Hoje tive de circular em Lisboa àquela hora que se convencionou chamar “de ponta”. Décadas habituado à mota enquanto meio de transporte diário, só me aprecebo ao que ia quando, ao ligar o radio da “lata”, fico a saber que “hoje o metro de lisboa só abre as suas portas às 10 horas”.
Odeio conjugar o verbo odiar, e este momento, ficar preso no trânsito por um qualquer obrigação, é dos poucos na vida em que tal acontece.
Mas havia uma missão a cumprir: buscar a minha mãe que está num hospital nos arredores de Lisboa, atravessa-la (Lisboa, não a minha mãe) para que ela (a minha mãe, não Lisboa) possa fazer análises num outro hospital nos antipodas do primeiro.
Com a notícia da greve do metro e enquanto aprecio a longa e distinta fila de três vias de automóveis absolutamente parados no eixo norte-sul, entre a zona de Sete Rios e a saída da Ameixoeira (o Google maps indica-me agora que tal distancia corresponde a quase sete quilómetros) tento abstrair-me da “má onda” e imediatamente o CPU do GPS mental começa a trabalhar a todo o vapor.
De forma relativamente fácil, rapidamente encontro alternativa na excelente rede viária da região de Lisboa - uma das melhores da europa e do mundo em torno de uma capital de um país. Restava testar se aquilo a que se costuma chamar “uma volta maior”, aqui redundaria em sucesso.
“Santo Deus tu conheces os caminhos todos, rapaz” dizia-me a minha mãe. Resultou, com mais meia dúzia de quilómetros, consigo fintar as filas e, rigorosamente sem parar em qualquer congestionamento, chegar ao meu destino.
O regresso já não foi problema, a tal “hora de ponta” lá murchou e consegui cumprir com destinação minha missão.
Enquanto fazia a pequena viagem e ouvia da boca maternal o habitual rol de queixas, duas quesões não me saiam da cabeça. Por um lado, até quando vamos, todos nós, ter pachorra para aturar os grevistas-fascistas que destroem as empresas públicas (públicas, nossas, de todos nós) com a sua abusiva interpretação de uma Lei da Greve produzida para nos defender a todos enquanto comunidade; por outro, até quando vão “eles” perder horas e horas de salubridade numa fila de carros.
A conclusão a que chego é drmática..., se “eles”, os fundamentalista do enlatado, aqueles que continuam a ser uma esmagadora maioria, face a nós motociclistas…, se “eles” nem sequer são capazes de puxar pela cabeça para encontrar um caminho alternativo nos dias de trânsito congestionado, nunca, mas nunca, vão conseguir libertar-se da lata que os prende e lhes rouba diariamente a sanidade mental e, quem sabe, no limite, até a própria vida.
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