terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Brixton Crossfire 500 à prova

Wolfgang Amadeus Mozart, Franz Kafka, Sigmund Freud. Alpes, Großglockner-Hochalpenstraße e a bonita edelweiss. Kasekrainer, uma lager bem fresca e um wiener apfelstrudel à sobremesa. Como não amar a Áustria? Eu amo a Áustria. E agora, nós motociclistas, temos mais uma boa razão para a amar a Áustria, esse país ligeiramente mais pequeno que Portugal, com menos um milhão de habitantes que a nossa terra, todavia superiormente mais rico – mais do dobro do PIB nominal per capita, segundo os últimos dados conhecidos (FMI). 

Foto: Gonçalo Fabião

A Brixton Motorcycles, apesar da sonoridade too british do nome, nada tem a ver com terras de Sua Majestade. A Brixton Motorcycles faz parte do universo em expansão do denominado KSR Group que detém para além de marca própria, nomes sonantes e clássicos da indústria italiana como a Lambretta, Malaguti e Italjet, para além de interesses na chinesa CF Moto. A Brixton Motorcycles é então um emblema austríaco, pensado, desenvolvido e nascido no espaço do velho Império da Casa dos Habsburgos. 

DESCOMPLICADA E MUITOOOOOOOOO INSTAGRAMÁVEL 
Habituada a produzir motos de baixa cilindrada e inspiração mais ou menos clássica, a Brixton decidiu agora procurar outros mercados. A expansão faz-se com esta Crossfire 500, uma moto que parece ter sido desenvolvida para os dias que vivemos: descomplicada, divertida e que fica gira à brava nas imagens que publicamos nas nossas redes sociais

Foto: Gonçalo Fabião

O primeiro olhar revela um desenho clássico com toques de contemporaneidade. O belíssimo depósito de carburante que simula um X e termina naquele rebordo que brilha ao sol de inverno é onde tudo parece ter começado. Farol redondo, tal como os eficazes “manómetros” digitais. Banco cuidado e traseira recortada como agora se usa. Belas jantes raídas de 17 polegadas em que poucos parecem reparar. 

O guiador proeminente salta à vista. E conduz-nos num primeiro momento a questionar a posição de condução. Contudo rapidamente as dúvidas ficam desfeitas. Dos comandos às peseiras tudo se encontra no sítio e a posição de condução revela-se como tudo nesta moto: fácil de entender. 

Foto: Gonçalo Fabião

HIPSTER QUINHENTOS 
Dinamicamente a natureza descomplicada acentua-se. Motor bicilindrico paralelo de 48cv e 43 Nm - compatível com a carta de condução A2 - sempre vivo e agradável. Suspensões (KYB) algo secas mas eficazes e, enfim, um aspecto claramente negativo nesta moto: a travagem espanhola J.Juan não satisfaz de forma nenhuma, desiludindo quando chamada a esforço intenso ainda que sem comprometer a segurança de todo o conjunto graças ao Bosch ABS. 

Foto: Gonçalo Fabião

Em bom rigor esta Brixton Crossfire 500 satisfaz bastante e surpreendeu imenso. Não senti que seja uma moto apenas para “Cristãos Novos”, aqueles neófitos que só agora abraçam a “religião” do motociclismo. Pelo contrário é uma moto que pode satisfazer qualquer tipo de motociclista. Todo o conjunto está pensado para o divertimento em especial se o andamento for vivo sem contudo cair no exagero de passar toda a viagem em busca dos limites da moto. 

Foto: Gonçalo Fabião

BOA TAMBÉM NA CARTEIRA 
Por falar em viagem…, fiquei curioso para saber ao que saberá partir com esta média cilindrada simpática para uma pequena viagem de fim-de-semana. Os pontos cardiais no farol dianteiro apontam o rumo, indicando também que, como costumo defender, as novas gerações de motociclistas têm muita sorte em poder contar com motos assim que nos despertam os sentidos, desenhos e sonhos. 

Foto: Gonçalo Fabião

A Crossfire 500 ainda tem uma expressão exígua no mercado. A sua natureza e qualidades precisam de continuar a ser comunicadas e partilhadas. Uma dessas qualidades é também a economia. Esta Bullet Silver que parece ter sido desenhada para alimentar o nosso instagram reclamou apenas 3,8 litros do tal líquido inflamável que tanto gostamos por cada cem quilómetros de escape urbano, pedindo a marca 6.200€ para que levem uma giraça destas para a vossa garagem.

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