São mais de duas décadas a ensinar a ler a estrada. Palmela acolhe, desde o virar do milénio, uma das instituições mais singulares do motociclismo português: a Escola de Pilotagem Honda (EPH). Situada no Kartódromo Internacional da Herdade de Algeruz, este espaço é muito mais do que um campo de treino. É uma extensão direta da filosofia que a Honda construiu em Suzuka, no Japão, e que exportou para o Brasil, para a Europa e, felizmente, para Portugal.
O objectivo é simples de enunciar e complexo na sua execução: formar motociclistas para que a condução seja um ato de prazer e liberdade e também de segurança e responsabilidade.
A Escola de Pilotagem Honda nasceu no ano 2000 e depressa se afirmou como referência nacional. Mais de 5 000 motociclistas já passaram pelos seus cursos, desde miúdos que sonham com a primeira 50 cc até profissionais do INEM ou carteiros dos CTT, cuja vida depende da perícia sobre duas rodas.
Este é, pois, um projeto com mais de duas décadas de consistência pedagógica, construído com o mesmo rigor que se aplica à engenharia de uma moto. A inspiração vem da matriz japonesa, onde os cursos de segurança Honda são uma verdadeira instituição. Em Palmela, essa herança foi adaptada ao contexto português, com um detalhe fundamental: a capacidade de se moldar aos motociclistas que chegam, sejam eles principiantes tímidos ou veteranos calejados.
INSTALAÇÕES E RECURSOS
A escola dispõe de um corpo técnico e material competente. As aulas começam em sala, com apoio audiovisual e simuladores desenvolvidos pela própria Honda. A seguir, a teoria transforma-se em prática no circuito do kartódromo: cones, traçados e zonas de travagem.
Nada é deixado ao acaso. O formando não precisa de levar mais do que vontade de aprender. Ainda que seja recomendável realizar a formação feita com a própria moto, a Honda fornece a moto se necessário for, bem como o obrigatório e necessário equipamento de proteção.
A grande diferença da Escola de Pilotagem Honda não está apenas nas motos, nos simuladores ou na pista. Está sobretudo na elasticidade pedagógica. Cada curso é ajustado ao grupo presente, como se fosse feito sob medida. Um instrutor experiente, como Nuno Barradas, não se limita a debitar um guião. Observa, adapta, corrige e ajusta. Para os iniciantes, traduz a ansiedade em confiança. Para os veteranos, desmonta vícios adquiridos e recorda técnicas que, ao longo dos anos, foram esquecidas ou nunca bem compreendidas.
É aqui que o curso transcende a categoria de formação e se torna uma experiência reveladora. Não se trata apenas de saber travar melhor ou curvar com mais segurança — trata-se de aprender a ler a estrada e a antecipar o inesperado.
ESTA ESCOLA É PARA TI?
A Escola de Pilotagem Honda Serve a todos. Ao jovem que se estreia na scooter, ao motociclista de fim de semana que se perde pela serra da Arrábida, ao profissional que passa os dias no trânsito citadino, ao viajante que cruza continentes. A cada um destes perfis, a escola oferece uma resposta.
E a verdade é que até os mais rodados saem dali com um olhar renovado. Pequenas dicas, detalhes técnicos ou correções discretas transformam-se em revelações. Muitas vezes, são aspetos que estavam esquecidos ou nunca tinham sido plenamente assimilados — e é aí que a EPH mostra o seu valor inestimável.
Quem se deliciou com o dia passado no Kartódromo Internacional de Palmela e deu o tempo por muito bem investido foi a Miss Yoshimura. O dia passado na Escola de Pilotagem Honda foi o marco em que deixei de ter apenas uma carta de condução para passar a sentir que sou mesmo motociclista.
Estive semanas a pensar se devia escrever isto. Não porque não fosse importante e talvez porque ainda estivesse a digerir o que mudou em mim naquela manhã no Kartódromo de Palmela. Hoje percebi que não foi só uma manhã. Foi o início de uma nova forma de me relacionar com a minha moto — e até comigo mesma.
Desde o momento em que tirei a carta, sempre senti que faltava qualquer coisa. A carta deu-me a permissão, sim. Mas não me deu a técnica, a confiança, o à-vontade que eu via em tantos outros motociclistas. E eu sabia que não era por falta de paixão. Era por falta de treino. De prática com método. De alguém que me explicasse não só como conduzir, mas como sentir a moto. Naquela manhã em Palmela, senti isso tudo.
Do simulador aos exercícios práticos, houve uma mudança real. Percebi que o travão da frente — aquele que tantas vezes me meteu medo — não era meu inimigo (mas era a boca de um cão). Era uma extensão da minha mão, desde que usada com respeito (para o cão não morder). Comecei também a pensar de forma diferente. A perceber como posicionar o corpo. A antecipar. A corrigir. A ler o espaço. A confiar em mim. E isso... isso foi libertador.
Voltei a conduzir a minha BLU com uma sensação de pertença. Como se agora fôssemos mesmo um par. E a cereja no topo foi quando subi à Royal Enfield classic 350, uns dias depois e percebi: a confiança veio comigo.
Hoje, sei que há uma enorme diferença entre saber conduzir e estar em sintonia com a condução. E o que vivi naquela escola foi o ponto de viragem. Não se tratou só de aprender técnicas. Tratou-se de reaprender quem sou, do que sou capaz, e de sentir — pela primeira vez — que posso crescer no mundo das motos à minha maneira, no meu ritmo, com o meu estilo.
Obrigada a todos os que fazem da Escola de Pilotagem Honda um lugar de aprendizagem e superação. E obrigada, Pedro, por me teres levado até lá — e por me fazeres acreditar que não há idade certa para aprender… há apenas o momento certo. E este foi o meu.
PAIXÃO E RESPONSABILIDADE
A Escola de Pilotagem Honda em Palmela é um ponto de encontro entre tradição e inovação, entre paixão e responsabilidade. Não é apenas uma escola: é um laboratório vivo de segurança rodoviária, onde cada exercício serve para nos lembrar que a liberdade sobre duas rodas é inseparável da técnica e da consciência.
Mais do que um curso, é um investimento no futuro de cada motociclista — e, por extensão, na segurança de todos os que partilham a estrada connosco.
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