Como bem sabem os “clientes habituais” deste ESCAPE, a página de Facebook que suporta este blogue (link) é amiúde alimentada com um vídeo em directo cujo tema é a moto que se prova. Não tive grandes dúvidas ou questões, quando decidi chamar ao directo relacionado com a Voge 500DS de “motociclismo contra o preconceito”. E hoje, neste texto que pretende relatar a primeira experiência com uma moto da marca Voge, marca satélite do gigante industrial chinês Loncin, tenho de voltar ao tema.
Preconceito é a opinião desfavorável que não se funda em dados objectivos e sim baseada unicamente num sentimento hostil motivado por hábitos de julgamento ou generalizações precipitadas. A palavra também pode significar uma ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial. Autores definem ainda preconceito como um sentimento não baseado na verdadeira experiência.
Foto: Gonçalo Fabião |
Não deixa de ser extremamente curioso que a denominada sociedade aberta encerre em si os seus mais ferozes detractores, mesmo inimigos. É um paradoxo. E é precisamente por ser aberta, essa sociedade, que tolera e permite o seu antagonismo. Mais curioso é ainda que sendo o motociclismo um espaço de liberdade exista tanto motociclista obtuso, esdrúxulo, preconceituoso mesmo.
Foto: Gonçalo Fabião |
Deixem-me enumerar ainda dois exemplos comuns de preconceito no motociclismo para tentar ilustrar a minha afirmação: primeiro, o sentimento hostil para com os utilizadores e amantes de scooters, segundo, sentimento idêntico para com os fãs do sistema DCT da Honda. Não deixa ainda de ser curioso que os ignorantes detractores do sistema DCT da Honda digam que os motociclistas que conduzem motos equipadas com aquele inovador e eficaz sistema de dupla embraiagem são, precisamente, apelidados de condutores de scooters. A estes preconceitos com alguns anos, tem-se somado recentemente o sentimento hostil contra a moto chinesa ou fabricada na china, seja qual for a sua marca, geometria ou cilindrada. Se é chinês não presta, dizem os “entendidos”.
DIGNIDADE, QUALIDADE, RESPEITO
O preconceito é assim uma tábua rasa: vai tudo a eito. É a arma dos ignorantes. E contra ela temos uma arma bem mais eficaz que deve ser praticada: curiosidade natural, liberdade de pensamento, espírito critico, informação e conhecimento. Numa palavra: cultura!
Foto: Gonçalo Fabião |
A Voge 500DS é o veículo ideal para levar para o campo de batalha do conhecimento e fazer frente de forma feroz ao preconceito. Nobre e distinta trail urbana, desenhada com o cuidado suficiente para transpirar personalidade sem, contudo, se fazer notar de forma demasiado exuberante, é neste momento a bandeira e farol da jovem Voge.
Foto: Gonçalo Fabião |
A 500DS monta num quadro tubular elementos de qualidade. O motor é um espartano bicilindrico em linha (Euro 5) com 471cc (47cv, 41Nm) podendo assim ser conduzida por cristão novos que chegam agora à “fé” do motociclismo. As suspensões são Kayaba (forquilha invertida na dianteira) e a travagem Nissin, sendo esta assistida por ABS Bosch. Ambas as jantes de 17’.
O PRAZER DAS COISAS SIMPLES E EFICAZES
A posição de condução é vertical, neutra e muito correta. Depressa nos familiarizamos com a moto. Apreciamos a elevada proteção aerodinâmica, podendo o ecrã ser regulado em altura de forma manual. Não apreciamos algum excesso de vibrações ao nível das peseiras – em especial quando rodamos em cidade com calçado mais leve -, o acabamento dos comandos e o painel de instrumentos que sendo completo é de difícil leitura nestes dias mais luminosos.
Foto: Gonçalo Fabião |
Todavia, estes aspectos a melhorar em versões futuras, são apenas detalhes que acabamos por esquecer face ao surpreendente prazer que a Voge nos oferece. O motor é vivo e disponível – podendo definitivamente a caixa ser mais longa nas suas primeiras relações – e a ciclística aprimorada. Facilidade de utilização, simplicidade e dinâmica são características que rapidamente qualquer motociclista, mesmo os menos experimentes, vão reconhecer na 500DS. A forquilha dianteira surpreende pelo conforto e assertividade; a travagem cumpre sem reparo a sua função e isso é muito bom.
Foto: Gonçalo Fabião |
Qualquer motociclista despido do negrume do preconceito vai encontrar aqui eficácia e mesmo prazer na condução. Já o motociclista preconceituoso vai ter de “despir o seu fato” para não ficar mal na fotografia, pois vai encontrar aqui uma moto objectiva que cumpre com muita eficácia as funções que lhe foram confiadas.
BOA TAMBÉM NA CARTEIRA
Para este ESCAPE, a Voge 500DS que agora chega até nós a um dos segmentos de mercado mais pujantes do momento, foi uma excelente surpresa. Leve – pouco mais de 200 Kg com um depósito de dezassete litros – e económica, ofereceu-me dinamismo urbano e prazer nas deslocações aos arredores da cidade. E não se “escondeu” quando foi chamada a momentos de condução mais apimentados, também porque vem bem calçada - Pirelli Angel ST.
Foto: Gonçalo Fabião |
A moto que pretende conquistar o segmento carta A2 tem um último argumento fortíssimo. Sorveu apenas quatro litros do preciso liquido feito a partir do sumo do dinossauro por cem quilómetros de boa disposição oferecida, solicitando a marca uma transferência de 6.395€ para levarem uma unidade para a vossa garagem. Notem que este preço pode ainda baixar para 5.945 em caso de promoção e para 5.295€ se optaram por uma das últimas unidades de 2020 – consultem a informação oficial da marca.
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