Las Vegas. Ainda não eram nove da manhã do dia 16 de Abril de 2019 – não foi assim há tanto tempo e eramos tão livres… - e eu já estava de malas de viagem e capacete na mão à porta da estação da EagleRider (link). A ansiedade aumentava a cada minuto que passava e a papelada que tinha de assinar, apesar de simples formalidades, pareceu-me no momento uma estrada sem fim. Alguns minutos depois entregavam-me uma nova e lindíssima Harley Davidson Ultra Classic Electra Glide com pouco mais de 900 milhas rodadas. Viva Las Vegas!
Foto: Gonçalo Fabião |
Como todos sabemos a viagem encontra três momentos: antes, durante e depois. O antes tinha sido atribulado. Uns ditos amigos prometeram-me ajuda com a moto e no final deixaram me com uma mão cheia de nada – e ainda levaram algo em troca…, a vida é sempre a aprender. Ingénuos daqueles que julgam nestas coisas não existir plano B. Este, o plano B passou por chegar junto do responsável da EagleRider (link) na Europa, com a ajuda de outro (este sim!) amigo. A troco de nada foi-me dado um desconto simpático que sempre dava para pagar o hambúrguer e a Bud fresquinha ao fim do dia.
THE LAND OF THE FREE
A Ultra Classic Electra Glide não saiu barata. Custou cerca de 100 dólares por dia. Mas hoje tenho a certeza absoluta que foi dos dinheiros mais bem gastos da minha vida. A viagem de que vos falo, e que talvez por tão especial que foi pouco ou nada vos contei, ainda a estou a viver. É o depois da viagem que ainda dura passado tanto tempo. Uma viagem épica cujo epicentro foi o Utah e os seus The Mighty Five – cinco National Parks, a saber, Arches, Bryce Canyon, Canyonlands, Capitol Reef e Zion.
Foto: Gonçalo Fabião |
Nesta viagem ainda houve tempo para um salto ao vizinho Arizona e bordejar o Grand Canyon National Park, outro salto ao Colorado e ao icónico Monument Valley. E ainda para cruzar alguns dos troços mais históricos da incontornável US Route 66 – que já conhecia um pouco – e da US Route 89, uma estrada que foi reconhecida pela Natonal Geographic apenas como a “The No. 1 Driver's Drive in the world”.
FIND YOUR FREEDOM
Não sei se esta foi a melhor viagem da minha vida. Tenho dúvidas. Mas foi sem dúvida alguma, até ao momento, a road trip mais épica da minha vida. Naqueles dias pela estrada fora, milhas sem fim de Harley Davidson Ultra Classic Electra Glide, tudo fez sentido. E compreendi o ser em si deste género de motos tão orgulhosamente Norte-americano.
Foto: Gonçalo Fabião |
Revivi tudo isto e muito mais nos dias que tive comigo a Indian Challenger Dark Horse. Não é fácil sentir na plenitude esta moto nas nossas acanhadas estradas e no frenesim do nosso trânsito de sangue latino. Seria apenas patético mostrar que uma moto desta natureza faísca das malas, numa estrada retorcida, apenas porque temos uma incontrolável necessidade de permanente afirmação em determinado meio. Este país não é para uma Indian Challenger Dark Horse? Claro que é! E é necessário compreender que moto é esta para nos deixarmos apaixonar.
A DESAFIADORA
Como o nome indica a Indian Challenger Dark Horse veio ao mundo para provocar. Quem? A Harley Davidson e os seus apaixonados adoradores. A Indian não o esconde. Esta moto vem desafiar a Road Glide, poderosa power Bagger da Harley Davidson que é dona e senhora do segmento desde o seu nascimento em 1998.
Foto: Gonçalo Fabião |
Ponto prévio: as motos norte americanas não são todas iguais. Entre outras podemos encontrar: Cruiser, Bagger e Touring. As primeiras, as Cruiser, são motos de posição de condução suave e relaxada, despidas por natureza para nos oferecem o doce sabor da brisa e demais elementos no rosto. As Bagger evoluem das Cruiser com o apelo da viagem, por isso trazem com elas espaço para bagagem – regra geral duas poderosas malas laterais. Já as Touring buscam a máxima protecção contra os elementos, o máximo conforto e a máxima capacidade de bagagem para uma volta ao mundo se tal necessário for, são motos de Grande Turismo.
CONTEMPORÂNEA E INTELIGENTE
E depois temos a Indian Challenger, que chega para tentar combinar alguns destes elementos. Em bom rigor a Indian Challenger Dark Horse combina elementos de uma Cruiser – exemplo disso é o seu ecrã de proteção aerodinâmica ajustável eletronicamente – com elementos de uma Touring pois dispõem de toda uma ergonomia com foco no conforto para as grandes distâncias.
Foto: Gonçalo Fabião |
A desafiadora junta ainda por debaixo das suas carnagens um arsenal tecnológico. Duas centralinas e a unidade de gestão electrónica IMU da Bosch de 6 vias que disponibiliza, entre outros, sistema de controlo de tracção dinâmico, ABS com controlo em curva e controlo de aceleração. Tudo isto aproxima a Challenger das mais actuais das motos globais.
Todavia o coração da Indian Challenger Dark Horse mantém-se como o coração de qualquer norte americana de linhagem. O novo motor PowerPlus é um colossal bicilíndrico em fisga de 1769cc a debitar 122cv e 178Nm que oferece três modos de potência: Rain, Standart e Sport. Este último é uma absoluta delícia na entrega de potência.
Foto: Gonçalo Fabião |
Para segurar todo aquele músculo, a Challenger oferece forquilha invertida no eixo dianteiro, amortecedor Fox regulável no eixo traseiro, pneus Metzeler Cruisetec - interessantes em seco mas uma desilusão em piso molhado. Um completo sistema de infoentretenimento, num painel de sete polegadas sensível ao toque até com luvas, com sistema navegação e Apple CarPlay compõem o conjunto. E, cereja no topo do bolo, aqui vamos encontrar um sistema de colunas de grande capacidade (6.5"), incrustadas na carenagem, que debita um áudio com 100W de capacidade, enquanto o equalizador dinâmico faz o ajuste automático consoante as condições da estrada, velocidade, vento e ruído do motor. Pode haver melhor som numa moto mas eu não conheço.
A ARTE DE SABER VIVER
A Challenger Dark Horse assume-se assim como um poderoso Navio-almirante da frota Indian. Foi orgulhosamente construída para ser o centro das atenções e das tentações. Convida aos grandes espaços. Convida à viagem. Convida ao prazer. Não é um ferro acéfalo.
Foto: Gonçalo Fabião |
É uma moto contemporânea e inteligente - fica apenas eventualmente a faltar um sistema que auxilie nas manobras da moto enquanto parada vulgo marcha atrás - que grita por ser levada para longe da cidade e seus arredores. Se for bem compreendida e tratada vai oferecer ao seu dono milhas, perdão, quilómetros, de puro gozo e satisfação.
É cara dizem. Não sei. Sei sim que o luxo e a exclusividade nunca custaram pouco dinheiro. Esta Bronze Smoke solicitou pouco mais de seis litros do líquido inflamável que tanto adoramos por cem quilómetros de american dream. A marca pede um cheque de 31.490 € para que o espírito de endless road faça parte da banda sonora do vosso prazer.
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