segunda-feira, 29 de março de 2021

Triumph Trident à prova

Pocket rocket! Numa palavra é algo facilmente manuseável e com qualidade de ser explosivo. Numa moto: leve, usável, rápida e com aptidão para vencer as batalhas do dia-a-dia. É assim mesmo a nova interpretação de um nome icónico da lendária Triumph: a nova Trident.

Foto: Gonçalo Fabião

Em bom rigor a Trident original nasceu irmã gémea da BSA Rocket 3, uma avançada roadster de alta desempenho produzida e comercializada pela Brimingham Small Arms Company (BSA) de 1968 a 1975. A primeira Triumph Trident foi uma sofisticada “street motorcycle” que segundo diversas fontes marcou de certa forma o início de uma era que deu origem ao tempo das “superbike”. 

Foto: Gonçalo Fabião

Já nos anos 90 do século passado Hinckley recuperou o nome tentando também resgatar a alma. Mas a Trident do final do século XX, apesar do aplauso de alguma comunicação social europeia, nunca honrou o espírito de inovação e rotura com que tinha nascido o nome Trident. Hoje tudo mudou. A lenda está de regresso! 

TESE, ANTITESE, SINTESE 
Confesso que desde a sua apresentação à comunicação social, estava “em pulgas” para colocar olhos, tronco e membros na Trident. No desenho a Triumph alcançou uma síntese sublime. Digamos que a tese é a frente clássica, roadster despida, de farol e instrumentos redondos. Já a secção traseira funciona como antítese; contemporânea de inspiração latina, com um escape curto mas ainda assim proeminente, bem desenhado e enquadrado no conjunto. 

Foto: Gonçalo Fabião

Ao fazer o habitual direto na página de facebook que suporta este blogue (link), confesso que não referi os 660cc do tricilindrico, coração de onde irradia toda a vida da Trident. Só me apercebi disso mesmo mais tarde, ao ler a caixa de comentários desse vídeo em directo, com a insistência de quem via o vídeo no sentido de aferir da cilindrada da moto. Tal, revela entre outras coisas mais que os vetustos canais de comunicação são a cada dia que passa isso mesmo: apesar de respeitáveis pela sua ancianidade, estão deteriorados pelo tempo. 

DELICIOSO MINIMALISMO 
Vamos lá então a um momento “ficha técnica” que este ESCAPE não quer que falte nada ao seu leitor. A Triumph Trident monta num minimal quadro perimétrico em tubos de aço, um motor de três cilindros em linha que debita 81CV e 64 Nm, num conjunto onde se destacam ainda suspensões Showa e travões Nissin e que pesa uns incríveis 189 Kg com depósitos cheios, o que deve dar, mais coisa menos coisa, uns meros 170 quilogramas a seco. Uauuuuu….!!!

Foto: Gonçalo Fabião

Lá está. Pocket Rocket disse eu no início do texto. Leve pela natureza das coisas. Usável, pois muito fácil de “abraçar”, mover de um lado para o outro em pequenas manobras, e onde qualquer senhor e senhora chega com facilidade com os pés ao chão. Rápida idem? E de que maneira. Motor, também ele uma síntese perfeita entre um dois e um quatro cilindros, de resposta “na ponta da língua” em qualquer faixa de rotação que seja negociado. 

Foto: Gonçalo Fabião

A moto é toda ela uma absoluta delícia. Não perde uma batalha urbana – cá está uma das vantagens de provar a moto em cenário real e não no “ambiente controlado” de uma apresentação organizada – e pede uma estrada retorcida sempre que é colocada a trabalhar. Confesso, esta Trident ama de paixão asfalto seco e lisinho, pedindo baixinho para ser levada para circuito fechado onde toda a sua natureza de pequeno e fofinho foguetão se consiga expressar na plenitude. 

Foto: Gonçalo Fabião

A electrónica seguindo a linha minimal do conjunto - dois modos de condução Road e Rain – deixa-se abraçar por uma posição de condução tendencialmente perfeita, não havendo esforço em qualquer parte do corpo que aplaude todo o conjunto. Apenas lamentamos a ausência de quickshifter que é, todavia, um dos muitos opcionais que a marca disponibiliza. 

AQUELE CHARME QUE A TODOS ENCANTA 
Esbanjadora de estilo, a Triumph Trident sendo uma moto que pode ser encarada como veículo de entrada na marca, não aproveita apenas aos neófitos cristãos que chegam agora à religião do motociclismo. Esta Trident está apta a satisfazer com momentos de puro gozo motociclistas mais experientes que por qualquer motivo buscam algo mais adernalizante ou, simplesmente, enriquecer as suas garagens. 

Foto: Gonçalo Fabião

Foram dias de sorriso aberto, aqueles em que tive esta provocadora Cristal White no ESCAPE. Por cada cem quilómetros de carácter exigiu-me pouco mais de cinco litros do tal liquido inflamável que faz a nossa felicidade, solicitando a marca britânica uns muitíssimo razoáveis 7.995€ para levarem uma convosco, sublinhando ainda a marca que para um período de uso de três anos a Trident solicita pouco mais de oito horas de oficina com um custo 25% abaixo da concorrência – contas feita com base na manutenção programada pela fábrica.

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