Na passada quinta-feira almoçava com uns amigos. Um deles motociclista. “Se calhar no sábado vou à Nazaré espreitar o campeonato de ondas grandes…, estou a pensar ir de PCX”. Fui imediatamente insultado. Que era maluco, eu. Com outras motas na garagem “ir agora de PCX à Nazaré e voltar”. Sim, e voltar.
No sábado, já de regresso pela soberba N115, entre os campos frescos e verdejantes e as vinhas despidas pelo inverno, tudo a cheirar à lenha que algures crepitava e banhado a ouro pelo sol frio de um magnifico fim de tarde de Fevereiro, pensava “com os meus botões”: e eles, onde estão eles, onde estão os motociclistas? Querem ler?
O dia tinha começado bem cedo. A A8 foi abandonada no Infantado e o ataque ao Oeste fez-se pela ignorada N374. Torres Vedras surgiu logo ali e - vá, podem rir à vontade – as agora famosas “curvas do Bombarral” foram feitas a fundo. Fácil. Evitando ao máximo vias rápidas, chego em menos de duas horas à Nazaré. Estou convencido que uma média cilindrada, no mesmo percurso, demoraria pouco menos tempo. E não teria gasto uns míseros três litros por cem quilómetros de “aspiração”.
O Nazaré Challenge, terceira etapa do circuito mundial de ondas gigantes da World Surf League, revelou-se um fiasco. Demasiado vento impedia uma remada eficaz e impossibilitava o drop. Vinguei-me à mesa, logo ali ao lado numa terra chamada Famalicão e numa casa simples mas honesta chamada “O Cantinho dos Leitões” – gente educada, decoração rustica, leitão saboroso e bem assado; belo preço.
E voltar? Sim, e voltar. Com tempo, decidi dedicar a tarde à tal N115 com um pequeno desvio para encher os pulmões e sentir o ar frio e seco lá no alto de Montejunto. E eles, os motociclistas, afinal onde andavam?
Para nós motociclistas a região de Lisboa devia ser isto. Belas e pouco movimentadas estradas secundárias, desenhadas de forma clássica aproveitando o declive natural do terreno, asfalto de qualidade, paisagens pitorescas, um inverno ameno, boa e acessível mesa.
Mas não…, uma mão basta para contar os motociclistas com que me cruzei na estrada. Como em muitos outros sectores da vida portuguesa, os motociclistas preferem uma de duas coisas: alguns, poucos, os locais do costume; a maioria prefere mesmo o teclado de um qualquer computador e aquele recanto da rede social onde se pode, enfim, tentar ser algo se deseja.
Sem qualquer sacrifico, com muito prazer mesmo, a pequena Honda PCX – uma mota acessível a todos – ofereceu-me um belo um dia de motociclismo. Podia tê-lo feito noutra mota? Sim, felizmente podia! Mas já há algum tempo que tinha prometido leva-la a passear…, ver o mar irado da Nazaré e os bucólicos Montes do Oeste. Só não é motociclista quem não quer…, ou quem não sabe, vá.
Tal e qual. Em tempos com pequenina Hoda Vision 110cc fiz excelentes passeios, com alguns a passar os 400km num dia. É preciso é gostar de andar de mota e passear.
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