A Ducati decidiu, em 2015, começar a surfar a onda cavada do revivalismo. Para tal avançou para um line-up cada vez mais crowded recuperando a insígnia Scrambler. Como recordámos aqui (link), ainda que de forma sucinta, de 1960 a 1976 a Ducati produziu quatro monocilíndricas (125cc, 250cc, 350cc e 450cc) que fizeram as delícias de muitos, em especial no mercado Norte-americano, com destaque para as terras californianas.
Mas este ataque em busca da onda perfeita tem sido cirúrgico e feito com método científico. Se quisermos continuar a aproximar este texto ao “surfês” diríamos que estamos perante uma ideia de motociclismo progressivo. De facto, esta segunda vida da Scrambler não se trata apenas de mais um modelo de moto. Esta Scrambler para o século XXI é uma nova marca que proclama como filosofia uma ideia de “The Land of Joy”, isto é: criatividade, jovialidade e espirito livre, num “universo de divertimento, alegria e liberdade constituído por motos, acessórios e vestuário”, e ainda por uma radio on-line (bem boa, por sinal) e, cereja no topo do bolo, pelo menos dois restaurantes em Itália. Lá está…, é motociclismo progressivo, digo eu.
Um, dois, um, dois…, asfalto chama ESCAPE. Ok! Voltando a isto das motos…, certo é que, primeiro com a 800cc e depois com a Sixty2 (399cc) - ambas com múltiplas versões - o mercado recebeu com determinação esta nova “terra prometida e alegre”, e em menos de quatro anos já se venderam cerca de 50.000 unidades de Scrambler Ducati (é assim mesmo que a marca se denomina) por esse mundo fora. Faltava uma versão mais musculada. Cá está ela!
Apresentada na passada primavera na Região de Lisboa em três versões (base, special e sport), a Ducati Scrambler 1100, monta muitas das características que fazem uma Scrambler ser “Srambler”, não se limitando a ser uma mera versão maior do que já existia. Quadro novo, braço oscilante novo, ponteiras de escape elevadas, um banco relativamente curto, deposito de combustível com aspecto e dimensões “fofinhas”, ergonomia muito simples um certo ar espartano e, “last but not least”, um motor verdadeiramente Ducati (derivado da Monster mas adaptado à norma EURO4) pleno de binário (88Nm às 4750 rpm). Ainda parada e silenciada a primeira ideia que me assaltou foi: “espera…, que a moto é bem mais sedutora ao vivo do que nas imagens”.
Aquela ergonomia muito simples não está lá só porque fica bem, tendo correspondência no plano prático. A posição de condução é escorreita e confortável e nos primeiros quilómetros deliciamo-nos com o rouco stereo - duas ponteiras, uma de cada lado. Os primeiros quilómetros servem também para compreender a natureza desta Scrambler, uma moto que dá vontade de travar a guerrilha urbana, saltando convictamente de semáforo em semáforo.
Mas eu gosto mesmo de andar de moto e sujeitei a Scrambler Ducati 1100 Special a uma dura prova, ainda que exclusivamente asfáltica. Levei-a, para fora da sua zona de conforto citadina, a percorrer a sinuosa Estrada Nacional 3 que, quando não desparece misteriosamente ou se transforma em via rápida, liga o Carregado, a Norte de Lisboa, a Castelo Branco – sobre a Nacional 3 o ESCAPE falará mais tarde.
Foram onze horas intensas de motociclismo! Onde a Scrambler se afirmou surpreendentemente confortável e plena de divertimento, quando moto e condutor estão ambos em modo “Active” . O modo “City” (limita potência a 75 CV) foi ainda muito útil quando algures em Mação fui surpreendido por uma carga de água bíblica típica do “tempo das trovoadas”, mas que surpreendeu pelo azul do céu.
Esta foi um Prova intensa, memorável e económica – pouco mais de cinco litros de “ouro liquido” por cem quilómetros de fun, fun, fun. Esta Scrambler precisará sempre de pneus (excelentes no asfalto estes Pirelli) diferentes para uma utilização fora de estrada. Uma caixa de velocidades mais precisa (em especial quando sujeira a stress) também seria bem-vinda. Aspectos que não mancham a natureza de funbike competente da Scrambler 1100 Special, pedindo a Ducati 14.545€ para a levarmos a passear por bons ou maus caminhos.
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