Esta semana comprei a revista Time Out, edição Lisboa. A Time Out já fez parte das minhas leituras assíduas, hoje não. Mas o tema de capa, “Segredos da Caparica”, fez-me sorrir. Adoro conhecer segredos de um dos meus locais favoritos do planeta. Sim, para quem sabe, a Caparica pode ser épica.
Num artigo intitulado “aqui vou eu cheio de pica”, oferece-nos logo desde o inicio, supostas dicas de como ir, no verão, para a Caparica. De carro, de comboio, de autocarro, de ferry, de bicicleta…; uppss…, cheio de pica, no verão, para a Caparica de carro, transportes públicos ou a pedalar?
Agora a serio…, como é possível no verão do ano da graça de 2015, tentar convencer as pessoas a ir (e voltar) para a Caparica enlatadas ou à força de pedal?
Como é possível uma revista que, supostamente, reconhece e define tendências, não se aperceber que todas aquelas formas de um ser humano se deslocar para a praia preferida dos lisboetas estão profundamente erradas, sendo possível fazê-lo de forma mais óbvia, eficaz, económica, bem-disposta, gira, simples e socialmente responsável?
Salvo situações particulares (os miúdos, os mais velhos, os doentes) só existe uma forma aceitável de um lisboeta se deslocar para os banhos frios da outra banda: de mota! De mota, em sentido lacto. De mota, de scooter, de “vespa”, de “vespinha ou vespão”, de veículo de duas rodas com motor auxiliar seja qual for a sua cilindrada.
Já eu, repito o que disse aqui (link): “para nós, motociclistas, é terrivelmente estranho como ano após ano, verão após verão, nos cruzamos com as mesmíssimas pessoas - pelo menos assim nos parece ser – ali, horas e horas fechadas dentro das latas primeiro para chegar, depois para partir, por fim para atravessar a Ponte”.
A Time Out, num artigo de oito paginas com mais imagem do que texto, parece ter tirado ela própria um desconto de tempo. No fundo, só dá razão aos que afirmam: o pior dos cortes dessa malfadada crise, foi o corte no tempo para pensar.
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