segunda-feira, 28 de outubro de 2024

CFMOTO 450MT à prova

Fontes diversas sugerem que o denominado “Ovo de Colombo” é uma famosa metáfora, proverbio, do folclore italiano contada em todo o mundo, referindo-se a soluções muito difíceis de se alcançar e que quando reveladas mostram-se, incrível e paradoxalmente, óbvias e simples. Alguns dizem que Cristóvão Colombo, algures num banquete organizado pelo Cardeal Mendoza comemorativo da descoberta da América, foi questionado se acreditava que outra pessoa teria sido capaz de fazer a mesma epopeia que ele. 


Explicando e exemplificando, Colombo desafiou os presentes a colocar um ovo de galinha fresco de pé sobre uma das suas extremidades. Quase todos aqueles que estavam presentes aceitaram o desafio. Todavia, o tempo passava sem que ninguém resolve-se o enigma. Assim, Colombo terá decidido revelar a solução: bateu com o ovo contra a mesa ao de leve, quebrando um pouco a casca de uma das pontas, de maneira que assim ele se achatasse e pudesse ficar finalmente de pé. 

Contam ainda que o nobre que havia questionado Colombo exclamou que desta forma qualquer um poderia fazer. Tendo Colombo respondido que de facto qualquer um poderia ter chegado aquele resultado, no entanto teria de se ter lembrado disso mesmo. Ou seja, após Colombo ter mostrado o caminho para o Novo Mundo, qualquer um pode segui-lo, mas antes foi necessário que alguém tivesse a ideia, e, acima de tudo teve de colocá-la em prática. 


Em suma, o “Ovo de Colombo” é uma ideia ou solução aparentemente complexa ou difícil, que no entanto se revela simples e óbvia quando alguém a apresenta. 

A CFMOTO 450MT é claramente o “Ovo de Colombo” do motociclismo atual. Quase todos a quiserem fazer e todos a desejaram. A CFMOTO encontrou o caminho, fez o caminho e anunciou-o. Agora parece simples e obvio. A todos. Todavia foi a CFMOTO que encontrou a engenhosa solução. E agora? O mercado aplaude. E o senhor mercado tem sempre razão, meus queridos amigos. 

Ainda tão jovem no mercado português e a CFMOTO já reclama vitoriais históricas. Foi a mais vendida entre os motociclos acima de 125cc em junho e julho, os dois primeiros meses de comercialização em Portugal. No entanto..., esperem por favor. Pois “aqui” é ponto de partida e não ponto de chegada. Isto é só inicio. 

UMA NOVA MANEIRA DE VIVER A AVENTURA? 
Confesso a minha dificuldade em escrever sobre esta moto e confesso mais: este texto esteve para não ser escrito. Vários motivos. Já toda a gente escreveu sobre esta moto. No entanto…, a verdade é que lemos um e outro texto e parecem (quase) todos iguais. Como será que conseguem? Vou tentar ser o mais objetivo possível. Fazer perguntas será sempre uma boa tática. 


Afinal de que moto falamos quando falamos de CFMOTO 450MT? Trail? Rally? Enduro? Urbana? Turística? Tudo isto? Nada disto? O primeiro olhar é excelente. A moto impacta os sentidos e faz lembrar uma pequena Rally Replica. Este primeiro olhar é determinante para o sucesso. A seguir toque: a moto faz por ser leve. Esqueçam a ditadura dos números. Esta moto sente-se leve. Move-se fácil. Quase como uma pena. Este segundo input é também ele determinante. 

Ainda no local de levantamento desta unidade, apercebemo-nos que as suspensões estariam totalmente desreguladas - forquilha invertida KYB totalmente ajustável na dianteira e monoamortecedor também KYB com ajuste de extensão e pré-carga da mola na traseira. Já vos escrevi sobre este tema na Prova anterior. É incompreensível, sublinho. Foi então colocado o acerto de fabrica. Os primeiros metros nem foram totalmente agradáveis. Todavia a identificação com a posição de condução é obvia. Para jovens altos e espaduados como eu - metro e oitenta - chegar com os pés ao chão é mais fácil do que beber um copo de agua. Há uma jante 21 na dianteira. Tem de haver uma breve adaptação. 


A verdade é que são necessários poucos quilómetros para compreendermos que estamos desde logo aos comandos de uma moto que se assume com maior dose de agilidade na cidade do que uma scooter de baixa cilindrada. Primeira e fácil conclusão: a CFMOTO 450MT parece uma Rally todavia está perfeitamente identificada com a cidade, o que significa que as novas gerações estão automaticamente conquistadas. Quem nunca, em miúdo, sonhou com algo assim? 

