segunda-feira, 27 de abril de 2020

Escape (com) Vida (IV) - Fantic Caballero Scrambler 500 à prova com Rad Raven

Tito da Costa aka Rad Raven já não é novidade para os leitores deste ESCAPE. Ainda em Setembro passado enchemos mais uma vez o Espaço Rod’aventura (link) numa Tertúlia excelente. Impossível imaginar naquele momento como seria difícil repetir noites assim tão cedo. As coisas são o que são mas a vida avança. Entretanto o Tito encontrou uma nova paixão. E queremos partilha-la com todos os que seguem o ESCAPE. A Fantic Caballero é uma moto especial e pouco conhecida. E este excelente texto do Rad Raven mostra que para além de cineasta, o camarada também é bom nas letras do argumento (as imagens são do proprio e de Tito da Costa Jr.). Afinal, isto é Cultura Motociclistica. Saboreiem… 

Foi aqui que vim parar, depois de uma busca incessante por uma mota que preencha os meus desejos...


O maior problema que os amantes de aventura defrontam hoje em dia, é o peso excessivo das motas que os principais construtores nos teimam em impingir como “motas de aventura”. 

No ano passado [2019], durante o EICMA, não podia ter ficado mais decepcionado com o lançamento da [KTM] 390 Adventure, a mota que eu estava super ansioso (entusiasmado) para conhecer! Acabei por me sentir verdadeiramente traído quando levantaram o véu a uma mota com jantes, em vez de rodas de raios, e uns míseros 170mm de curso numa suspensão inadequada para uso fora de estrada…, e têm a lata de lhe chamar Adventure… - já estou como um tester indiano que dizia que se lhe tivessem chamado 390 GT, tudo seria menos confuso. A punhalada final foi saber que a KTM nos iria negar o acesso a uma versão R, quando esta poderia exactamente ser a mota que tantos de nós andamos a pedir há anos! 

A Honda também continua a limitar-nos com a motorização das CRF 250 L e Rally, negando o acesso ao 300cc que equipam as CBR 300. E quando ficamos a saber que a única diferença entre esses motores são apenas a cambota, biela, piston, contra peso (nem sequer a cabeça de cilindro é diferente), e que a CBR 250R já saiu de produção, temos que nos questionar sobre o porquê da decisão de manterem uma motorização inferior, visto que o custo de lhes meter o 300cc seria exatamente o mesmo! 

E acreditem que faz uma diferença gigante, na “usabilidade” da mota! Pior ainda é quando sabemos que o motor da CB 500X pesa apenas mais 9kg que o 250…, mas é melhor nem pensar muito nisso…
  

A Fantic Caballero 500 Rally, é tudo o que a 390 Adventure deveria ter sido - e tudo o que as quarto de litro não conseguem ser - 450cc, 40cv, 43nm, suspensões ajustáveis de 43mm, com 200mm de curso, 150kg de peso!!! Isto são as “specs” dos nossos sonhos! Uma mota que promete ser igualmente divertida e funcional tanto na estrada como fora dela! 

Eu confesso que levei algum tempo para me “adaptar” à ideia de ter uma Scrambler. São motas que têm tendência a seguir o “form over function”, uma coisa que não combina nada com a minha visão, do que uma mota deve ser…, mas num vídeo (que já partilhei no meu grupo na rede social Facebook) o pessoal da Revzilla, denominou esta nova vaga de Scramblers, com grandes aptidões para o fora de estrada, como Naked Adventure Bikes. E a partir daí fez-se luz; comecei a abrir a mente para esta possibilidade. 

Ironicamente, comecei a observar a Fantic Caballero enquanto esperava o lançamento da KTM 390 Adventure, pois o stand estava mesmo ao lado. Mas com o choque das tristes notícias, acabei por não lhe prestar a atenção devida. Na realidade a Caballero, não voltou mais a sair da minha cabeça... 

Como alguns de vocês sabem, tenho estado lesionado e escolhi a Caballero como a mota que vou usar para voltar às lides. Uma mota mais maneirinha pareceu-me o ideal para lentamente voltar a fazer-me ao piso. Por isso, durante os próximos meses, vou andar a testá-la e claro que vos vou dando o meu feedback

Para terminar, não queria deixar de dar uma explicação àqueles que tanto me têm “empurrado” para a AJP. A PR7 está no topo da minha lista de preferências. E nada me agradaria mais, do que ajudar a impulsionar uma marca portuguesa! Mas sendo este um ano de recuperação, não vou estar à altura de a testar como deve de ser, pois acabei por ter que cancelar quase todos os meus planos para off road, de 2020. Assim, o momento não seria o mais oportuno. 

