sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Da Ponta do pôr-do-sol à Ponta da Lua Cheia

José Saramago, escreveu num dos seus mais admiráveis, mas também esquecidos, livros (“Viagem a Portugal”) ser “preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”. Maravilhoso, não é? 

Foi com este espirito de redescoberta que aceitei o convite do GAPE - Grupo de Amigos Pan-European - para participar, ontem à noite, num passeio intitulado “Da Ponta do pôr-do-sol à Ponta da Lua Cheia”. Um passeio muito simples que nos propunha…, “depois de assistirmos ao pôr-do-sol, numa ponta, na mais ocidental da Europa, no Cabo da Roca, vamos testemunhar o esplendor da Lua Cheia, a outra ponta, a do Cabo Espichel.”. 

A primeira parte do passeio foi muito agradável…, redescobrir os caminhos da Serra de Sintra com a luz do fim de tarde, um monumental pôr-do-sol na Roca, o primeiro contacto com a Lua Cheia na descida do Rodízio, o cheiro a maresia de fim de dia nas Azenhas do Mar e, finalmente, uma supimpa sandes de leitão na Rosa dos Leitões, em Negrais. 

Depois, o percurso foi algo alterado ao inicialmente proposto e a jornada tornou-se mais urbana e menos fascinante, pelo caminho do costume, até ao Espichel - confesso que aquela também está longe de ser a minha estrada predilecta na Região de Lisboa.

Mas valeu a pena…, porque a noite estava suave. E quem como eu se afastou um pouco até ao silêncio nocturno da ponta do Cabo, pôde deliciar-se com uma noite extraordinariamente luminosa, praticamente sem vento, e apreciar a linha de costa lá desde o Cabo Raso até ali perto ao Meco. 

Meia dúzia de horas muito bem passadas a andar de moto, em grupo, a ritmo de passeio, regressando “aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles”. 

[Foto surripiada a Sebastião Madaleno]

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