terça-feira, 30 de julho de 2019

A estrada, a moto e o telefone esperto – Estrada Nacional 113

René Descartes (século XVII) foi um filósofo, físico e matemático francês. Notabilizou-se sobretudo pelo seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência. Alguns atribuem-lhe a fundação da filosofia moderna, outros apelidam-no de "pai da matemática moderna" (resta saber quem terá sido a mãe…). Descartes terá dito um dia não existirem métodos fáceis para resolver problemas difíceis. Confesso – até porque algum dia teria de acontecer – não será nada fácil escrever sobre a Estrada Nacional 113 (N113). E quem é este ESCAPE para contrariar o pensamento cartesiano? 

Todavia, foi com espanto que encontrei o seu “marco zero”, ou o que resta dele; perdido num canteiro de ervas daninhas junto à Estrada Nacional 1(link). É nesse ponto que começa então aquele que um dia foi ou quis ser o “Eixo do Centro de Portugal”. 

Assim que começa, a N113 mergulha na “número um” para uns metros mais adiante ter um gigante crise de identidade e se transformar num mutante com perfil de auto-estrada denominada A8-1, também conhecida como “Variante dos Pousos”. Leiria – é onde estamos – deixou de ser aquela pacata e até pitoresca vila que atravessávamos nos longínquos anos 70 e inico de 80 do século passado rumo ao Norte, para se metamorfosear numa horrorosa cidade rica (?!?) emoldurada por betão e asfalto – é o progresso, dizem… 

Mas a ruralidade não anda longe, surgindo por volta do quilómetro nove. Pelos campos, ora abandonados ora mal-amanhados, a estrada segue sem história nem gloria até Ourem, situada a cerca de vinte cinco quilómetros da casa da partida – o que significa aqui meio caminho. 

Ourém, renomeada a partir de Vila Nova de Ourém, é uma cidade pertencente ao distrito de Santarém, província da Beira Litoral, na região do Centro e sub-região do Médio Tejo. Ourém recebeu foral em 1180, atribuído pela infanta D. Teresa de Portugal, Condessa da Flandres, filha do rei D. Afonso Henriques e da rainha Mafalda de Saboia. Em tal documento é referido que aquele lugar se chamava em latim Auren. O seu castelo, Monumento Nacional, que se ergue no topo de uma colina, na cota de 330 metros acima do nível do mar, apresenta planta no formato triangular irregular, com torres nos vértices e tem origens remotas tendo sido alvo de destruição e posterior reconstrução bastas vezes. Tendo tempo, merece a visita. 

Dali segue a nossa N113, agora ainda mais pobre e mais abandonada, competindo neste sector com o neófito e aborrecido IC9 até a gloriosa Tomar, outrora “Capital” dos Templários e hoje tomada pelo turismo pois o Convento de Cristo, principal Monumento da cidade, foi considerado Património Mundial pela UNESCO em 1983. 

De facto, Tomar, depois de conquistada aos mouros pelo Rei Afonso Henriques, foi doada como feudo à Ordem dos Templários. Dali, estes governavam vastas possessões do centro do Reino de Portugal, que estavam obrigados a defender dos ataques vindos dos estados islâmicos a sul. 

No momento da visita deste ESCAPE, Tomar celebrava a espetacular Festa dos Tabuleiros. Realizada de 4 em 4 anos no princípio do mês de julho. Esta é uma das tradições mais antigas de Portugal, estando a sua origem nas festas de colheita à deusa Ceres. Neste ano o ponto alto das Festas juntou, segundo a comunicação social, cerca de meio milhão de pessoas. 

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Quem, o quê, onde, como, quando e porquê – não necessariamente por esta ordem… 


A Estrada Nacional 113, não é mas podia muito bem ser conhecida como “diz que é uma espécie de Eixo do Centro de Portugal”. A N113 é uma via estruturante com inicio em Leiria, na também estruturante Nacional 1 (link), e términus em Tomar na importante Nacional 110. Foi por este ESCAPE percorrida no início de Julho de 2019 aos comandos de uma Honda CB500X que fez um consumo de PCX, tendo gasto de combustível o equivalente a uma garrafinha daquelas de litro e meio de água, nos seus cerca de cinquenta quilómetros. 

A N113 não é uma estrada qualquer e é credora do nosso respeito. Apesar de relativamente abandonada, continua a desempenhar importante papel para a vida e desenvolvimento das populações (essencialmente rurais) que dela se servem, bem como do Santuário de Fátima e dos seus fevrosos peregrinos.

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