sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Qual a verdade por detrás dos números de vítimas mortais onde intervém motas e ciclomotores?

Não há como dar a volta, este foi um dos temas do ano que agora finda. Em Abril passado deixei aqui (link) estas questões: "alguém se lembra de uma campanha de segurança rodoviária em que os motociclistas sejam protagonistas? Alguém se lembra de uma campanha de segurança rodoviária em que os motociclistas se vejam protegidos? Alguém se lembra de uma campanha de segurança rodoviária que alerte para a fragilidade dos motociclistas?".


O que foi feito? Nada!

Entretanto, aparentemente, a rapaziada da ANIECA, ACP, PRP e ANCIA têm-se entretido a comprar publicidade mascarada de jornalismo nos decrépitos e falidos jornais portugueses. Em dia de Natal, este (link) pedaço de lixo – não encontro outra forma de dizer isto – é o exemplo supremo.

A Comissão de Mototurismo da FPM tem feito (como sempre!) a nossa defesa enquanto motociclistas. Tomei a liberdade de compilar algumas dessas palavras, escritas na sua página no facebook, que seguem aqui em baixo em itálico e são credoras da vossa atenção.

Os índices de acidentes de moto têm sido alvo de alarmantes notícias em diversos órgãos de comunicação social nos últimos tempos. De uma forma desonesta (porque mente) e imoral (porque tenta tirar proveitos da desgraça), a ANCIA-Associação Nacional de Centros de Inspecção Automóvel está em cada “esquina” à espera dessas notícias e da oportunidade para argumentar que o que faz falta para diminuir o número de acidentes são as inspecções às motos…, quando todos sabem que apenas 0,3% dos acidentes de moto são provocados por falha mecânica; este é um dado baseado num estudo (MAIDS) apresentado por um professor do Instituto Superior Técnico e estudioso desta matéria, durante um colóquio promovido pela própria ANCIA. 

O problema da sinistralidade rodoviária existe e é transversal em termos de utentes das estradas mas, o que não podemos aceitar como motociclistas é que andem a tentar aproveitar-se disso para um negócio (inspecções) e que por detrás de cada notícia relacionada com o assunto venha a sistemática mensagem de que as motos são perigosas e “matam que se fartam”. As motos estão aí para ficar, porque cada vez mais são a melhor resposta, em termos de solução particular, aos crescentes problemas de mobilidade. Justamente por isso, as motos estão em Portugal a invadir os grandes centros urbanos numa escala ainda muito reduzida em comparação com o que se passa no resto da Europa Ocidental e até quase pelo Mundo inteiro. 

Afinal qual a verdade por trás dos números de vitais mortais onde intervém motas e ciclomotores? Fomos analisar números e esta tem sido a evolução dos últimos 23 anos em termos de vítimas mortais em acidentes com ciclomotores e motos: ano de 1995 – 610 mortes / 1996-564 / 1997-522 / 1998-488 / 1999-444 / 2000-348 / 2001-321 / 2002-298 / 2003-325 / 2004-265 / 2005-258 / 2006-205 / 2007-189 / 2008-164 / 2009-152 / 2010-187 / 2011-173 / 2012-161/ 2013-129 / 2014-134 / 2015-115 / 2016-103 / até Out 2017-110 mortes. 

Vamos agora ver a evolução dos números do nosso parque de duas rodas com motor nos últimos 10 anos: em 2007 venderam-se 17559 veículos e a evolução tem sempre sido contínua, pois em 2012 venderam-se 20418 e neste ano (2017) até Novembro venderam-se 26666. 

Assim, temos que a venda de motos CRESCEU 52% apenas entre 2007 e 2017. Em igual período (2007/2017) os acidentes com vítimas mortais de moto DECRESCEU 41% e só uma hecatombe motociclista durante estes dois últimos meses do ano poderia alterar este valor de forma significativa; o que não aconteceu. 

E agora, senhores jornalistas arautos da desgraça encomendada, como vão interpretar estes números? Números que até são da ANSR e da ACAP e que nos dizem que em 10 anos tivemos uma subida de 52% de venda de motos e uma diminuição de 41% de mortes na estrada. 

Significativo, se pensarmos ainda que grande percentagem das motos vendidas neste período são as tais 125cc compradas por automobilistas..., sim, aqueles que são apontados como os "grandes culpados" do alegado aumento da sinistralidade. Afinal vimos que não são porque nem sequer há esse aumento, bem pelo contrário. 

Perante estas evidências, obviamente que não podemos ficar indiferente a três situações: 1- que houve uma evolução muito positiva em termos de números de vítimas mortais de acidentes de moto nos últimos 23 anos; 2- que estes números ainda podem e devem baixar mais e que isso depende também muito de nós motociclistas; 3- que a campanha “alarmante” que está a acontecer nos órgãos de comunicação social em relação a este assunto, não é mais do que algo encomendado e bem orquestrado contra as motos e os motociclistas.

Posto isto, resta-me desejar que não nos falte, a nós motociclistas, vida e saúde para que no ano que agora começa seja possível, por um lado, combater a mentira organizada e, por outro, disfrutar livre e conscientemente dos veículos que amamos.

Boas curvas!

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