domingo, 17 de setembro de 2017

Honda CMX500 Rebel à prova

Em 1992, quando abandonei as “cinquentinhas” (que de certa forma eram as 125cc a quatro tempos de hoje) decidi comprar uma Yamaha XV250 Virago. Não havia fóruns, “facebooques”, “reis do teclado” ou sequer cartas por escalões. Na “tasca da esquina” os mais velhos alertaram-me que devia começar por uma cilindrada baixa, mota pequena, acessível e fácil de conduzir. Quando prevalece o bom senso, não é necessária nem Lei nem internet. 

Antes de tudo o mais a Honda CMX500 Rebel é isto mesmo. Banco baixo acessível a todos, media cilindrada, leve e compacta que induz ao primeiro olhar facilidade de utilização e dinamismo.


Mas, ainda no plano estático, esta Rebel é bem mais do que isso, notem: pneus gordinhos, centro de gravidade baixo, um ar simples que parece dizer, “leva me contigo jovem motociclista, sou um quadro em branco, transforma-me à tua medida”. Numa palavra: uma rebelde desprovida de superficialidade. Onde é que já ouvimos isto? Pois (link), cá esta a pequena Bobber da Honda; hoje não temos corridas em pistas de cinza ou em subidas impossíveis mas temos a bem dura batalha diária no trânsito das cidades. 

Para alguém como eu, motociclistas de metro e oitenta, noventa quilos de peso e habituado a ir mais montado do seu sentado, a adaptação à CMX500 não foi imediata. Os braços vão algo fechados, os pés um pouco para a frente e o asfalto está já ali ao lado. Não sendo imediata a adaptação é, no entanto, fácil. 

Dinamicamente, assim que se deu a adaptação às “estranhas” mediadas (130/90-16 e 150/80-16) a Rebel revelou um motor (unidade já conhecida daqui (link) e daqui (link) - vagamente ajustada) agradável e nervosinho quando necessário. 

Vejamos, estamos perante uma mota que nos recorda que tempos houve em que o motociclismo era uma actividade física que nos obrigava a estar em contacto com o vento na cara e com as irregularidades do piso. Posto isto, alguns aspectos não me agradaram; tirar os pés do chão/colocar os pés no chão foi uma delas - problema meu certamente que já não conduzia uma mota com esta geometria há décadas..., a suspensão traseira também denotou alguma secura exagerada.

Tudo aquilo é amplamente compensado pelo..., como dizer..., espirito, animo, “flow” que esta baixinha de linhas arredondadas nos oferece a velocidades tranquilas. Mais do que uma mota para as deslocações diárias nas grandes cidades a CMX500 seduz a um pequeno passeio de fim-de-semana, com os amigos que se vão fazendo por essas estradas reais e auto-estradas virtuais, na demanda da autenticidade do motociclismo que uma Bobber apregoa. 

A prova a esta “Graphite Black”, verdadeira “mota de marginal” (marginal, a estrada, entenda-se) revelou-se francamente poupadinha, 3.4 litros por cem quilómetros de liberdade e “boa onda”. O preço está em linha com a económica “família quinhentos” nipónica, 6000€. Simpático!

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