No início de Maio passado, este ESCAPE esteve aqui (link) na apresentação nacional da versão 2021 da popular Honda NC750X. Num dia glorioso que já anunciava o verão, tive oportunidade de conhecer uma moto revista e atualizada para continuar a liderar e onde as palavras-chave são uma economia e eficácia que sublinham ainda mais a natureza versátil desta utilitária com ansiedade de liberdade. Agora foi a vez da Susana Pereira (She’s 2 Wheeled) - fotografada pelo Gonçalo Fabião - se pôr ao fresco durante alguns dias com uma “encarnadinha” equipada para viajar, tendo descoberto no fim da prova que afinal os quilómetros mesmo quando aparentemente muitos, acabam por saber a pouco.
Liberdade. Estado ou particularidade de quem é livre. Há muito que não se falava tanto de liberdade e do direito à liberdade como nos dias que correm, em que nos vemos obrigados a sucessivos confinamentos e restrições que nos são impostos, condicionando a forma como queremos viver e que nos fazem valorizar ainda mais esse direito que tínhamos como adquirido mas que se calhar muitas vezes não o temos presente como o bem precioso que é e não desfrutamos dele como deveríamos. Tantas vezes no decurso da nossa vida nos apercebemos que apenas damos valor a determinadas coisas quando deixamos de as ter!
Sempre dei muito apreço à minha liberdade e sempre lutei por ela e pela minha independência! A liberdade sempre me deu a oportunidade de construir novos sonhos e de apontar novos caminhos. A liberdade dá-nos autonomia e permite-nos viver pelos nossos termos sem nunca esquecermos de respeitar a liberdade dos outros! Não nascemos para estar presos ou confinados, tanto que uma das formas mais comuns de castigo é precisamente a privação da liberdade.
URBANA ATREVIDA OU ENVERGONHADA AVENTUREIRA?
Desde miúda que sempre olhei para as motos como uma expressão e forma de liberdade e sempre desejei sentir esse sentimento de espírito livre e até selvagem que nos proporciona o viajar de moto. Gosto imenso de viajar, de saber que cada dia me trará novos horizontes, novas sensações, novas experiências e momentos para guardar na minha caixinha das memórias, cada dia um novo desafio, cada dia um novo começo! E que melhor forma de o fazer do que de moto, em que estamos tão expostos a tudo o que nos rodeia, podendo assim absorver ao máximo tudo o que nos é oferecido.
A nova Honda NC750X DCT pode muito bem enquadrar-se nesse espírito de liberdade, pois é uma moto multifuncional e utilitária, adaptando-se tanto ao estilo mais citadino como ao mais aventureiro. Não admira que seja um dos modelos mais vendidos na Europa, tal é a sua versatilidade, aliada ao seu inovador motor bicilíndrico, bastante económico e à sua posição de condução confortável e descontraída. Para tirar partido dela em pleno, nada melhor do que um fim-de-semana a acampar na natureza, longe de tudo e de todos, como convém, sobretudo nesta realidade que vivemos, e com a oportunidade de a testar em estrada e também um pouco fora dela, desfrutando do seu lado mais aventureiro.
O DCT QUE AFINAL É CLICHÉ
Tinha bastante curiosidade em experimentar este modelo da Honda, isto porque na altura em que adquiri a minha moto, este foi um dos modelos que estava na calha. Foi a primeira vez que experimentei uma moto com a tecnologia DCT (Dual Clutch Transmission) que, na minha opinião, se mostra ser extremamente prática sobretudo na cidade e se calhar para condutores menos experientes, pois com esta tecnologia nunca corremos o risco de a moto ir abaixo num semáforo ou de fazermos figurinhas ao sair da esplanada da moda com a plateia a observar-nos. É também de realçar que com esta tecnologia poupamos bastante em calçado, uma vez que deixa de haver o desgaste da utilização do pedal de mudanças. Foi por isso muito estranho para mim quando me sentei na moto e não vi nem manete de embraiagem, nem pedal de mudanças, elementos aos quais tentei recorrer muitas vezes, tal não é a força do hábito. Cheguei mesmo a questionar-me se seria capaz de me habituar e de conduzir a moto. Mas como se costuma dizer, primeiro estranha-se, depois entranha-se!
