segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O Escape no Rock e o Rock no Escape

Diz que é uma espécie de Tertúlia. Ao ar livre, com o suave aroma da fresca maresia do tejo por companhia e um fim de tarde banhado por aquela luz que só Lisboa nos sabe oferecer e conforta os sentidos. 

A Estação fluvial de Belém foi Inaugurada em 1940, no âmbito da Exposição do Mundo Português que tinha por objectivo a comemoração do denominado Duplo Centenário - a data da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência (1640) - foi projectada pelo arquitecto Caetano Carvalho e recentemente restaurada. 


Aquela pequena jóia da arquitectura modernista que continua ao serviço da olvidada ligação fluvial entre Belém e a Trafaria juntamente com o seu espaço adjacente é o local ideal para uma conversa em formato inédito em directo no Facebook. Já amanhã, dia 29 de Outubro. Rui Belmonte - com bem mais de duas décadas de ligação ao motociclismo nacional e internacional iniciou a sua carreira como jornalista na revista Motojornal, depois de uma curta passagem pelo extinto Jornal Duas Rodas; no presente é jornalista na Sport TV na área do motociclismo - junta o seu RockOn Moto ao Escape Mais Rouco e juntos convidamos todos aqueles que andam de moto a intervir, a participar. Venham ter connosco, o local é excelente. 

Nada temos para oferecer, apenas conversa sobre motos e motociclismo. Como desbloqueador de conversa temos uma pequena provocação. “E para ti, perante a nova realidade em que vivemos, qual é afinal a melhor moto?”. 

Vá! Andem dai. Venham respirar. Juntem-se a este ESCAPE e ao RockOn Moto para um fim de tarde diferente e bem animado.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Flávia ou um sonho de uma madrugada de verão

O amor à primeira vista existe? Por esse mundo fora há quem jure que sim, o amor à primeira vista existe, podendo a qualquer pessoa bastar uma fugaz troca de olhares para que tal aconteça. Já os cientistas, esses seres aborrecidos como uma velha e abandonada bota militar, são peremptórios: o amor à primeira vista não é possível, mas a paixão sim. A atracção é sobretudo química, dizem. O aspecto físico e o cheiro podem desencadear uma reacção imediata que nos faz apaixonar. Mas na escolha para uma relação estável, são as referências culturais e sociais que fazem a diferença, dizem os putativos especialistas. Geralmente o que acontece com a maioria das pessoas é um atracção inicial que é puramente sexual. Ei, ei, ei…, calmaaaaaaaa, láá…. 

Foto: Gonçalo Fabião

FOGO QUE ARDE SEM SE VER 
Apaixonei-me pela Flávia por foto. Não tenho vergonha de o dizer. Quem nunca…, no Tinder e assim. Pois, é não é?!? Eu cá, foi no instagram, quando vi umas imagens de Tiago Almeida, O Senhor Tigas, (link) realizadas para ele e para a Unik Motorcycles (link). Booooooomm! Naquele momento senti uma explosão. Mesmo!! Eu tinha de cheirar e tocar a Flávia

O que eu não poderia saber era…, não ser o único. Não, eu não era o único nesse estado catatónico, ridículo, patético: o amor. E com este veio o ciúme. Quando vi a Flávia na capa da REV #58 de Julho/Agosto passados. Ao menos ela, a Flávia, estava bem entregue, à Maria e à lente do Manel. Menos mal para o mal que eram os meus pecados. 

Foto: Gonçalo Fabião

“FERIDA QUE DOÍ E NÃO SE SENTE” 
Dorido, enraivecido, triste, deprimido e humilhado. Dizem que é assim que se sente o ciumento. Não tive tempo para tanta coisa. Eu cá só queria um fugaz abraço da Flávia e sentir o seu hálito a octanas. Fiz por fazer acontecer num sonho de uma madrugada de verão. 