No entanto, eu já tive contacto com a marca, fazendo-lhes uma proposta, pois acho que a AJP tem grandes carências em termos de marketing e penso que o meu trabalho poderia ser uma forte mais-valia; infelizmente, a proposta não foi recebida com bons olhos. E nem a um pedido de uma mota, para fazer um teste mais alargado eu tenho sido correspondido… 

Quanto à Fantic; é uma mota comprada com o meu próprio dinheiro, na Zurmotos e fornecida pelo importador Ton-Up Garage. Como tal podem ficar descansados que todo o meu feedback será 100% genuíno! Agora resta ver, como me vou dar com esta linda menina… ; )~

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Limalhas de História #81 – 19 de Abril de 1992

Quem nunca? Quem nunca falsificou algo – na vigência da inconsciência na adolescência - para andar de moto? Impossível não simpatizar com Àlex Crivillé e a sua paixão. Nascido em Barcelona, Espanha, 1970, conta-se que a Lenda Viva catalã terá falsificando a sua idade para apenas com catorze anos – a idade legal seriam os quinze anos – adquirir a sua licença desportiva. Nesse mesmo ano estreou-se com uma vitória no Criterium Solo Moto 75cc. 


Fez ontem exactamente vinte e oito anos. Shah Alam, velhinha pista na Malásia. Terceira etapa do mundial desse ano, todas corridas “do lado de lá” do nosso planeta, todas até ali vencidas mais ou menos de forma insolente pelo genial Mick Doohan. Kevin Schwantz magoado numa mão nos treinos, falha a corrida. Doohan arranca na pole e conquista a liderança perante Àlex Crivillé e Wayne Rainey. A chuva traz uma bandeira vermelha; e mais dezoito voltas para uma segunda manga em condições intermédias. Doohan regressa na frente, seguido por Juan Garriga que não se adapta. A chuva regressa e encerra a corrida. Doohan arrecada a terceira, em três possíveis, vitórias da época, seguido da Yamaha de Rainey. Àlex Crivillé pilota a Campsa Pons Honda até ao lugar mais baixo do pódio. E comemorava aquele que foi à época o primeiro pódio de um piloto espanhol na categoria rainha do motociclismo. Hoje…, o motociclismo espanhol é aquilo que todos sabemos ser.

domingo, 19 de abril de 2020

Motociclismo em tempo de vírus chinês

O consagrado escritor moçambicano Mia Couto terá proclamado um dia que “há quem tenha medo que o medo acabe”. 

O motociclismo, esse estilo de vida liberal que tanto amamos, foi também ele atacado pelo medo. O medo! Essa antítese do nosso estilo de vida marcado e sublinhado pela descomplicação, economia, hedonismo e até algum charme. 

Tenho andado a dizer em surdina que tudo isso da pandemia em curso de COVID-19, uma doença respiratória aguda causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), não passa de um embuste. E digo-o em surdina pois o grupo de acéfalos acríticos que crê piamente na comunicação social e nalguns patéticos governos deste mundo, funciona como uma manada tresloucada de bisontes: leva tudo à frente! Também eu tenho algum receio. Neste caso do meu semelhante. 

Demora o seu tempo. Mas as consciências vão, lentamente, despertando. E as consciências despertam desde logo quando sentem a festa do vizinho do lado. Então podemos cantar as abriladas no Parlamento mas não podemos caminhar na praia em nome da salubridade física e mental? Rigorosamente ninguém compreenderá isto. É possível enganar alguns durante algum tempo? Sem dúvida. Mas é impossível enganar todos durante todo o tempo. 

A verdade é que a verdade (não é gralha) sobre essa coisa estranha do COVID-19 só se saberá daqui a uns meses, talvez anos. Assim um pouco como foi o 11 de Setembro, lembram-se? Mas também verdade é…, quando isto tudo acalmar, não ficará pedra sobe pedra nalguns aspetos da nossa vida, nomeadamente no económico e financeiro que estão a ser absolutamente arrasados por uma incapaz, inútil, corrupta, incompetente, infantil até, Classe Politica. 

A boa notícia é que o motociclismo vencerá. Como venceu sempre até agora desde que nasceu. O motociclismo desde que nasceu já derrotou duas guerras mundiais, crises financeiras, terrorismos diversos, doenças várias e, sobretudo, o motociclismo já derrotou políticos imbecis. A natureza do motociclismo, como de todos os estilos de vida liberal é vencer. Com todas as letras: o nosso fabuloso destino é o de vencer! 

O ESCAPE cá estará. E espera em breve reforçar a sua oferta. Não em quantidade mas sim em qualidade. Sem medo. Desde logo sem medo que o medo acabe.
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