Pausa. É uma breve interrupção, escrevem os dicionários. Descanso, intervalo, tardança (conheciam esta palavra?), lentidão, vagar. Um espaço de silêncio numa peça musical. E ainda o modo em que se encontra a nossa existência, devido às razões que todos sentem e conhecem.
Foto: Gonçalo Fabião |
Os mais atentos recordam-se que escrevi aqui (link), na última prova que este ESCAPE vos ofereceu, que imediatamente antes desta pausa forçada nas nossas vidas denominada confinamentos, duas motos se tinham cruzado com este vosso escriba. Falamos enfim hoje da segunda. Uma moto (se não a moto mais….) claramente “underrated” pelo mercado: a Suzuki V-Strom 1050 na sua versão XT.
L’AIR DU TEMPS
Nascida no alvorecer do milénio, 2002, a V-Strom “mil” tem tentado acompanhar o ar dos tempos, actualizando-se amiúde no sentido de não perder a feroz batalha que as marcas vão travando na busca de oferecer uma moto ecléctica de cubicagem digna, moto essa que se deseja em bom português, pau para toda a obra.
Revelada no Salão de Milão de 2019, a actual V-Strom 1050 não é propriamente uma moto nova e desconhecida de vós. Dizer que marca optou nesta actual versão por recordar a estética que marcou um passado no Dakar é lugar-comum. Descrever em prosa – uma vez mais… - as suas características técnicas, idem. Vamos rapidamente ao que interessa. A que sabe esta Suzuki?
Foto: Gonçalo Fabião |
A V-Strom 1050 XT sabe num primeiro contacto (espantem-se) a supermotard. Alta e esguia num banco rijo e confortável, banco estreito para facilitar o movimento dos pés até ao chão, de guiador algo baixo e largo quanto baste…, a primeira sensação é de que existiu cuidado por parte da marca de antever uma utilização diária desta moto. E esse cuidado nota-se no uso urbano, surpreendentemente fácil para um conjunto que pesa quase duas centenas e meia de quilogramas em ordem de marcha. Uma vez mais aqui fica claro que fazer juízos de valor consultando apenas uma ficha técnica de pouco serve. Há que provar e saborear. Foi o que este ESCAPE fez na sua lida diária por Lisboa e arredores. E neste terreno, sublinho, a Suzuki V-Strom 1050 XT surpreendeu e satisfez bastante.
SÓLIDOS ARGUMENTOS
Não tendo sido possível, nos primeiros dias em que tive esta moto, fugir de Lisboa e dos afazeres diários, foi de curiosidade que fui alimentando o espírito pois eram três os destaques que desejava sentir na estrada: o bicilíndrico Euro-5 “em fisga” a noventa graus – 1037cc, 107CV, 100Nm -, assistido electronicamente por uma unidade de medição de inércia de seis eixos onde trabalha o Suzuki Intelligent Ride System, montado numa dupla trave em alumínio que parece “saída” de uma desportiva.
Sou suspeito, confesso. Mais do que isso…, “arguido” até, quem sabe “acusado”. “Condenado”, mesmo. As unidades motrizes em V são a minha perdição. E esta não foi excepção. O motor da Suzuki V-Strom 1050 XT é excelente em toda a gama de rotação e satisfaz em todas as situações – não compreendo de todo as reservas que alguns lhe apontam, espero não ser falta de “unhas” para tocar esta guitarra :)
Ao motor, electrónica e solido quadro a Suzuki optou por adicionar uma jante 19’ no eixo dianteiro a que se soma uma forquilha invertida KYB totalmente ajustável - o amortecedor traseiro é regulável na pré-carga da mola. O resultado é um comportamento absolutamente irrepreensível, ágil, dinâmico, efectivo e eficaz de todo o conjunto quando levamos a V-Strom 1050 XT a bailar de curva em curva numa qualquer estrada retorcida do Oeste português.
Foto: Gonçalo Fabião |
Houve ainda tempo para algum fora de estrada “light” onde o equilíbrio de todo o conjunto somou ainda mais pontos na contabilidade deste ESCAPE. A opção da marca pelos pneus Bridgestone Battlax A41 a isso também ajuda, pois estes continuam a ser uma bela opção estradista que respondem afirmativamente a um fora de estrada que não seja muito exigente.
ECLÉTICA E SUBESTIMADA
A 1050 XT revelou nesta prova argumentos mais do que suficientes para ser uma excelente e ecléctica companheira de aventura não apenas ao fim de semana - suficiente protecção aerodinâmica em ecrã ajustável manualmente - mas também em utilização diária. A tudo o que vai dito resta acrescentar que a travagem está em linha com todo o conjunto, dispondo mesmo de Cornering ABS - ABS sensível ao ângulo de inclinação ajustável em 2 modos e a travagem combinada auto ajustável à carga e à inclinação - para os mais atirados se desafiarem.
Foto: Gonçalo Fabião |
Esta Suzuki V-Strom 1050 XT reclamou cinco litros e meio do tal líquido inflamável que parece estar mais caro a cada abastecimento, solicitando a marca 15.000€ por esta lindíssima Pearl Brilliant White/Glass Blaze Orange, uma moto que é claramente credora de outra atenção e reconhecimento por parte do motociclista português.
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