Depois de em Fevereiro passado ter conhecido a surpreendentemente dócil e equilibrada XCa 1200 (link), foi agora tempo de explorar a irmã mais nova da mais recente ninhada britânica de felinos travessos.
Vários motivos concorreram para que, desta vez, tenha ficado muito aquém dos quilómetros que gosto de fazer para conhecer uma mota. Ainda assim, não me posso queixar muito. Um fim de tarde, serra acima, serra abaixo, em Sintra, ao qual se juntou um dia de normal utilização diária da mota por Lisboa, deixaram claro que estamos na presença de uma mota com personalidade. Sim, mas que tipo de personalidade?
Sejamos claros, esta XCa (“X” porque sim; “C” de campo e “a” de aventura) não esconde ao que vem: estamos perante uma pura trail substancialmente diversa da 800 XRx que tive o prazer de conhecer no ano passado (link). Este Tigre é afoito, foi desenhado para maus caminhos – desde logo na posição de condução elevada e na jante 21 polegadas na roda da frente - e quase que nos obriga a trilha-los.
Confesso, deixei- me cair na tentação do Tigre sedutor e fui explorar o modo off-road (não provei o off-road pro que desliga todas as ajudas electrónicas) para onde dava mais jeito: os lindíssimos estradões da Serra de Sintra, aqueles onde toda a gente jura ser proibido circular mas onde aparentemente cada um faz o que bem entende…
Sendo eu tão verdinho na condução fora de estrada como a paisagem de Sintra, não tive dificuldade de me colocar de pé, bem seguro nos largos poisa-pés, e tirar partido da excelente posição de condução e da elasticidade dos 95 CV e 79Nm do tricilindrico. Confesso que não morri de amores pela secura da suspensão dianteira (totalmente regulável) WP – pouco sensível quando o piso endurece - mas surpreendido positivamente quando foi necessário andar mais devagar ou manobrar a mota quase parada para “não ir por ali”. Os mistos Bridgestone Battle Wing também não me convenceram.
Já na utilização diária da mota nada há a apontar. A nova Tiger 800 XCa (quatro modos de condução disponíveis para além do Off-Road e Off-Road Pro) é de facto competente e eficaz em tudo. Na cidade surpreende pela agilidade e na estrada torcida quase nos pede para curvarmos mais um bocadinho.
Para retirar algumas dúvidas que tinham sido colocadas na noite tertuliana (link) decidi fazer algo que raramente faço: andar muito, muito depressa. Assim foi, a fundo na A5, em especial até ao “STOP” para pagamento em Carcavelos. Apesar de uma mota assim não ser desenhada e construída para estes “andamentos”, não notei quaisquer anormais vibrações. Muito pelo contrário, senti adrenalina num motor que em alto regime é verdadeiramente delicioso.
Admito, foi uma prova algo abusada. E no momento de reabastecimento na “ourivesaria” do precioso líquido inflamável, a factura saiu acima das expectativas. Pouco mais de cinco litros e meio por cem quilómetros de deliciosas travessuras felinas. Travessuras estas disponíveis em troca de um cheque no valor de 14.850€ que é o que a Triumph Portugal reclama por levarem para vossas casas este pequeno Tigre malandro.
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