segunda-feira, 10 de março de 2025

HONDA NT1100 DCT ES à prova

Portugal e Andaluzia. Sardenha e Pirenéus. Dolomitas, Stelvio, Suíça Central e Alpes franceses. Para o motociclismo, esses destinos têm várias características em comum que os tornam populares entre nós. São estradas cênicas e desafiadoras. Algumas das mais icônicas e emocionantes do mundo para o mototurismo, na verdade. 


Ali, o formato das estradas serpenteando pelas montanhas, com curvas desafiadoras, subidas e descidas íngremes, é um verdadeiro convite para quem gosta de conduzir em ambientes técnicos e com paisagens deslumbrantes. Viagens que nos fazem atravessar locais incríveis, com vistas panorâmicas, vales profundos e ambiente de montanha que variam do verde exuberante no verão a paisagens nevadas no inverno. E isto oferece uma experiência visual inigualável no momento. 


Portugal e Andaluzia. Sardenha e Pirenéus. Dolomitas, Stelvio, Suíça Central e Alpes franceses. Estes são alguns dos muito locais onde já fui muito feliz de Honda NT. Quem acompanha este ESCAPE bem sabe como tenho sido exigente com a turística da Honda. Exijo-lhe muito e perdoou-lhe pouco. É assim com quem mais gostamos. 


Podem ficar a conhecer aqui (link) tudo o que vai dito neste ESCAPE sobre uma moto que segundo a marca inaugurou uma nova era no Touring. E já foram vendidas mais de 12 000 NT1100, sendo esta a tourer desportiva mais popular da Europa em 2023. Ainda não termos números de 2024. 

SUBIR A FASQUIA 
Como todos sabem a Honda tentou elevar o conceito de turismo desportivo a um novo patamar com a introdução da NT1100 versão 2025, agora equipada com suspensão electrónica Showa-EERA™. Esta actualização é uma das muitas efectuadas na moto para 2025 (saber mais aqui: link) e promete transformar cada viagem numa experiência incomparável, combinando tecnologia de ponta com o conforto e desempenho que os entusiastas do motociclismo tanto valorizam. 


A suspensão electrónica Showa-EERA™ ajusta o amortecimento em tempo real, adaptando-se automaticamente às condições da estrada e ao estilo de condução. Além disso, permite ao motociclista ajustar a pré-carga da mola traseira em movimento, garantindo uma resposta personalizada e precisa em qualquer situação. 


O motor bicilíndrico paralelo de 1084 cm³ foi também refinado para oferecer um aumento de 7% no binário a baixas e médias rotações, sem comprometer a potência máxima. Esta melhoria visa uma aceleração mais vigorosa e uma condução mais dinâmica, seja em estrada aberta ou nas curvas sinuosas das estradas mais desafiantes. Partilhando as actualizações do motor Africa Twin de 2024, as performances a média rotação são agora muito mais fortes em termos de potência e binário na gama média, como demonstram as curvas de dinamómetro. O bicilíndrico paralelo de 8 válvulas e 1084 cm³ continua a debitar 75 kW às 7500 rpm, com binário máximo de 112 Nm às 5500 rpm (em vez de 105 Nm às 6250 rpm). 

NOVA FORMA PARA O CONTEÚDO NOVO 
A estética da NT1100 também recebeu atenção. A carenagem foi redesenhada, apresentando linhas mais agressivas e aerodinâmicas, complementadas por faróis duplos de LED com luzes diurnas (DRL) integradas, que não só conferem um visual moderno, mas também aumentam a visibilidade e segurança. O para-brisas ajustável, agora operável com uma só mão, e os defletores aerodinâmicos aprimorados garantem protecção superior contra os elementos, tornando cada viagem mais confortável. 

A integração de uma Unidade de Medição Inercial (IMU) de seis eixos eleva a segurança a um novo patamar, permitindo o controlo preciso de sistemas como o ABS em curva e o controlo de tração HSTC, assegurando que o motociclista mantenha o domínio total da moto em todas as situações. Assim cada detalhe foi pensado para proporcionar uma experiência de condução que cativa e inspira, tornando cada viagem numa aventura.