A tecnologia DCT é pioneira e inovadora no que respeita a motos, sendo uma transmissão com dupla embraiagem, uma para a 1ª, 3ª, 5ª velocidades e START e outra para a 2ª, 4ª e 6ª velocidades. Ao contrário do que muitos pensam, não se trata de um sistema de mudanças automáticas, mas sim de um sistema com uma estrutura de transmissão manual em que as operações de embraiagem e de mudança de velocidades são automatizadas, permitindo ao condutor que se concentre apenas na aceleração e travagem da moto, muito embora possa fazê-lo também manualmente, bastando para isso accionar as patilhas existentes para o efeito no punho esquerdo.
O EQUILÍBRIO DAS COISAS SIMPLES
Para 2021 a NC750X apresenta carenagens dianteiras mais aerodinâmicas e com um look mais agressivo e um espaço de armazenamento ampliado (23L) onde facilmente cabe um capacete integral com “pala”, tendo a opção de vir munido de uma prática entrada USB. Este aspecto do espaço de armazenamento foi algo que sempre me fascinou nesta moto, pois dá tanto jeito no dia-a-dia! O motor também foi alvo de melhorias na sua performance com uma injecção extra de binário e um impulso acrescido de potência, em concordância com a norma Euro 5, contribuindo assim para um futuro mais limpo.
Uma das coisas que me surpreendeu pela positiva foi que apesar do seu peso em ordem de marcha, na versão DCT, ser de 224kg (ainda assim, menos 6kg que a versão anterior), a sensação que tive ao conduzi-la foi de que era bem mais leve, o que mostra que o peso está muito bem distribuído, tendo um centro de gravidade baixo, graças também às melhorias no motor e na parte ciclística, dando uma sensação extra de segurança aos condutores menos experientes, graças à sua estabilidade, aliada ao facto de que mesmo condutores mais baixos chegam com facilidade com os pés ao chão, tendo a altura do banco sido reduzida em 30 mm (145mm de altura ao solo).
Apresenta também um estilo mais minimalista e moderno, com destaque para o painel de instrumentos num ecrã LCD bastante intuitivo, os novos faróis em LEDs, farolim e piscas traseiros, bem como um novo pára-brisas que oferece mais proteção. O novo modelo de 2021 trouxe também a inclusão de ABS padrão e um sistema de aceleração TBW que agora permite vários modos de condução, dependendo das condições da estrada - RAIN, STANDARD e SPORT - para além de um modo USER personalizável. Para além disso, vem também equipada com o sistema HSTC de controlo de tração seleccionável da Honda, muito mais suave e refinado graças ao sistema TBW.
QUANDO OS QUILÓMETROS SÃO SEMPRE POUCOS…
A NC750X que tive oportunidade de experimentar, vinha equipada com três malas, bastante espaçosas, muito embora não tenha usado a maior parte do espaço, uma vez que a viagem não foi longa e foi em modo minimalista. Pessoalmente não sou muito adepta de malas de plástico e no caso destas, achei que por vezes tinha que dar um jeito extra para elas encaixarem na perfeição e as conseguir fechar.
Um episódio caricato foi eu ir à bomba de gasolina para abastecer e não encontrar o tanque de abastecimento. Que totó me senti!! Como não quis fazer figurinhas, segui o meu caminho e fui verificar no livro de instruções. O tanque de combustível encontra-se debaixo do banco e pela minha experiência a forma como abre e fecha não é a mais prática, por vezes empancava, mas também pode ser devido à minha falta de jeito. Outro aspecto interessante que esta moto traz é uma espécie de travão de mão, que podemos accionar por exemplo quando estacionamos numa subida mais íngreme, não correndo o risco de a moto decidir fugir pela calçada abaixo.
Esta moto proporcionou-me sem dúvida uma escapadela para recarregar as baterias, de que tantas vezes necessitamos, mostrando-se efectivamente uma moto muito funcional e versátil, de condução fácil e suave, bastante confortável e muito económica, tendo capacidade no depósito para 14 litros de combustível que me permitiu fazer um consumo de 3,5L por cem quilómetros. Só tenho pena de não ter andado com ela mais dias!
Sem dúvida que a NC750X é uma moto bastante atractiva não só em termos de estética mas também no que respeita à sua performance e versatilidade. Não é pois de todo de estranhar que tenha tanto sucesso, sobretudo porque o preço é bastante simpático: versão caixa DCT a partir de 9200 Euros, versão caixa manual desde 8300 Euros.
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