Paradoxo. Em plena sociedade da informação e comunicação, nem sempre é fácil encontrar a ontologia, o ser em si, das coisas. Da letra K, ou kappa, pouco se sabe, nomeadamente quanto à sua origem e verdadeiro significado. Sabemos que a letra provém do grego, adaptado por sua vez do kap ou kaf das línguas semitas, símbolo que representava uma mão aberta. Esta, por sua vez, com muita probabilidade teria sido adaptada pelos povos semitas que teriam vivido no Egipto, a partir do hieróglifo que representa “mão”. E, assim de repente, é tudo.
Foto: Gonçalo Fabião |
Uma mão cheia de inspiração, encontraram os engenheiros da BMW Josef Fritzenwenger e Stefan Pachernegg, no já longínquo ano de 1983. Quando muitos fabricantes ainda apostavam em motores em linha refrigerados a ar, os motores de quatro cilindros refrigerados a líquido representavam o derradeiro patamar tecnológico. Nos anos oitenta do século passado, Fritzenwenger e Pachernegg desenvolveram um, à época, novíssimo conceito técnico voltado para o futuro; e que posteriormente foi aprimorado até atingir uma qualidade de produção regular. Nascia assim a Série K da BMW Motorrad que se afirmou inovadora e polivalente em termos técnicos e não só.
K RUMO A 40 ANOS DE HISTÓRIA
A série K da BMW nasceu então em 1983 com um único modelo, a K 100 “despida”. Esta não tinha outras designações como 'RS' ou 'LT', que chegaram mais tarde. Aquela nova e radical BMW surgia com um espirito ultramoderno para o seu tempo, sendo impulsionada por um novo conceito de motor: uma linha longitudinal de 4 cilindros de 987cc, motor apoiado no lado esquerdo.
Foto: Gonçalo Fabião |
A actual BMW K 1600 GT não é propriamente uma moto nova. Anunciada em Julho de 2010 – sim, há mais de dez anos (?!?!) – é apresentada no Intemot de Colonia do mesmo ano e colocada no mercado em Março de 2011. Hoje, depois de mais de três mil quilómetros na 1600 GT que a J&M Motos, empresa do Grupo Jomotos, cedeu no passado mês de Setembro a este ESCAPE, “rezo” todos os dias aos Deuses do Motociclismo, para que o lamentável Euro5 não seja mais castrador e, pelo contrário, seja uma oportunidade para desenvolver e evoluir esta jóia da coroa bávara.
PORTUGAL “UBER ALLES”
A Prova de que agora vos quero falar envergonha os menos de cem quilómetros que fiz aqui (link) em 2016 de 1600 GT. Na verdade, em posse de um período de férias no passado Setembro, decido seguir um sonho antigo: uma verdadeira volta a Portugal pelas belas e únicas Estradas Nacionais. Uma viagem que parecendo difícil não é nada fácil.
Exigia, no tempo disponível – pouco mais de uma semana – uma moto rápida, confortável e preferencialmente, muitooooooooooooooooo divertida. Assim, vesti o meu melhor fato de atrevimento e contactei a Jomotos na busca de uma mão cheia, uma kappa…
Em vídeo e fotografia encontram essa viagem manifesta e honestamente documentada na página de facebook que suporta este blogue. Mas não posso deixar de acrescentar algo mais.
6, O NUMERO DA UNIÃO, HARMONIA E PODER
É absolutamente incrível como uma moto já com uma década de história ainda nos consegue surpreender. Só aqueles seis cilindros em linha já seriam o bastante para que qualquer motociclista preste a sua vénia a tamanho descaramento. Seis? Em linha? Quantas motos conhecem com esta motorização? E quantas tiveram o prazer de provar?
Foto: Gonçalo Fabião |
O motor - colosso de binário e potência, que tanto adorei explorar quer em rotação dita normal, quer lá em cima entre as sete e oito mil rpm onde a sonoridade é absolutamente celestial – surge montado num quadro solido e assistido por aquelas deliciosas suspensões electrónicas da Motorrad de que tão confesso fã sou.
Com uma protecção aerodinâmica tendencialmente perfeita, a BMW K 1600 GT assume-se, ainda hoje sublinho, como a referência incontornável no adormecido – não por muito mais tempo – segmento sport tourer. Permitindo a elasticidade do conjunto abraçar suavemente “sempre em sexta” uma estrada curvilínea ou, explorando a agora suave transmissão auxiliada por um quickshift, atacar de forma agressiva terrenos idênticos levando a travagem para além do limite do razoável e curvando sem fim.
DINAMISMO E CONFORTO
Sendo verdade que senti naquela viagem a falta de uma top case que me facilitasse o dia a dia na estrada – pode ser adquirida como extra -, de um painel de instrumentos actualizado e até de uma pequena cura de emagrecimento (na moto) para que as pequenas manobras com a moto parada fossem mais acessíveis, verdade é que a BMW K 1600 GT da a J&M Motos me ofereceu uma viagem inesquecível por este nosso Portugal, onde pude alternar entre uma condução suave de puro turismo ou mais ou menos travessa consoante o meu capricho ou dinâmica das Nacionais que abraçam o nosso território como poucas estradas o fazem por esse mundo fora.
Foto: Gonçalo Fabião |
Dinamismo e conforto foi o que esta Preto “Storm” da afamada Casa Bávara me ofereceu. Equipada com, entre outras funcionalidades, DTC (controlo de tração dinâmico), ESA Dynamic, ABS Pro, sistema áudio com kit de preparação para sistema de GPS, rádio ECE (Software), marcha atrás, faróis adaptativos, Luzes diurnas, controlo de pressão dos pneus, condução sem chave, assistente à passagem de caixa Pro, fecho centralizado, luzes auxiliares em LED, sistema de alarme antirroubo, sistema de chamada de emergência, a BMW K 1600 GT pode custar 30.100€ já com todos os impostos e despesas incluídas, tendo os seis cilindros solicitado seis litros certos do tal líquido inflamável que tanto amamos, por cem quilómetros de condução hedonística e luxuosa.
Obrigado pelo testemunho. embora tenha uma RT 1200 da para ter uma ideia real do que será uma k GT 1600
ResponderEliminarO ESCAPE é que agradece as simpáticas palavras :)
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