Por falar em detalhes, A NT1100 DCT ES tem um motor refinado, uma suspensão electrónica brilhante e um conforto irrepreensível…, todavia depois olhamos para o punho esquerdo e lembramo-nos que nem tudo na vida pode ser perfeito. O conjunto de botões continua a parecer uma calculadora científica dos anos 80 – muitos botões, pouco espaço e uma curva de aprendizagem que parece exigir um doutoramento. Sim, habituamo-nos com o tempo, no entanto seria pedir muito uma solução mais intuitiva? 

Ainda assim ao vivo, a nova NT 1100 impressiona. As linhas são fluídas e modernas, com uma linha pensada para cortar o vento e proporcionar máxima protecção. E depois há os pormenores que fazem toda a diferença: punhos aquecidos, cruise control, malas laterais incluídas de série e um painel TFT com conectividade Apple CarPlay e Android Auto. Tudo aqui respira funcionalidade e conforto. 

EVOLUÇÃO OBJECTIVA E POSITIVA 
Vamos ao que interessa e o que verdadeiramente interessa é saber ao que isto tudo sabe. As alterações para o modelo 2025 são muitas. Todavia são de detalhe. Produziram efeito? Objectivamente a HONDA NT1100 DCT ES é claramente melhor moto. Esteticamente a moto continua um ponto de exclamação. No entanto agora é um ponto de exclamação com mais algum charme. Dinamicamente sentimos uma evolução positiva nos primeiros quilómetros ainda em ambiente urbano. O DCT está muito melhor e a electrónica afastou os equívocos quando precisamos de rolar devagar no trânsito das cidades e das vias rápidas. O modo “D” no DCT deixou de revelar hesitações. Na verdade a caixa DCT, na versão provada, revelava-se mais refinada que nunca, lendo com classe a minha intenção de condução. 


No entanto é na montanha, ainda que suave, que se dá a revelação. Cheguei à secção que realmente importava: curvas, mudanças de inclinação e descidas íngremes. Esta seria a verdadeira prova. Logo nas primeiras curva percebi a evolução desta moto. A frente oferece confiança total, a suspensão electrónica segurava o peso da moto com autoridade, sem oscilações indesejadas, e o controlo de tracção ajustava-se de forma quase imperceptível. 


Já em autoestrada provamos outro do verdadeiro propósito desta moto: turismo desportivo. Ajustei - lamentavelmente este ajuste contínua manual - o para-brisas para a posição mais elevada e senti imediatamente a diferença. O fluxo de ar passava acima do capacete, deixando-nos numa bolha de conforto aerodinâmico digna de Grande Turismo. Com o cruise control activado e o motor a ronronar suavemente a rotações medias a NT1100 revelou-se a bela parceira para quem quer viajar com conforto – ainda assim senti falta do meu banco “confort”, ausente nesta unidade. 

SERÁ ESTA MOTO INDICADA PARA TI? 
Com a nova suspensão eletrónica, ajustes no motor e uma electrónica mais refinada, a Honda NT1100 2025 não é apenas uma actualização – é uma evolução dentro do segmento. Suave quando precisa de ser, agressiva quando lhe solicitas e sempre confortável. 


Vamos à questão do milhão de dólares: e quem já tem uma NT deve trocar? Como qualquer questão “milhão de dólares” a resposta é complexa. A moto está objectiva e inquestionavelmente melhor. Agora…, tudo depende da bolsa de cada um e do negócio que conseguir efectuar junto do seu concessionário da marca. 


Nesta prova a HONDA NT1100 DCT ES reclamou pouco menos de cinco litro e meio de sumo doirado e fedorento de dinossauro, solicitando a marca uma transferência bancária de 16.700€ para levar uma por ai e cruzar continentes com emoção, conforto e confiança. 

Raterómetro ******** (8/10)

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Royal Enfield Guerrilla 450 à prova

Guerrilha? Oh Diabo! Que nome vem a ser este dado a uma moto? Guerra no prazer? Batalha na paixão das duas rodas motorizadas? Guerrilha é na verdade o nome dado a um tipo de guerra não convencional, muitas vezes rural mesmo. Ali o principal estratagema é a ocultação e extrema mobilidade dos combatentes, chamados de guerrilheiros, incluindo civis armados. Pode ser também uma espécie de movimentação de forças híbrida. Alguns dizem que se trata de levar um adversário, por muito mais forte que seja, a admitir condições frequentemente muito duras, não empregando contra ele senão meios extremamente limitados. 


