Por vezes tenho a estranha e até certo ponto desconfortável sensação que nós, enquanto motociclistas, somos uns estranhos numa terra estranha…, uma estripe de filhos de um Deus Maior.
Algures na Grande Lisboa, a Norte do Tejo, Sábado passado, hora de jantar, um qualquer telejornal na televisão sempre ligada
- “Não te disse, M´nel…, já ontem Eles diziam que ia estar muita calor”.
- “Sim, maria, amanhã vamos mazé prá Costa”.
- “Mas levamos a Vanessinha..., a menina precisa de apanhar sol”.
- “E o piloto…, Eles agora como não é veram ainda deixem os cães andarem na praia”.
Domingo, trinta graus. Dia mais quente do ano. Quase verão. Verão novo, vida velha.
Os anos passam e o caos é sempre o mesmo nestes primeiros dias de tempo quente. Se a ida para a Caparica faz-se bem, o regresso é a hidra monstruosa e caótica de sempre.
É de todo inacreditável como ano após ano, verão após verão, até de moto é difícil sair das praias mais a sul da cidade da Costa. Aquele estacionamento anárquico, leia-se caminho esburacado de terra mal batida, de acesso à Praia do Rei e demais praias a sul daquela, torna-se intransitável a meio da tarde; com aqueles que ainda querem chegar à praia a cruzarem-se com os demais que já dela estão fartos!
Para nós, motociclistas, é terrivelmente estranho como ano após ano, verão após verão, nos cruzamos com as mesmíssimas pessoas - pelo menos assim nos parece ser – ali, horas e horas fechadas dentro das latas primeiro para chegar, depois para partir, por fim para atravessar a Ponte.
Nos piores dias do ano passado, varias pessoas amigas contaram-me ter demorado mais de três horas para sair da Praia Morena, chagar à chamada “via rápida” e, por fim, atravessar a ponte.
Isto é vida? Ou somos nós motociclistas uns seres estranhamente muito inteligentes?
Sem comentários:
Enviar um comentário