PURO DIVERTIMENTO 
O desenho da 450MT é do gabinete europeu Kiska. A travagem vem equipada com pinças de travão J.Juan, com auxilio de ABS de duplo canal Bosch que - tal como o controlo de tração - pode ser desligado todavia somente na roda traseira. O motor é o já conhecido (link) bicilindrico paralelo da CFMoto que já equipa as SR e NK. Para esta moto foi arredondado - 43CV às 8500 rpm face aos 46CV às 10.000 rpm da NK. O binário é agora ligeiramente superior: 42Nm às 6500 rpm, face aos 39,3 Nm às 7750 rpm. Estes elementos concorrem para uma das faces mais interessantes desta moto: a diversão em estrada nacional em modo curva contracurva. O motor é absolutamente glorioso a pedir rotação e a devolver energia. E transforma este num dos terrenos onde a CFMOTO 450MT mais diverte, ao ponto de nos levar a pensar que estamos aos comandos de uma verdadeira Fun Bike. 

Todavia nem tudo é risonho. A caixa de velocidades desta unidade revelou uma natureza absolutamente esquizofrénica. Tão depressa se apresentou suave e acessível como se mostrava rija, seca, aborrecida e difícil de negociar. Sublinho, pode ser aspeto desta unidade e dos maus tratos sofridos noutras “unhas” mais rudes. O que também lamentamos é o, digamos, excesso de rotação do motor que de certa forma limita a velocidade media em auto estrada. E este aspeto é mesmo uma nota menos positiva pois a moto apresenta um conforto elevado em modo “ligação” podendo mesmo ser encarada com uma leve turística. Alguns dizem que é necessário alterar a relação da transmissão final. Sendo assim, este aspeto é desde logo um aspeto menos positivo e que deve ser revisto pela fabrica. 

A verdade é que já tínhamos uma urbana com aspeto Rally e agora ganhamos uma Fun Bike atrevida o suficiente para poder viajar. Confesso-vos ainda que fiz muito menos fora de estrada do que devia com esta moto. Ainda assim a ideia com que fiquei foi que a facilidade de utilização que encontrei nas diferentes tipologias de asfalto com que me cruzei, encontrei também no off-road. Será então a CFMOTO 450MT também uma enduro? Honestamente, aqui ficaram duvidas. Ainda assim podemos afirmar com segurança que o fora de estrada nesta CF não se limita ao habitual estradão. Esta é uma moto fácil de usar e divertida num fora de estrada turístico mais atrevido e desafiante 

SERÁ ESTA A MOTO IDEAL PARA TI? 
De há algum tempo a esta parte passamos a ter o atrevimento de quantificar –ainda que de forma sucinta e divertida – as motos que provamos. É simbólico. Todavia determinante. Ninguém o faz para além de nós. Eles têm medo de se expor, na verdade. E o medo é um catalisador incrível. Aqui no ESCAPE temos respeito. E confesso o grande dilema desta prova: seria a CFMOTO 450MT a primeira a recolher 9 (nove) rateres - a classificação que reservei para as referencias (dez rateres apenas serão oferecidos a obras primas e duvido que algum dia tenha a oportunidade de conduzir uma). 


Na verdade, a CFMOTO 450MT é de certa forma credora de nota 9 por dois motivos. Objetivamente é de facto o ovo de colombo, ou seja, solução obvia e simples para um problema complexo, uma moto que de certa forma faz tudo, ou pelo menos faz muita, muita coisa e faz bem. Objetivamente, repito, veio disrupcionar – esta palavra em bom rigor não existe – o mercado. Ou seja, veio dinamitar o status quo, o que estava instituído. 

Sucede que como também ficou escrito, temos de olhar para esta CFMOTO 450MT como ponto de partida e não como trabalho acabado. E há que dizer isto de forma assertiva ainda que possamos simpatizar muito com marca e modelo. Numa palavra há aspetos a melhorar nesta moto. 


Sólida e plena de elementos de qualidade, a CFMOTO 450MT solicitou quatro litros daquele oiro liquido inflamável que tanto precisamos por cada cem quilómetros de puro divertimento. O preço é outro dos pontos fortíssimos desta moto, reclamando a marca uma transferência bancaria de apenas 5.990€ por uma moto que pode claramente viajar por esse mundo fora. 

Raterómetro ******** (8/10)

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

12 coisas que mudam na Honda NT1100 em 2025

A NT foi introduzida pela Honda no mercado em 2022. E foi anunciada pela marca nipónica como o nascer de uma nova era do Touring. Pelos motociclistas foi recebida com algum cepticismo. Eu inclui-me nos cépticos e escrevi quando conheci a moto (link): ”não estou convencido que esta nova NT 1100 seja a tal referência Touring que a marca proclama”. E também escrevi: “pelo sim pelo não encomendei uma NT 1100 DCT à Honda Portugal cá para casa…, não vá eu estar profundamente enganado e a marca ter mesmo razão quando afirma “só tem de pensar numa coisa. Para onde, e até onde, quer ir?”. 


