O texto abaixo não é meu mas sim de João Carlos Costa, publicado na sua conta de facebook. O João Carlos Costa é uma apaixonado pelo desporto motorizado, decano jornalista do meio, actualmente a colaborar com o Eurosport onde vai, por exemplo, comentar o Dakar 2018 em português. O texto é demasiado bom para se perder rapidamente. Agradeço ao João Carlos não se ter oposto à sua publicação aqui no Escape. Um blogue também é isto…, partilha.
Desde 2001, em 16 edições consecutivas do Dakar, a KTM nunca perdeu nas motos. Este ano, a marca austríaca volta a ser a principal favorita com a nova 450 Rally Factory, no papel ainda mais eficaz. O bloco do motor foi trabalhado para garantir mais potência e binário, no que é ajudado por um novo sistema de injecção e filtro de ar. O quadro está mais leve, para melhorar a agilidade e a estabilidade, enquanto o braço oscilante e a suspensão posterior foram redesenhados com o mesmo objectivo. Nada foi deixado ao acaso, até a carenagem dianteira, pensada para facilitar a visibilidade quando os pilotos rodam em posição vertical. Sam Sunderland (GBR) defende o ceptro, enquanto Toby Price (AUS) quer recuperar o que alcançou em 2016. Juntam-se Matthias Walker (AUT) e Antoine Meo (FRA). Uma superestrutura que tinha no português Mário Patrão um “aguadeiro” de luxo, mas a apêndice levou o beirão a ficar em casa. O único ponto fraco pode ser uma eventual luta interna. Mas se falharem as motos oficiais, Farres Guell (ESP), Stefan Svitko (SVK), Juan Carlos Salvatierra (BOL) e Olivier Pain (FRA) são também capazes de brilhar.
A Honda retocou a CRF 450 Rally, fechando muito o “jogo” quanto às novidades. Acredita ser desta que o esforço continuado desde o início desta década vai ter a justa paga. Se a lesão de Paulo Gonçalves, surge como uma contrariedade, Joan Barreda (ESP), Ricky Brabec (EUA), Kevin Benavides (ARG) e Michael Metge (FRA) têm muitos argumentos. Pode ser que o jejum de vitórias desde 1989 tenha um ponto final.
Há mais candidatos nas duas rodas. A começar pela Yamaha, apesar da ausência do chefe de fila “natural” – o português Hélder Rodrigues, em recuperação de uma operação ao joelho. A marca dos três diapasões aposta nas renovadas WR450F (agora chamadas World Raid Teneré), onde a nova forquilha de 52mm é a alteração mais visível. As motos vão estar entregues a Adrien Van Beveren (FRA), Franco Caimi (ARG), Rodney Fagotter (AUS), Alessandro Botturi (ITA) e Xavier de Soultrait (FRA), todos creditados com boas exibições no Dakar.
Esquecer as Husqvarna FR450 oficiais será um erro. A moto é, basicamente, uma KTM disfarçada e por isso com as mesmas novidades que a 450 Rally Factory. Pablo Quintanilla (CHL) surge como o chefe-de-fila, mas há que contar com o estreante Andrew Short (EUA). Erro será, também, descartar as hipóteses da Sherco TVS, com as 450 SEF-R Rally. A equipa gerida por David Casteu tem em Joan Pedrero (ESP) e Adrien Metge (FRA) dois candidatos. O mesmo se passa com as indianas Hero Speedbrain 450 Rally, onde o português Joaquim Rodrigues jr. é o líder numa formação que conta com Santosh Shivashankar (IND) e Oriol Mena (ESP). Há ainda as GasGas oficiais (outras KTM “travestidas”, mas modelo 2017), com Christian Espana (AND) e Johnny Aubert (FRA) a apontarem a um Top 10... tal como uma trintena de outros pilotos, entre eles o português Fausto Mota, a espanhola Laya Sanz, com a quinta KTM oficial, a única senhora capaz de desafiar o domínio masculino, a vedeta das bajas americanas, Mark Samuels, que se estreia com a Honda da equipa sul-americana MEC, ou até o eventual substituto de Paulo Gonçalves na formação oficial, o campeão Mundial Junior TT 2016, José Ignacio “Nacho Cornejo” (CHL).