só serve em regime buffet e achei caríssimo para a oferta dada. Ao almoço tem a opção de bar onde servem comida rápida (pizzas, hambúrgueres, tostas, etc). Acredito que em outra altura do ano, com bom tempo se aproveite mais o espaço, o silêncio e os vários desportos aquáticos existentes junto à marina ali ao lado. O apartamento é sossegado (felizmente) e com uma área assinalável, mas o que gostei mesmo foi da box privada para a “mãe”.

(continua...)

domingo, 11 de agosto de 2019

Moto Guzzi V85 TT à prova

“Então?!? Estas aqui ao lado do santuário Guzzi e não vais visitar o museu?”, questionava-me o Hadrian com a sua “subtileza” germânica. Antes que pudesse esboçar resposta o Joseph assegurou: “é imperdível, Pedro!”. O bom das viagens é (também) isto: as memórias que perduram até que um dia a nossa massa cinzenta as deixe desvanecer. 

Aquele pedaço de vida completou há dias quatro anos. Passou-se em Abaddia Lariana, uma pequena mas encantadora povoação que mergulha os seus pés nas águas do arrebatador Lago Como na Lombardia italiana. Já não eram horas decentes para jantar. E fazia muito calor. À minha Diavola bem carregada de olio piccante al peperoncino, acompanhada pelo mezzo litro de jovem tinto local, tinha acabado de se juntar o Hadrian e o Joseph, velhos lobos da estrada da europa central, que assim me “recordavam” que estava paredes meias com a antiga e icónica maternidade de uma das mais lendárias marcas de motos europeias e mundiais: a Moto Guzzi. 

Durante a prova à Moto Guzzi V85 TT relembrei amiúde este episódio passado neste dia (link) da viagem alpina de 2015 – que pode ser toda recordada aqui (link) – e a consequente visita ao Museu Moto Guzzi, situado em Mandello del Lario. É impossível compreender o presente sem conhecer o passado. Logo…, é impossível compreender esta V85 TT sem conhecer, ainda que sucintamente, a historia da marca e mesmo do motociclismo. 

CLÁSSICA MODERNA 
Sejamos claros. Depois de conhecer a sua ficha técnica e após fitar a Guzzi nos olhos, este ESCAPE julga que estamos perante uma feliz interpretação de um novo conceito tão em voga. Se o olhar da Guzzi nos diz que estamos perante um raro objecto que evoca as gigantes trails dos gloriosos anos 80, os argumentos são claramente dos dias de hoje. Não vale a pena inventar novos segmentos só porque sim ou porque eventualmente parecemos mais inteligentes. A V85 TT é uma clássica moderna. Ponto. 

O guiador largo aliado a uma posição de condução eficaz que faz uma síntese curiosa entre o “sentado” e o “montado”, induz de imediato no primeiro contacto citadino, facilidade de utilização e prazer. Desenvolta e muito equilibrada na lide citadina, a Guzzi V85 TT pede estrada, com a sua jante 19’’ a enamorar em permanência o asfalto. Lá, em estrada, o novo motor “em fisga” da histórica marca italiana é suave e eficaz - um pouco mais de alma a baixas rotações seria desejável – e adiciona vida a todo uma ciclística que incute “boa vibração” – os entendidos vão entender :) e a piada está feita, mas deixem-me esclarecer que a suave vibração que sentimos parados ou a baixas velocidades é tão só a charmosa assinatura da classe de quem nasceu nas margens do lago Como… 

ESTILOSA E SEM MEDO DO PÓ 
Na Moto Guzzi V85 TT não há muito a lamentar. Objectivamente, a proteção aerodinâmica podia ser mais eficaz, na verdade. Subjetivamente, não me apaixonei pela “digitalidade TFT” dos instrumentos. O que tenho mesmo pena é de não ter levado a V85 TT para o Tuto Terreno que lhe dá nome. Os Metezeler Tourance Next – excelentes no asfalto (já os tive na minha CRF) - não me passam confiança fora dele. Assim, as incursões em estradão foram suaves mas assinalaram aquele equilíbrio e leveza que a maioria dos tímidos aventureiros – como eu – gosta. 

Esta estilosa Cinza Atacama (sim, a Amarelo Sahara e a Vermelho Kalahari são bem mais “luminosas”) revelou um simpático consumo de menos de cinco litros do raro líquido inflamável por cem quilómetros de condução descontraída mas encantadora, solicitando a marca 11.874€ pelos 853cc, 80 CV e 229 Kg deste conjunto pleno de personalidade.
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