Muito mais do que a minha experiência feliz com a NT DCT importa destacar o seguinte. A Honda NT ainda não fez três anos de comercialização. Todavia é hoje a moto de turismo mais vendida da Europa. Será então possível melhorar o que já é bom? Claro que sim. Estes são os doze aspetos fundamentais que mudam no modelo 2025. 

Motor. Alterações de detalhe introduzidas no motor de dois cilindros paralelos de 1084 cm³ - revisões na admissão, combustão e escape - oferecem mais 7% de binário a baixa e média rotação, mantendo a potência máxima. Na prática teremos certamente um motor ainda mais redondo e fácil em baixos e médios regimes. Segundo a marca a eficiência do motor oferece agora uma autonomia de 400 km do depósito de combustível de 20 litros. 


IMU. A utilização e funcionamento das ajudas eletrónicas ao condutor foi um aspecto muito melhorado na NT para 2025 que agora conta com a inclusão da famosa unidade IMU de seis vias. Tal oferece um controlo mais preciso ao sistema HSTC de tração variável de três níveis, ao controlo anti levantamento da roda dianteira também com três níveis, e também do importante ABS com função de auxílio em curva bem como do controlo de anti elevação da roda traseira. Os modos de condução também estão sujeitos à influência da unidade IMU e há aqui três predefinições: "Urban", "Rain" e "Tour". O modo "User" permite personalizar individualmente todos os parâmetros. 


Suspensões. Como opção existe agora a nova suspensão eletrónica Showa (Showa-EERA™) que promete melhorar ainda mais a experiência de condução. Disponível em conjunto com a versão NT1100 DCT, a suspensão Showa-EERA™ permite optimizar em tempo real o amortecimento em todas as condições de condução, para além de deixar afinar a pré-carga da mola traseira em movimento. 

DCT. A melhoria do conforto passa também pela revisão à comprovada Transmissão Honda de Dupla Embraiagem (DCT) de seis velocidades; esta transmissão foi redesenhada para melhorar as sensações a baixa velocidade e está agora ligada à IMU para fazer as mudanças de forma intuitiva em estradas de montanha. 

Iluminação. Para 2025, o estilo da NT1100 foi actualizado e melhorado, com uma silhueta mais afilada e desempenho aerodinâmico mais eficiente, em torno de uma posição de condução que continua a ser adaptada ao turismo. As mudanças na estética são lideradas por faróis duplos que já incluem novas luzes DRL exclusivas e piscas integrados para uma assinatura de iluminação extremamente sofisticada – e com visibilidade melhorada no sentido de aumentar a segurança. 

Aerodinâmica. Os deflectores aerodinâmicos em cima e em baixo, com novos perfis, trabalham em conjunto para melhor protecção contra os elementos; o guarda-lamas dianteiro revisto e mais comprido contribui também para o mesmo objectivo. 

Para-brisas. O para-brisas é ajustável e pode agora ser operado com uma só mão pelo condutor, estando este sentado. 


Desenho. Carenagens redesenhadas e reformuladas e silhueta melhorada para o modelo de 2025. 

Conforto. O banco redesenhado e de maiores dimensões oferece ainda maior conforto e apoio para longas tiradas. 

Malas laterais. As malas laterais de instalação normal também foram redesenhadas e têm maior volume, cabendo agora um capacete integral em cada uma delas. 


Cores. Cinzento Metalizado Mate Ash Warm; Preto Metalizado Gunmetal; Azul Pérola Hawkseye. 

Preço. A Honda NT 1100 DCT com suspensão eletrónica Showa (Showa-EERA™) deve situar-se na casa dos 17.000€. Sem extras. 

Duas questões se impõem. Quem tem o modelo actual deve mudar? A Honda NT 1100 DCT 2025 dá o salto tecnológico que se impunha. O que a marca anuncia não surpreende. O preço confirmar-se é bastante equilibrado. A moto já é excelente apesar de espartana. Agora fica mais contemporânea, mais tecnológica e mais segura. O modelo já conta com uma legião de fãs absolutamente surpreendente. Cada qual saberá da sua bolsa. Certo é que a relação preço qualidade sai ainda mais reforçada com estas actualizações fazendo desta uma brutal candidata a “best buy 2025”


E tu Pedro, vai trocar? Honestamente, não sei. Estou feliz com a minha “Orca”. Todavia há aqui o salto tecnológico que se pedia. A moto está certamente muito melhor. Reforço que compro motos a quem as quer vender. Veremos se a MOTODIANA me quer vender uma Honda NT 1100 DCT Showa-EERA 2025.
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