Deixo aqui a minha humilde colaboração na realização da REV #34, em banca. O texto que vai aqui publicado surge numa versão “uncut”, não correspondendo exactamente à versão papel.
Há quem diga que uma viagem é sempre composta por três distintos momentos, antes, durante e depois.
Apenas tive oportunidade de conhecer o BMW Motorrad Riding Experience em 2015, no ano passado. Adorei. E passei o resto do ano a salivar com o evento deste ano. Se o consideraremos como uma pequena viagem, em bom rigor, a viagem de 2016 começou logo ali quando ainda no paddock do Estoril peguei na mota e regressei a casa. Começava o antes.
O “antes” de que vos falo, prosseguiu nos dias anteriores ao que eu previa ser a data do Riding Experience 2016. De manhã, à tarde e à noite, consultava as redes socias em busca de um sinal que indicasse luz verde para arrancar para a pista das inscrições on-line. Confesso. Tive sorte. As inscrições esgotaram em pouco mais de uma hora e eu estaria lá. Notem…, falo-vos das inscrições para rodar em pista, uma parte, apenas, do lauto festim que a marca bávara preparou paras os seus clientes e amigo”.
O “antes” atingia, enfim, o seu climax. Momento de partir na verdadeira viagem, o “durante”. Este ano, a marca da hélice, a propósito do seu primeiro centenário, decidiu rever e alargar o evento e integra-lo numa verdadeira festa, que não se resumiu às duas rodas, denominada “The Next 100 Years. Roads Of Tomorrow”.
Sábado, 14 de Maio, era o meu dia e aproveitei para chegar bem cedo para, com calma, me inscrever nas diferentes actividades. Confesso, devo ter sido o primeiro a chegar. Foi bom, pois por um lado, consegui dar dois dedos de conversa com alguns dos amigos que por ali andam na organização do evento, por outro, pude apreciar aqueles pequenos pormenores que fazem deste um evento absolutamente singular no panorama motociclístico português.
O desporto ensina-nos coisas boas. Uma delas é que em equipa vencedora não se mexe. Chegada a hora do meu turno em pista, e assim que me deram liberdade para tal, caminhei para uma BMW S1000R, a poderosa SuperNaked de 160cv que já conhecia de 2015.
Tal como no ano passado a experiência em pista revelou-se algo aterrador e sublime. É difícil, muito difícil conduzir uma besta de potência, um mastodonte de travagem, uma brutalidade de ciclística no ambiente adverso e em boa verdade desconhecido de uma pista de velocidade. Na volta efectuada o mais próximo possível dos escapes do instrutor Mário Sobral, tudo correu, digamos, normal, nas demais…, uma simples falha de centímetros numa trajectória, ou de metros numa travagem complicam determinante a eficácia em pista. Mas…, é algo inesquecível. Para nós, apaixonados das duas rodas, amantes do vento e da velocidade, mas meros mortais utilizadores da via pública, esta é uma experiencia inesquecível. E que faz tremer aqueles que julgamos ser os mais sólidos alicerces das nossas convicções.
Dois dedos de conversa com os amigos que iam chegado, entremeados pela prova do excelente catering e por cerca de meia hora a tentar reinar ao drift nas quatro rodas de um Mini, e passou o tempo sem darmos conta. Estava na hora Scenic Drive BMW Motorrad.
Aqui a escolhida foi a impressionante K1600GTL. Apesar das suas dimensões, a Grande Turismo de seis cilindros não oferece dificuldades a uma rapidíssima adaptação aos motociclistas mais experientes. A panóplia digital, com destaque para as magnificas suspensões electrónicas, deslumbra desde logo. Assim que em andamento a manobrabilidade choca e espanta pela tamanha simplicidade. O peso depressa deixa de ser um problema, passando a ser parte da solução, contribuindo para uma estabilidade digna de rainha do asfalto. Ficamos com muita vontade de sair dali e ir passar o resto do fim-de-semana às estradas serpenteantes dos Pirenéus espremendo da GTL tudo o que ela tem para oferecer.
E o “depois”, questiona ao leitor atento. O depois são momentos como este, de escrita livre e critica que acabam por perpetuar na memoria o “durante” e nos a fazem ansiar por um novo “antes” e pelas estradas do amanhã.
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