domingo, 15 de novembro de 2015

Alpes 2015 (III)

(Fazia calor em Munique.., era verão; e alguns litros de cerveja depois….)

A segunda semana de viagem começou tranquila, com um dia de “quase-ligação”, onde o único “modesto” destaque vai para alguns dos mais pitorescos troços da Romantische Strasse – junto aos famosos castelos Bávaros – e da Deutsche Alpenstrasse junto a Immenstadt no sudoeste alemão. 

Até que chegou, voltando a utilizar a terminologia velocipédica, a “etapa rainha”, Suiça Central: Klausenpass, Andermatt, Gotthard Pass, Nufenenpass, Furka Pass, de novo Andermatt, Susten Pass e por fim Interlaken. Há dias assim nas nossas vidas; que nos deixam absolutamente sem palavras para descrever quão bons são. Pouco mais de trezentos quilómetros no paraíso do asfalto, o Éden das curvas, as Maldivas do mototurismo. Se São Gotardo e o Furka, com o seu vizinho glaciar do Reno, são clássicos que todos já ouviram falar e alguns privilegiados já puderam explorar, o Nufenen (Passo di Novena para os italianos) – o mais elevado de todos eles a quase 2500 m – é provavelmente das mais remotas portas de entrada suíças no denominado cantão italiano; oferece ao mototurista (mais) um percurso delirante com paisagens catárticas, quase nos fazendo querer que conduzimos o nosso motociclo pelos eternamente alvos telhados da europa. Sem medo das palavras: um dia de motociclismo absolutamente épico!


Um festim assim merece algum descanso. Foi o que fizemos no dia seguinte na charmosa e estupidamente cara Interlaken. O que não faltam são motivos para fazer um “stop” na apaixonante cidade alpina, haja dinheiro: visitar Grindelwald, Lauterbrunnen e o sumptuoso vale com o mesmo nome, escolher um dos muitos percursos pedestres para fazer uma caminhada, perder a cabeça e fazer um salto de parapente entre as montanhas afiadas, mergulhar nas águas do Thunersee, admirar o espantoso Jungfrau, apanhar o caríssimo comboio que nos leva até ao glaciar ou, simplesmente, dar mais um passeio de mota em torno dos lagos e pelas vilas e aldeias da região.

Interlaken marca o princípio do fim da viagem que vocês vão desejar fazer. Mas ainda havia mais magia guardada para o dia seguinte; um daqueles estranhos dias em que o viajante toma pequeno-almoço na Suíça, almoça em Itália e janta em França. Logo a seguir à primeira refeição do dia a despedida da fantástica Suiça Central com a rápida e excelente subida aos mais de dois mil metros do Grimpselpass. Já na descida tempo para último olhar ao trabalho milenar do Reno e ao apaixonante Furkapass que agora fica definitivamente para trás. Caso note alguma emoção nas minhas palavras, nota bem. Quem ama andar de mota, quem adora uma boa e retorcida estrada bem asfaltada, não deixa de ficar emocionado com a despedida…, quereremos voltar sempre, nunca sabendo se isso será possível. 

(continua…)

1 comentário:

  1. Pedro, fico cá com uma inveja! Dos teus passeios e da maneira como os descreves.

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