segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Honda X-ADV à prova (segundo volume)


Alguns dizem que a memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (a denominada memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (a memória artificial). Memória é ainda o armazenamento de informações e factos obtidos através de experiências ouvidas ou vividas. Foca em realidades específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. Hoje, como auxiliar da memória biológica dispomos de elevada quantidade de memória artificial. É também para isso que serve um blogue, este ESCAPE em particular. Uma quantidade infinita de memória artificial suporta e aviva a memória biológica. Querem ler? 

Foto: Gonçalo Fabião

Há pouco menos de três anos (link) tínhamos enfim a possibilidade de realizar a primeira prova à Honda X-ADV, uma moto que julgávamos, à época, inaugurar um novo segmento e que descrevemos a partir de duas palavras-chave: divertimento e versatilidade. A actual versão da agressiva proposta da Honda, para além do controlo de tracção, em pouco difere daquela que foi a primeira versão provada. Todavia, a demanda por uma segunda opinião pode ser muito útil no sentido de confirmar ou infirmar um primeiro olhar. E este ESCAPE quis ir mais longe. Fazer reportagem. Sair para a rua da contemporaneidade e questionar alguns dos utilizadores diários X-ADV: “a que vos sabe a vossa moto”, indaguei. 

PERSONALIDADE CARISMÁTICA 
De 2017 para hoje ficámos a saber que, em bom rigor, a Honda X-ADV não inaugurou qualquer novo segmento porque as demais marcas não correram atrás do exemplo da Honda e, assim, a X-ADV mantém-se como um produto único, muito próprio, cheio de personalidade e mesmo carisma. Notável! 

Foto: Gonçalo Fabião

É a própria marca que assume que esta moto se apresenta como um SUV e convida-nos a conhecerem esta “crossover”. Compreendo o piscar de olho a outras realidades que não o motociclismo na busca de “cristão novos” mas os termos não me agradam e até fico um pouco baralhado, confesso. Se ainda se compreende a opção da marca já quando faço uma pesquisa na grande memória virtual da Internet por “Honda X-ADV” e vou para aos sítios do costume com as pessoas do costume a papaguearem as banalidades do costume que a informação oficial da marca lhes indica…, capoto…, sejamos honestos: é apenas ridículo, para ser simpático. 

SONHAR É PRECISO 
Na verdade, se estivermos atentos e pensarmos pela nossa cabeça, notamos que a X-ADV transpira carisma. Na condução diária desperta os sentidos. O swing muito próprio com que se movimenta no bulício da cidade e das vias rápidas que a rodeiam, faz disparar os químicos certos no cérebro. No dia-a-dia esta moto faz-nos ainda sonhar com o lazer. Por um lado, ansiamos pelo fim-de-semana para aquela volta com os amigos pelo campo, fora de estrada. Por outro, faz nos sonhar mais além, porque esta Honda também foi feita para viajar, e os grandes espaços estão sempre no nosso horizonte

Foto: Gonçalo Fabião

Stop! Um dos objectivos deste segundo volume Honda X-ADV aqui no ESCAPE era uma prova mais agressiva no fora de estrada. Sejamos mais uma vez honestos. A moto mantém altos padrões de divertimento quando o alcatrão acaba e o pó começa. E tais incursões devem ser encaradas como um agradável passeio. Serão necessários outros pneumáticos e algumas pequenas alterações para que a condução de pé nos entregue mais segurança e eficácia. O divertimento e a versatilidade que em 2017 a X-ADV me ofereceu estavam assim confirmados. Mas, como vos disse acima, importava ir mais longe e ouvir quem com ela convive no diariamente. 

Foto: Gonçalo Fabião

VOX POPULI A PALAVRA AO UTILIZADOR 
O João Mestre é proprietário de uma X-ADV desde maio de 2017. “Uma das primeiras a ser entregue. Quarenta e cinco mil quilómetros em cerca de 3 anos. Como pontos fortes destaco a excelência para o dia-a-dia, não se nega a nada. Travões e suspensões de primeira, e um ecrã que não sendo TFT é bastante completo. Ponto menos positivo é a autonomia, um depósito de treze litros é curto, mesmo sendo a moto razoavelmente económica, para o dia-a-dia chega, mas em viagem não satisfaz. O pneu traseiro de 15” polegadas também limita muito a escolha na hora de trocar. Felizmente a Bridgestone já tem os Battlax AX41S, que mudam a moto para muito melhor”, disse. 

Foto: Gonçalo Fabião

Malheiro Almeida destaca a costela de viajante que encontramos na Honda X-ADV. “Estou muito satisfeito com ela. O ano passado, pela costa de Itália, nem dei pelos 5200 quilómetros da viagem. Se tivesse que alterar alguma coisa, era baixá-la. Mas não é defeito da moto eu com 1,77m chego ao chão com os dois pés mas apenas pela metade. Se fosse comprar outra vez era a mesma marca e modelo. A viagem a Itália ofereceu-me uma experiência que não consigo expressar por palavras…, as paisagens magníficas que nos enchem a vista. Em cima da mota temos excelentes sensações. Deixou saudade…, Pireneus, Passo do Stelvio, toda a costa azul. Itália para andar de moto é um gosto. Muita scooter e gente de todas as idades, mesmo de fato e gravata na sua 125cc. Viagem inesquecível”.

Foto: Gonçalo Fabião

Por outro lado, o João Lopes destacou o prazer de condução, mas pedia mais cavalos, o Laurentino Coelho destaca o conforto e a qualidade dos materiais, o Carlos Reis concorda sublinhando a segurança e já leva 62 mil quilómetros na sua. E um dos relatos mais interessantes que ouvi foi o do “jovem” Mário Ferraz que com os seus quase setenta aninhos, em dois anos já fez 37 mil quilómetros o que ainda se torna mais impressionante quando sabemos que a sua base é na ilha da madeira, viajando uma vez pela Andaluzia e outra por Marrocos onde segundo ele a “X-ADV ombreou com motos de cilindrada superior”. 

Foto: Gonçalo Fabião

Singular, temperamental, carismática. É assim esta Matte Moonstone Silver Metallic (NH-378) pela qual a Honda solicita uma transferência de 11.975€, tendo exigido ao bolso deste ESCAPE o correspondente em euros de 3,9 litros daquele liquido constituído por hidrocarbonetos e cujo consumo abusivo tanto nos satisfaz, por cem quilómetros de diversão.

3 comentários:

  1. Obrigado pelo seu artigo. Quanto a mim poderia aprofundar mais um pouco, nomeadamente quais as modificações necessárias além dos pneus para os passeios fora de estrada correrem melhor.
    Em tudo o resto muito bom.
    ��

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    1. Viva. Obrigado pelas simpáticas palavras. Para além de protecções de plasticos são necessárias umas peseiras especificas, a moto tem encaixe para elas, e eventualmente uns raiser bars para o guiador no sentido de facilitar a condução em pé. Muito gostaria este ESCAPE de provar uma ADV nessas condições ;)

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  2. Obrigado pelo seu artigo. Quanto a mim poderia aprofundar mais um pouco, nomeadamente quais as modificações necessárias além dos pneus para os passeios fora de estrada correrem melhor.
    Em tudo o resto muito bom.
    😊

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