domingo, 24 de fevereiro de 2019

A estrada, a moto e o telefone esperto – Estrada Nacional 111


Quando iniciei aqui (link), aqui (link) e aqui (link) esta epopeia de perseguir o Plano Rodoviário Nacional de 1945, mergulhando bem fundo naquilo que o legislador hoje apelida por “outras estradas”, sabia que esta não seria uma tarefa nem fácil nem instantânea. Pelo contrário, trata-se de uma maratona e como tal tem de ser “corrida” ao ritmo certo para tentar chegar ao fim. 

portugal estrada nacional 111 mv agusta turismo veloce Das centenas de possibilidades para cumprir o meu objectivo escolhi, de forma prática, tendo em conta a minha base alfacinha, seguir a lógica da numeração, partindo da Estrada Nacional 1 ate ao “infinito”. 

Um, dois, três, quatro, cinco seis, oito, nove e dez. Pausa. Quero aqui deixar claro que não vou abandonar a logica escolhida e olvidar Estadas Nacionais a Norte e interior de Portugal. Simplesmente, facilmente compreenderão que lá chegarei quando for possível. Se o tempo, o maior dos luxos, não fosse um bem escasso, partiria de imediato uma, duas, três semanas, três meses por esse Portugal fora a viajar de moto, fotografar, escrever e partilhar. 

Assim, a partir de agora este ESCAPE vai desconstruir ainda mais o Plano Rodoviário Nacional de 1945, avançando e recuando na numeração consoante a minha disponibilidade. E basta de conversa, estamos aqui hoje para conhecer a bela Estrada Nacional 111 (N111). 

A ESTRADA DO BAIXO MONDEGO
A N111, ainda que municipalizada nalguns pontos – como sabem este ESCAPE não se deixa intimidar com legisladores acéfalos - liga a Figueira da Foz aos arredores de Coimbra. E apear de ter pouco mais de quarenta quilómetros de extensão podemos nela e junto dela passar belos momentos ao redor das soberbas paisagens da bacia do Baixo Mondego. 

A começar desde logo pela Figueira da Foz, lugar com presença humana antiquíssima, fez parte do reino suevo; mais tarde viria a ser conquistada aos mouros quando da conquista de Coimbra por Fernando Magno em 1064, integrando o Reino de Leão e consequentemente o Condado Portucalense. A Figueira da Foz conheceu enorme crescimento devido ao movimento do porto e ao desenvolvimento da indústria de construção naval tendo o seu maior período de progresso sido o final do Século XIX. A Figueira mantem-se um destino clássico do litoral português. 

Dali a estrada segue lenta. E à medida que o cheiro a maresia desaparece, surge aquele cheiro a lenha, a lume, aquilo que nós “palermas da cidade” denominamos cheiro a aldeia. 

O Paço de Maiorca, palácio situado na freguesia de Maiorca, a cerca de 12 quilómetros da Figueira da Foz, rapidamente fica para trás. O mesmo não podemos fazer com Montemor-o-Velho e o seu castelo que é credor da nossa visita - na margem direita do rio Mondego, em posição dominante sobre a vila, à época junto à sua foz, no contexto da Reconquista cristã da Península Ibérica assumiu-se como ponto estratégico na defesa da linha fronteiriça do baixo Mondego. 

Dali a estrada ganha espaço e velocidade mas perde encanto e rapidamente estamos em Tentugal a beber um café e provar um dos seus pastéis; doce conventual típico criado pelas freiras carmelitas do Carmelo de Tentúgal - Convento de Nossa Senhora do Carmo de Tentúgal - e confeccionado desde os finais do século XIX. 

Daqui é “um saltinho” até à Adémia de Cima onde a N111 morre sem mais historia nem glória naquilo que em tempos foi a Estrada Nacional 1 (link). 

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Quem, o quê, onde, como, quando e porquê – não necessariamente por esta ordem… 


A Estrada Nacional 111, também conhecida como “Estrada do Baixo Mondego” tem o se inicio na Rua Doutor Uriel Salvador, Figueira da Foz, não muito longe da foz daquele que é o é o quinto maior rio português e o primeiro de todos os que têm o seu curso inteiramente em Portugal, e o seu términus num cruzamento com a Nacional l (link), na localidade de Adémia de Cima, arredores de Coimbra. Foi por este ESCAPE percorrida, do litoral para o interior, no final de Dezembro de 2018 aos comandos de uma MV Agusta Turismo Veloce Lusso que teria gasto pouco mais de cinco litros de gasolina por cem quilómetros caso a pequena estrada da Beira Litoral tivesse essa dimensão. A N111 não é uma estrada qualquer e é credora do nosso respeito. Apesar de humilde em distância, desempenhou (e ainda desempenha) importantíssimo papel no desenvolvimento das populações que serve fazendo a ligação da histórica Coimbra, cuja Universidade foi declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 2013, ao oceano, naquela que durante décadas foi conhecida como "Rainha das Praias de Portugal".

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