A história de Shakespeare com nome idêntico é desafiadora para glosar, pois são diversas as histórias, que, de alguma maneira, se entrelaçam na obra. De forma divertida, o célebre poeta e dramaturgo inglês explora em “Sonho de Uma Noite de Verão” a idolatria amorosa em oposição ao amor verdadeiro. Pelo menos em Shakespeare, que ao que se sabe nunca foi cientista, as paixões súbitas, tão ardentes como passageiras, são mesmo reais. A leitura de “Sonho de Uma Noite de Verão” permite uma reflexão sobre os não-amores e sobre a valorização da arte e dos seus profissionais. 

Foto: Gonçalo Fabião

CONTENTAMENTO DESCONTENTE 
Foi, pois, assim, numa noite de verão, já de madrugada, uma espécie de after hours - como havia antigamente quando o Novo Fascismo Covideiro não existia e éramos livres para sair à noite -, que dancei com a Flávia e lhe senti o forte odor a carburante que me embriagou ainda com mais desejo. Numa madrugada limpa e luminosa na Lisboa de fim de verão. Iluminados por aquela luz apalermada e inebriante como só Lisboa nos sabe oferecer. 

Exercícios e jogos de palavras à parte, a realidade é feroz. Flávia é possuída por outrem. Simpático, o seu dono e senhor cedeu-a por momentos para esta experiência. Fez bem, pois o sentimento de posse vai ficando cada vez mais vetusto, até nas relações humanas quanto mais nas demais relações. Na verdade, Flávia foi enfim por mim escolhida para substituir a incrível Hulk que tão bem tomou conta deste blogue durante dois anos, captada pelo olhar mágico do Manuel Portugal, a quem agradeço uma vez mais a sessão “UNIKA” que deu origem à imagem agora decaída. 

Foto: Gonçalo Fabião

Chegou assim o tempo de renovar a cara desta página. Também para saudar de forma inequívoca o excelente trabalho do Gonçalo Fabião, exercício esse que os mais atentos têm conhecido e reconhecido, aqui, nos meses recentes. 

DOR QUE DESATINA SEM DOER 
Flávia, variante feminina de Flávio, tendo raiz no nome romano Flavius, significa "dourado, louro". Tal como muitos outros nomes a sua origem decorre de uma característica física. Assim, teria sido o nome utilizado para nomear indivíduos que tivessem os cabelos claros. O original em latim Flavius foi utilizado no Império Romano como nome próprio por vários imperadores, sendo o mais conhecido Constantino, o Grande. Flávia é também o nome de uma santa católica e ortodoxa: Santa Flavia Domitilla, que terá vivido no século I d.C. 

Foto: Gonçalo Fabião

Flávia é aqui a décima sétima criação da Unik Motorcycles foi transformada durante o ano de 2019 com o intuito de homenagear uma senhora, partindo de uma histórica Honda CBX 750 de 1986. Flávia apresenta como principais detalhes uma traseira encurtada cerca de 16 centímetros, suspensão da frente original (bainhas invertidas) da Kawa Ninja ZX9, amortecedor traseiro no lugar da suspensão a gás original, jantes Honda CBR de 17’, pinça traseira Brembo, avanços adaptados ao espaço disponível, mesa de direcção desenhada e cortada a laser, manómetro digital no painel original, piscas led, filtro de ar cónicos, caixa de bateria por baixo do motor recolocando todos os competentes electrónicos, guarda-lama e pintura custom sem uso de vinis. 

Parecendo difícil não é nada fácil fazer a quadratura de círculo de tudo o que vai dito. É óbvio, há aqui emoção. Flávia nascida e criada prateada para homenagear uma senhora, acabou assim como podem ver nas excelentes imagens do Gonçalo – este camarada não pára de nos surpreender – por fazer jus ao nome e brilhar dourada como o seu nome nos braços da Lisboa que alguns dizem ser de Ulisses e todos sabemos ser um lugar simbólico de fronteira e de passagem. 

Foto: Gonçalo Fabião

Ou…, não terá passado tudo isto de um mero sonho de uma madrugada de verão…
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