Na Guerrilha a inferioridade das forças militares deve ser compensada por uma superioridade crescente das forças morais, à medida que a acção se prolonga. Assim, a operação desenvolve-se simultaneamente em dois planos, o plano material, das forças militares, e o plano moral, da acção psicológica. 


Tu queres ver que eles acertaram em cheio na metáfora com que baptizaram a moto? 

ESTILO E MOBILIDADE 
A Royal Enfield Guerrilla 450 é uma roadster moderna que combina o estilo clássico com tecnologias contemporâneas, tentando oferecer uma experiência de condução dinâmica e versátil. 


Mantendo a estética retro imagem de marca da Royal Enfield, a Guerrilla 450 apresenta elementos dos dias de hoje, como faróis redondos com luzes diurnas em LED em forma de “C” e um depósito de combustível musculado com capacidade para 11 litros. As rodas de 17 polegadas com pneus sem câmara (120/70 na frente e 160/60 na traseira) complementam o aspecto robusto. A iluminação é totalmente em LED, garantindo excelente visibilidade e seguindo as tendências do mercado. 


Equipada com um motor monocilíndrico de 452 cc, refrigerado a líquido, a Guerrilla 450 debita 40 cv às 8.000 rpm e um binário de 40 Nm às 5.500 rpm. A transmissão é de seis velocidades, tentando oferecer uma condução suave tanto em ambientes urbanos quanto em estradas abertas. O motor Sherpa originário da Himalayan, oferece um equilíbrio ideal entre potência e eficiência, permitindo (segundo a marca) uma velocidade máxima estimada de 150 km/h – cuidado que ainda podem ficar despenteados. 

ENVOLVÊNCIA E VERSATILIDADE 
A Royal Enfield Guerrilla 450 deseja assim afirmar-se como uma roadster que harmoniza o charme clássico com as funcionalidades típicas da modernidade. Seja para deslocações diárias na cidade ou para viagens de fim-de-semana, esta moto foi pensada para oferecer uma experiência de condução envolvente e versátil, mantendo a essência que caracteriza a marca. 


Assim a Guerrilla 450 surge disponível em três variantes: Analogue, Dash e Flash. A versão base, Analogue, possui um painel de instrumentos semi-digital, enquanto as versões Dash e Flash incluem um display TFT de 4 polegadas com conectividade para smartphones e navegação via Google Maps. Todas as variantes vêm equipadas com ABS de dois canais e modos de condução (Eco e Performance), garantindo segurança e adaptabilidade às condições de condução. 

COMBATENTE URBANA 
A nossa lutadora apresenta-se em forma e musculada, apesar das humildes dimensões. Pesando 185 Kg a cheio, move-se bem parada. Há equilíbrio. A posição de condução é correta e de ligeiro ataque às ruas da cidade. Ambos os pés assentam totalmente no solo. Há conforto. 


Dinamicamente rapidamente notamos firmeza na ciclística e equívocos na electrónica a baixa rotação. O motor “bate” demasiado em baixos regimes e a caixa está longe de apresentar a leveza e suavidade da sua irmã mais velha himalaia. Todavia há resposta mesmo quando precisamos de mais um pouco para aquela ultrapassagem atrevida. Há também modos de condução e tudo nos pareceu mais dinâmico e eficaz no modo ECO. A suspensão é firme, por vezes seca até. A travagem correta, cumpre. 


A Royal Enfield Guerrilla 450 é uma moto espartana e honesta. Vai agradar tanto ao cristão novo como ao motociclista decano. Solicitou cerca de três litros e meio de ouro liquido por cada cem quilómetros de agilidade e batalhas urbanas vencidas. A marca reclama uma transferência bancária de 5.700€ para a retirarem do stand. E Se este ESCAPE desse notas, oferecia com gosto sete sólidos rateres para pontuar esta jovem indiana. 

Raterómetro ******* (7/10)
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