quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Choque e espanto


Com a abertura do Salão de Tokio ai estão as surpresas…, como esta indescritível Yamaha MWT-9 de três rodas. Um protótipo, é certo. Mas muito interessante. 
“Brutal” e “pinta bestial” são palavras que a espanhola Solo Moto (link) usa para descrever este exercício da marca nipónica equipado com o motor que deriva da MT-09. Choque e espanto…, é só que nos oferece para já dizer…

 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Alpes 2015 (II)

(Após um merecido dia de refrescante descanso…) 

Nada melhor do que começar, literalmente, em grande: Passo dello Stelvio. Os seus 2757 m colocam-no no sexto lugar das mais altas estradas asfaltadas da Europa - terceiro entre as denominadas de “Passo”, isto é, em bom português, aquelas que não terminam por ali mesmo mas, pelo contrário, têm saída para o outro lado da montanha. A subida parece infinita mas a recompensa é generosa. Lá bem no alto podemos encontrar o simpático Ernest e a sua autodenominada melhor “bratwurst” (salchicha de origem alemã) da Europa; vão e provem, é só o que vos digo. O mítico Stelvio confere ainda acesso ao Umbrailpass que, curiosamente, é hoje a mais alta estrada asfaltada na vizinha Suiça. Neste primeiro dia verdadeiramente alpino, não resisti ao Umbrail e a fazer uma breve incursão pela Suíça para descer até à bela Santa Maria Val Mustar, subir ao Ofen Pass (Passo del Forno) e…, voltar a fazer tudo ao contrário. Afinal…, eu tinha acabado de chegar à Disneylandia das curvas! 

Após um primeiro dia de alta montanha com contagens de categoria especial, utilizando terminologia das grandes provas velocipédicas, seguiu-se um dia mais rolante. Ou não? Pois…, ou não! A um curto desvio no caminho que nos levaria até às apaixonantes margens do Zeller See, já na Áustria, encontrava-se o imponente Timmelsjoch (Passo del Rombo), e a sua Hochalpenstrasse (Alta Estrada Alpina). Apesar de pago, os quase 2500 m do Timmelsjoch conferem momentos de condução espetaculares, servindo de aperitivo para o dia seguinte. 

Ao terceiro dia alpino um dos momentos altos da viagem: Grossglockner Hochalpenstrasse. No coração do Parque Nacional Hohe Tauern, esta deslumbrante estrada alpina, oferece-nos quarenta e oito quilómetros de puro prazer de condução. Uma manhã ou o tempo que escolhermos, um bailado composto por sobe, desce, sobe, curva, outra curva e uma melhor ainda; tudo em altitude, tudo inesquecível, momentos que fortemente desejamos nunca mais acabar. Mas o tempo, especialmente quando nos estamos a divertir, não para. A viagem prossegue e no mapa ainda encontramos o bem mais modesto Gerlos Pass, uma estrada que apanhada hoje, ao escrever este texto, me faria acelerar o ritmo cardíaco mas, depois da pantagruélica refeição de asfalto perfeito serviu apenas como mero digestivo. 

Mais um dia, mais magia. São assim os Alpes. O quarto capítulo desta aventura alpina conduziu-nos à Baviera. A estrada que passa pelo modesto Fernpass (modesto em altitude, comparado com outros já dobrados) conduz-nos ao sopé do Zugspitze, o “rooftop” alemão. Lá de cima, dos 2962 m, a vista é literalmente de cortar a respiração. Cerca de quatrocentos picos alpinos aos nossos pés, em quatro diferentes países. Sem mais palavras… 

“Overdosados” do cinza do asfalto e do verde da moldura que o compõem…, porque o fim-de-semana se fez para descansar, dizem, era tempo de rumar à capital Bávara ou da cerveja, não sei: Munique. E com tão pouco tempo, cerca de dia e meio o que se vê em Munique, pergunta o amigo leitor? Por um lado, o “BMW Welt” e o seu Museu - como alguém me disse: “truly a petrol head’s dream”, por outro, para um verdeiro adepto de futebol como eu, o Allianz Arena e o museu de um dos clubes que o utilizam – o FC Bayern. Todavia Munique vale sobretudo pela imensa vida que irradia nas ruas do centro da cidade e, sobretudo, pelo interior das suas típicas Cervejarias e dos seus agradáveis “biergarten”. Algumas salchichas, um ou outro “schweinshaxe” (pernil de porco assado) e muitos, mas mesmo muitos, litros de cerveja depois…, o estômago apresentava o forro adequado para mais Alpes, mais asfalto, mais curvas. 

(continua…)

domingo, 25 de outubro de 2015

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Miguel Oliveira sabe o que diz

Organizado, metódico e limpo. Graças ao seu trabalho e aos consequentes resultados, Miguel Oliveira, rompeu definitivamente a bolha e deixou de ser apenas reconhecido entre nós, motociclistas. Recentemente, o Expresso (aquele jornal que todos compram e ninguém lê), publicou uma interessante entrevista com “o nosso jovem herói”. Interessante, a entrevista, pois muito diferente do que estamos habituados a ler nas entrevistas que o Miguel concede à nossa imprensa especializada. Deixo-vos alguns excertos da mesma, por mim retirados manifestamente adlibitum – a entrevista pode ser lida integralmente aqui (link

Claro que sim [que consigo chegar à MotoGP]. E estou entregue a mim, aos meus resultados. 

