domingo, 21 de junho de 2020

Escape (com) Vida (V) – A moto que sem ser perfeita faz tudo bem por Orlando Salazar

Não conheço pessoalmente o Orlando Salazar. E na verdade sei muito pouco sobre ele. O único contacto que vou tendo é via redes sociais. Mas surpreende-me a sua paixão e cultura motociclista acima da média. Leio-o com atenção. E os seus textos são interessantes. Falta massa critica, muita mesmo, ao motociclismo em Portugal. E todos são bem-vindos a contribuir. Deste conjunto de fatores surge então mais um Escape (com) Vida. 

“Eu sou o Orlando Salazar e a minha paixão são as motas com alma, corpo e coração. Dispenso imitações. Mais! Em tom de brincadeira, costumo dizer “se as minhas motas fossem boas e bonitas, haveria muitas”! Mas têm um charme que me despertam paixão diariamente”. Bem-vindo a este ESCAPE, Orlando. 

Ano 2000. Saía à luz uma mota capaz de competir com a poderosa Ducati 916 que tinha conquistado cinco dos últimos seis campeonatos de Superbike. Sempre considerei a RC51 uma “cópia” elaborada para bater a Ducati. Mas resultou e bem - embora só tenha arrecadado dois campeonatos aos comandos de Colin Edwards. Sim, o binómio 916-Fogarty era imparável -se bem que em 1996 foi Troy Corser a vencer com a 916.

Bô, então eu esqueceria a RC45 e o seu audaz, astuto e divertido piloto? Impensável! John Kocinski, foi o único que conseguiu interromper a sucessão de vitórias da mais célebre criação de Massimo Tamburini - a Ducati 916. 


Pois é. A Honda tem uma história imensa e ocuparia páginas e páginas para falar de cada uma das suas criações. É verdade! Era sobre a loucura da Honda que vos queria falar. A loucura do século XXI da marca da asa dourada de Hamamatsu. Honda CRF 1000L, para mim a mota que sem ser perfeita, faz tudo bem! Só herdou o nome do modelo da primeira criação de 1988 - Africa Twin. E deixo esta nota sobre a sua designação: XRV, XR derivado das motas enduro da marca e V da configuração do seu motor. CRF-L, CRF derivado das atuais motas de enduro e o L da configuração do motor ser um paralelo (2 cilindros em linha). 

A primeira Adventure Sports, a XRV 650, tinha um motor apaixonante. Um V-twin a 52º com 3 válvulas por cilindro, capaz de chegar aos 57cv com enorme facilidade. Uma criação HRC nascida em homenagem às NXR 750, para deliciar os apaixonados pela natureza e pelo deserto africano. 

Dois anos passaram e ganha um motor de 750 cc com mais 5 cavalos conseguindo alcançar uma velocidade máxima de 160 Km/h. Esta foi a verdadeira evolução das Trail de grande cilindrada. A mota ganha nome a “pulso”. Herdado da competição pela conquista de 4 Rally Paris-Dakar e desde então nunca perdeu esse trono de “Rainha Africana”. 


Desde a RD03 lançada em 1988 até à RD07a de 2003, as alterações foram imensas. Novas carenagens, assento, amortecedor traseiro, escape; mas a coqueluche, sempre foi e será o Tripmaster. Dava um toque dakariano. Ainda hoje é referência (apesar de ser algo problemático - também pelos anos e condições a que são sujeitos). 

Chegou enfim a hora da despedida, em 2003, mas sem sucessora. Havia nascido, anos antes, um novo “engenho” que poderia ser a continuação do sucesso da Africa Twin. Nada disso. Nem algo que se pareça. Nasce a Varadero, de 1000 cc de cilindrada e com um motor verdadeiro papa-léguas. A nível estético não há nada a dizer (não se sintam ofendidos quem as tem). Apenas, uma “coisa” desajeitada (para ser uma dual-trail). Um mota indestrutível e um sofá na estrada.

A revolução chega então em 2016 depois de década e meia de “seca”, aparece a afamada CRF1000L Africa Twin. Mota que considero boa para tudo e não é perfeita em nada. 

Mas realmente foi uma revolução no mundo trail, um sucesso de vendas e uma mota com uma polivalência impressionante. Serve perfeitamente para ir ao café, ao pão (pelo atalho mais próximo), à vinha ver as cepas, viajar ao Stelvio e também fazer uma incursão pelos desertos africanos (...), (...) 

Isto até correu bem, mas a vida engorda os ricos e seca os pobres… Ela engordou e as Big Tank ou ATAS, só vieram baralhar as mentes que não pensam por si mesmas e os endinheirados que se acham crescidos ou grandes! 

Sim, neste momento custa mais 4.000€ que no seu lançamento em 2016. A partir daqui foi um tentar chegar aos mamutes menos polivalentes, mas mais galardoadas para ir ao café ao domingo ou às reuniões de amigos ao Cabo da Roca. Aqui vamos ao Sete Mares ou Barreirinha! [Nota: O Orlando vive na Ilha da Madeira]


Esta CRF 1000L tem demonstrado ser uma vencedora, mas sei que a herdeira anda por aí. Engordou uns quilos, ganhou uns ecrãs tipo Nintendo Switch, abandonando a era a preto e branco do Gameboy. Dotaram-na de uns MDCs (Merd@s para Distrair na Condução) e ainda…, sim, ainda uns 5 cavalos e mais 100cc. Uma loucura! Mas dessa não vou falar que não conheço! 

Querem que fale “daquela coisa” do DCT? Não! É melhor não, também tenho scooters! Excelente aposta da marca, sem enganar ninguém, com apodos revivalistas, conseguiram encontrar um público muito fiel. Existem tantos acessórios para a mota que dá para montar “uma outra” mota diferente com os acessórios desta! Confuso não e? 

Quem não leu tudo ou não tiver contra-argumentos, não serve o “toca e foge” de virgem ofendida nem Maria Madalena!

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