quinta-feira, 27 de abril de 2023

Jerez e a sua magia estão a chegar

Hoje Jan Jan Pais escreve-nos sobre uma das etapas mais encantadora do Mundial. Escreve-nos sobre ausências e expectativas. Ou a vida tal com ela é numa pista de velocidade. 


A como está a precipitação? 
Anda caro, assim parece, o quilo dela. 
Da precipitação, da análise bruta, do quase ‘quero, posso e faço’! 
Tem momentos em que se pensássemos duas vezes, talvez concluíssemos que isto e talvez aquilo. Mais a mais, quando nos apercebemos que por muito que desejemos que o tempo volte um pouquinho atrás, por muito que agora víssemos que a malta em vez disto, ia com aquilo, o deus dos ponteiros assim não quer e, assim sendo, está feito, está feito, não se mexe mais. 
Que caca, pensamos, mas é assim mesmo. 
Naquela manhã, um garganeiro Marc mediu mal uma data de coisas. 
O espaço.
A velocidade. 
A trajectória, mais a travagem, a inevitável carambola. 
E, acima de tudo, pesou mal as consequências. 
Fornicou uma corrida a um Autódromo cheio de gente. 
Que se lixe, terá pensado. 
Mal. Mal e pouco. 
Deu cabo da prova e do início de época de um piloto que é um exemplo de lealdade e de correcção em pista, retirando-lhe a possibilidade de confirmar um prometedor início de Mundial. 
A Argentina foi uma miragem para ambos. 
E se nas Americas, o Falcão regressou e confirmou o que parecia ir evidenciando, a aprilia e os adversários que contem com ele na luta, já o precipitado e aludido Marquez viu fugir mais uma chance de ir à batalha, preciosos pontos que o afastam cada vez mais daquilo que afinal parece ser uma simples miragem, uma estratégia de banha-da-cobra. 
Pelo meio, foi-se chafurdando na incompetência de uns e na pouca-vergonha de outros, não se percebendo se a penalização, mais que justa, mais que garantida se fosse outro o prevaricador, se ela tomará forma ou se ficará diluída nas mazelas e na ‘não tão surpreendente e lenta’, antes previsível e avisada, recuperação de quem tudo provocou.
Pelo meio, a Honda vai olhando seu puzzle e vê as peças a desencaixarem-se, numa lógica que contraria o habitual acerto e rigor dos nipónicos, na gestão de dossiers mais complexos. 
Com um nadicazinho de especulação, poderíamos até desenhar o início de uma separação amigável, no casório MM/Honda. 
Jerez aí está, com a sua magia, tradição, com todo o seu esplendor. 
Não teremos por lá, MM. 
O custo que por estes dias vai pagando por uma curva feita ‘sem eira nem beira’, está pela hora da morte. 
Salvo seja, que semelhante palavra não a queremos pelas pistas. 
Dirão alguns que é o estilo dele, dirão outros que é sinónimo de algum desnorte. 
O facto é que não teremos 93 em Jerez, fruto de uma abordagem disparatada ali por uma curva na Mexilhoeira Grande. 
Vai alto o preço da precipitação, diríamos. 
E para o nosso 88, ‘venga de ahi un corridazo’.

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