Temos [em Portugal] um mercado fraco em termos de motociclismo. 

Passei ao lado de uma juventude... banal. A minha não é banal — ando desde os 16 anos pelo mundo fora. Acho que não me arrependo. 

Bebo, bebo, pois. Mas sou muito moderado. Não gosto de perder o controlo. Fico alegre e tal, mas nada de exageros. 

E há loucuras no Mundial? [silêncio] Há coisas que se passam que não se podem dizer [sorriso]. Não há muito, aliás, que se possa dizer. Já estive em ambientes desses, claro. Sabes como é: andamos todos juntos durante o ano, todos nos conhecemos... 

Há pilotos que eu considero como... não inimigos. Não são inimigos, mas também não são amigos.

Tenho de ser confiante. Num mundo como este, se nos rebaixamos, as pessoas acabam por te pisar. Nasci assim. 

Sou muito organizado, muito metódico, tenho os meus cadernos todos limpinhos, a minha agenda bem feita. 

Ele [Valentino Rossi] também é dos que anda naqueles ambientes que não podes contar? [silêncio]. Sim.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Alpes 2015 (I)

Se os surfistas percorrem milhares de quilómetros em intermináveis viagens de avião na busca de alguns dias de ondas perfeitas em locais paradisíacos, será assim tão estranho para nós, motociclistas, perder quatro dias (dois para cada lado) nas entediantes autoestradas ibéricas e francesas para gozar, durante cerca de duas semanas, dos prazeres de condução de um motociclo no derradeiro santuário do asfalto? 

Não poupemos nas palavras, tal como os Alpes não poupam na grandiosidade.

São cerca de 190 959 km2 de superfície dividida (por ordem decrescente) entre Áustria, Itália, França, Suíça, Alemanha, Eslovénia e Liechtenstein. Intermináveis quilómetros de estradas perfeitas; bem asfaltadas e sinalizadas. Cenários que variam entre o adorável e o épico. O sonho de qualquer motociclista que gosta da descoberta e da viagem. Um sonho por mim alimentado desde a minha primeira passagem alpina há mais de década e meia. Um sonho enfim tornado realidade: uma viagem pela seleção possível de algumas das melhores estradas da Europa e do Mundo, olvidando praticamente outro tipo de turismo que não fosse andar de moto! Andar de moto.

É mesmo isso que não paramos de fazer até conseguir chegar à terra prometida das curvas e contracurvas. Mas não é este andar-de-moto-sempre-a-direito que satisfaz o motociclista. Todavia, para alcançar o que nunca tivemos, teremos de estar dispostos a fazer o que nunca fizemos. E se queremos passar o maior número de horas possíveis nas melhores estradas do mundo, teremos de estar preparados para enfrentar o caminho mais rápido até lá chegar. 

Excetuando o troço de autoestrada entre Nice e as cercanias de Génova – se na europa fossemos australianos ou norte-americanos teríamos batizado esta maravilha binária túnel-viaduto-túnel-viaduto como a “grande strada mediterrânea” - não haverá história para contar nas centenas de quilómetros que separam Lisboa, o ponto de partida, de Abbadia Lariana nas margens do Lago Como na Lombardia Italiana. 

Abbadia Lariana tem a particularidade de ser vizinha de Mandello del Lario, berço durante décadas de uma das mais icónicas marcas de motas do Velho Continente: Moto Guzzi. E após um merecido dia de refrescante descanso (passado entre Bellagio – o verdadeiro, não o de Las Vegas – a visita ao museu Guzzi e em mergulhos no Como) para cambiar do modo mental “quase sempre a direito” para o bem mais apetecível “curva contracurva” foi, enfim, tempo de iniciar o festim de sobe e desce alpino. 

(continua…)

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Esta estrada é tortuosa

Algumas semanas sem escapar num interregno indesejado. 

Como diz o outro, ninguém nos disse que a vida seria fácil. E que a estrada que ela percorre seria uma doce e sensual sucessão de curvas medias, daquelas onde gostamos de rodar a um ritmo vivo, embora não demasiado rápido para que seja possível apreciar o bucolismo da paisagem. 

Todavia…, não foi ao acaso que cravei aqui ao lado as sábias palavras de Sir Winston Leonard Spencer-Churchill…, o tal que entre outras coisas mais, venceu uma guerra - a pior, terrível e mais mortífera das guerras - para no momento seguinte perder uma eleição.

Sigamos Churchill, fundamental é mesmo nunca perder o entusiasmo! 

Assim…, este Escape avança, com toda a confiança; e com a prometida publicação do texto principal que relata a minha viagem alpina do passado mês de Julho, texto esse publicado pela MOTOCICLISMO na sua edição do mês de Setembro passado. 

Porque…, vocês vão desejar fazer esta viagem!

Praga 1939, a temível Wehrmacht montada nas míticas Zundapp KS 750 ameaçavam a Europa. Precisaremos sempre de regressar a heróis da Liberdade como Churchill para vencer certas batalhas
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