A centenária marca italiana, agora na órbita da gigante chinesa Qianjiang, prepara-se para encerrar 2020 - pelo segundo ano consecutivo - no top five das motos mais vendidas em Portugal. E estará seguramente em posto idêntico no quociente de emoção que arrebata aos motociclistas portugueses. Por cada apaixonado seguidor, terá outros tantos detractores. É assim com a Benelli e é assim com as marcas mais vendidas em Portugal e no mundo. E isso é bom para o motociclismo em geral e sobretudo para a marca em particular.
Foto: Gonçalo Fabião |
Esta estradista despida não é excepção quanto às emoções que provoca. Basta determo-nos e olhar para ela com atenção para amarmos ou odiarmos a sua aprimorada silhueta de inspiração mediterrânica. Contemplando a mecânica, compreendemos que a marca tentou aqui uma espécie de síntese entre a tese italiana e a antítese nipónica – notem que a ordem dos factores é aqui absolutamente arbitrária, escolham vós a vossa tese e consequente antítese. A quadratura do círculo é sempre um exercício estimulante. Terá o velho emblema conseguido vencer a batalha?
Foto: Gonçalo Fabião |
ROADSTER ATREVIDA
No desenho, a clara inspiração MV e ducatisti fica bem à 752s. Não sendo este ESCAPE o maior apreciador do traço das naked contemporâneas, é impossível ficar indiferente àquele quadro tubular onde assenta toda a moto. Sendo verdade que a apreciável linha de escape sobressai desta negra, verdade é que a objectiva do Gonçalo teria preferido os tons encarnados ou mesmo verdes de outras opções cromáticas do mesmo modelo. Ao nível do desenho apenas lamentamos um radiador algo sobredimensionado.
Foto: Gonçalo Fabião |
O primeiro contacto dinâmico com a moto não é soberbo. A posição de guiador é algo fechada e o pedal de travão traseiro exige adaptação para uma travagem eficaz. O desconforto inicial é apenas aparente e, sendo esta uma moto sem qualquer protecção aerodinâmica, é obviamente uma moto física que vamos aprendendo a saborear. Esta natureza física deve-se também a um peso algo desajustado tendo em conta o minimalismo do conjunto - bem como ao conhecimento do que vai fazendo a concorrência.
Foto: Gonçalo Fabião |
Ao rolar com esta Benelli, cedo notamos que o bicilindrico paralelo (76 cv e 67Nm) é a estrela do conjunto. Titubeante a baixos regimes vai ganhando alma com a subida de rotação, oferecendo “lá em cima” uma condução alegre e divertida potenciada pela sonoridade muito agradável daquela peculiar ponteira de escape.
ALEGRE E DIVERTIDA
As suspensões algo secas – ambas reguláveis – e a travagem eficaz, apesar da sensibilidade da manete do travão dianteiro não deslumbrar, contribuem para uma experiência honesta, a espaços divertida, apesar da manete de embraiagem se ter revelado algo dura, pedindo também ela alguma adaptação.
Foto: Gonçalo Fabião |
Esta Benelli 752s, roadster atrevida, é actualmente o topo de gama da marca. Longe de ser perfeita como alguns a querem fazer parecer, assume-se uma moto honesta e muito sedutora. Sim…, não nos parece carismática. Mas poderá transformar-se em tal no futuro, limadas que sejam algumas arestas relevantes. Solicitou pouco mais de cinco litros do tal líquido inflamável fundamental à nossa salubridade, pedindo a marca uma transferência bancaria de 7.480€ para quem a levem a passear por essa estrada fora.
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