segunda-feira, 3 de setembro de 2018

A week in a paradise called Portugal (VI)

Quarta-feira, dia 25 de Julho. Chegava, enfim, o dia de começar a navegar na agora famosa Estrada Nacional 2 (N2). Irei escrever sobre ela num registo diferente no âmbito da serie “A estrada, a moto e o telefone esperto” (link). Lá vão poder encontrar outro tipo de comentário. Para já continuem com o relato desta “week in a pardise” (link)… 

O dia tinha amanhecido fresco e o nevoeiro fez companhia à CRF 1000L até Vila Real. Lá, com o sol a subir no horizonte e as nuvens a dissiparem, por um qualquer “pequeno milagre”, o céu ficou naquele azul maravilhoso assim que pisei o asfalto do cada vez mais apaixonante Alto Douro Vinhateiro. Já o escrevi antes e repito. Na minha opinião, o vale do Douro é claramente a maior e melhor obra feita pelos portugueses (pelo menos) nos últimos trezentos anos. 

Dali a estrada torce e retorce ao sabor do rio e da vinha, esta que faz Santa Marta de Penaguião parecer liliputiana, tal a sua densidade naquela zona. Peso da Régua e Lamego ficaram para trás e as curvas sucedem-se até Castro Daire (onde encontrei “cheap fuel” bem à beira da estrada). 

Na aproximação a Viseu a N2 começa a perder personalidade. Até Penacova é mesmo necessário recorrer à roleta russa do IP3 – no dia em que lá passei mais um acidente dramático a registar, com perca de duas vidas e feridos graves. O IP3 é hoje uma das mais perigosas e mortíferas estradas do mundo, uma autêntica vergonha digna de Estado falhado…, enfim… 

Felizmente, cheguei inteiro a Penacova, e nela pude fazer uma paragem mais longa e até dar um fresco e revigorante mergulho nas águas do mondego, na bonita praia do Reconquinho…, quem disse que a N2 não tem praia, quem foi? 

Revigorado voltei ao velho asfalto da apaixonante N2 para percorrer o coração ferido da Região Centro de Portugal. O panorama é absolutamente desolador. Quando não são os despojos da tragédia dos incêndios do ano passado, é a praga do eucalipto que cresce desordenadamente, em bom português, sem rei nem roque. Lamentavelmente, mais um sintoma de Estado falhado…, com os resultados que vimos recentemente a Sul, em Monchique. 

Vila Nova de Poiares, o “oásis” de Gois, Pedrogão Grande, Sertã (mais “cheap fuel” à beira da estrada) e Vila de Rei completaram o dia. O fim da etapa foi em Alvarangel - pequena aldeia junto à barragem de Castelo do Bode, o que obrigou a um pequeno desvio na rota pela Nacional 358 – para repousar num airbnb excelente dinamizado por um casal belga. Curiosamente o jantar foi na própria Taberna da aldeia, onde um irlandês simpatiquíssimo confecciona uma comida indiana digna de Deuses. É a globalização, meus caros… 

Nesta primeiro dia a N2 revelou-se uma absoluta experiência. Uma estada com brilho próprio, que vale por si mesma. Não precisando para ser considerada e elevada de comparações provincianas com outras estradas noutros continentes. 

[continua…] 


Sem comentários:

Enviar um comentário

Site Meter