quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Eterno Marrocos

Escrevemos muito pouco para o tanto prazer que o motociclismo nos oferece. Escrevemos cada vez menos, aliás. Este blogue é exemplo disso mesmo. E não escrevemos pouco porque “ninguém” lê. Escrevemos pouco porque pouco paramos. Para escrever é preciso parar. Pensar. Ler e reler. Corrigir. Rescrever. Parar novamente. Recomeçar. Dá trabalho. Mas é tão bom… 

Eu não paro. Mas há quem consiga parar. É o caso do meu querido e velho amigo Tó Manel - que já esteve (aqui) numa edição da Tertúlia do Escape. Pela enésima vez pegou na moto e foi parar ao eterno Reino de Marrocos. Escreveu estas linhas, genuínas, numa rede social ali ao lado. Porque ao contrário do Facebook os blogues têm memória, eu pedi-lhe autorização para as eternizar aqui, no vosso ESCAPE – que tanta saudade tenho de fazer. Ora leiam lá… 


Há locais por onde o tempo não passa. Ou só passa por algumas coisas. Marrocos é um desses locais onde o tempo parece que parou. Curioso mesmo é no sul haver mais burcas do as que encontrei nos anos 70, quando visitei o país pela primeira vez de Triumph Tiger 500. [Fui voltando]. Nos anos 80 algumas vezes de Ducati 750GT. Nos anos 90 de Pan European. Na primeira década deste século, de BMW1200ADV. E agora de Africa Twin 1100. 

Portanto, para mim a evolução que sinto quando viajo em Marrocos tem a ver mais com a moto..., de resto, nesta terra na moda nada mudou e tanto elas como eles usam exactamente o mesmo estilo de roupa de há 40 anos... bom, isto obviamente nas cidades e vilas mais pequenas porque nas cidades grandes aí sim sempre se viu alguma modernice dita ocidental. 


Agora, sobretudo atacaram por estas terras muitas empresas de construção. Ah... as primeiras vezes que passei a famosa estrada do Atlas depois de Marrakech era um autêntico pesadelo e exercício de sobrevivência…, estreita e muitas vezes sem alcatrão. Também aí se vem fazendo sentir evolução; na quantidade de vias que eram de terra e agora são asfaltadas; nas auto-estradas que passaram a existir. Uma das vias asfaltadas já há uns bons anos é a que leva de Rissani a Merzouga; da primeira vez que lá fui, a orientação fazia-se pelos postes dos telefones dado o emaranhado de pistas. 

Bom..., houve de facto muita coisa que mudou mas muitas que se mantêm imutáveis como as famosas dunas do Erg Chebi. Já cheguei a fazer quase directas ida e volta de casa até este local para ficar pelo menos um dia e uma noite e depois regressar de "baterias carregadas". Ah... e por norma gosto de o fazer "a solo" com a minha única e boa companhia mais a moto…, desta vez, que bela moto mesmo. Feita exactamente para este tipo de utilização e com uns surpreendentes 4,8l/100km, de casa até Merzouga. 

Outra coisa que não mudou absolutamente nada em Marrocos foram as medinas, os seus odores a ervas e especiarias. E o enorme prazer de beber o extraordinário chá de menta a ver o sol pôr-se no deserto... Há coisas que nunca devem mudar... o prazer único de beber um chá no deserto é uma delas... 

Obrigado Tó. Bebe um “the à lá menthe” por mim, por nós, disfruta e boa viagem!

1 comentário:

  1. Grande abraço Tô e bom regresso daqui 30dias estou aí deixa cházinho pago sff.abç

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