segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Que pneus montar numa Honda NT 1100 DCT?

Queridas seguidoras deste Escape Mais Rouco. Nunca vos esquecemos. Todavia hoje lembramo-nos de vós ainda com mais carinho. Porque “uma mulher elegantemente calçada nunca será uma mulher feia”, como terá dito Coco Chanel. 

A maioria das mulheres coleciona sapatos, perde-se por eles e é capaz de elevados investimentos. No entanto, o que levará as mulheres a ter esta relação tão particular com sapatos? A ciência pode oferecer algumas pistas. “Os compradores acreditam que os sapatos são uma compra útil – algo que pode ser utilizado várias vezes durante algum tempo. Como tal, o prazer que resulta da compra mantém-se durante mais tempo” disse um dia Martin Lindstrom, em entrevista à revista Cosmopolitan. O consultor de marketing de empresas como a McDonald’s, a Nestlé, a Microsoft ou a Walt Disney Company refere-se assim à sensação de bem-estar que percorre o ser humano quando tem descargas de dopamina, o neurotransmissor associado a funções cerebrais como o prazer ou a recompensa. As descargas podem ocorrer em vários momentos, e por vários estímulos diferentes – e as compras são um deles. Nomeadamente de sapatos. “Em algumas pessoas pode ser tão forte como satisfazer um vício”. 

Há quem diga que a compra de sapatos estimula o córtex pré-frontal, que controla o comportamento de colecionar objetos. Mulheres há que os colecionam. E outras que quando começam a trabalhar gastam parte do seu primeiro salário em sapatos, muitos sapatos. Outras há ainda que quanto mais velhas mais apaixonadas se sentem por sapatos, botas, botins, sandálias e afins. 

AMOR É UMA BOA BORRACHA 
Chega disto. Queridas seguidoras deste Escape Mais Rouco: estão a ver os pneus das nossas motos? São os nossos sapatos. A relação que temos com a borracha que pisa o chão é a mesma com que as nossas queridas têm com o vosso calçado preferido, a cena onde enfiam os vossos lindos pezinhos: amamos! Sim? 

Existem dois detalhes na questão pneus que não me canso de sublinhar. Primeiro, pneus são o único ponto de contacto da moto com terreno que pisamos, logo pouco importa se temos a moto mais preformante do mundo se não conseguimos colocar esse produto de forma correta e eficaz no solo. Segundo, os pneus são há largos anos o elemento tecnológico mais desenvolvido e evoluído dos nossos motociclos. 


Ao quinto pneu provado na Honda NT 1100 DCT, consigo enfim escolher o que desejo ter a agarrar-me eficazmente ao solo. A escolha recaiu nos Michelin Road 6. Porquê se nunca os provaste, perguntem me. Precisamente porque nunca os provei, também porque não estou suficientemente satisfeito com o que já provei (e já foram quatro pneus diferentes) e ainda porque tenho as melhores referências deste pneu. Estão montados. Serão provados a seu tempo. E aqui, no ESCAPE, surgirá o respetivo relato. 

CASO DE ESTUDO
Contudo quero aproveitar este texto para partilhar a experiência que tive até hoje com pneus na Honda NT. Aproveito para sublinhar que, em pouco mais de dois anos, já são cerca de vinte e cinco mil os quilómetros calcorreados em duas motos diferentes. 

A primeira Honda NT que conheci e tive à disposição por exemplo aqui (link) aqui (link) e aqui (link), estava equipada com uns Metzeler Roadtec que apreciei bastante. Aderência e conforto em múltiplas condições a permitir uma inclinação incrível. Sucede que que em Córdoba, Espanha, numa viagem pela Andaluzia já na primavera de 2022, o pneu traseiro faleceu furado, vitima de um pedaço de metal suficientemente grande e perfurante para romper sem dó nem piedade a borracha já algo gasta. 

Chamada a assistência em viagem, fui acolhido depois da famosa siesta Andaluza no concessionário Honda da cidade, El Motorista, onde fui tratado com a eficácia e simpatia que se impõem nestas contratempos. Havia pneu para montar e a escolha recaiu no Pilot Road 4 GT da Michelin. 

 Meses mais tarde e de partida para uma desafiante viagem de três semanas onde o destaque foi mais um daqueles tours épicos pelos Alpes, pedi a substituição do pneu dianteiro por um Road 5 da Michelin. Todavia, sensivelmente a meio da viagem, antes de uma incursão inesquecível pelos Dolomitas, fui surpreendido pelo que considero um anormalmente veloz desgaste do Pilot Road 4 GT montado no eixo traseiro. Pedi no concessionário de Bolzano que me fosse substituído o pneu. Não guardo boas memórias das horas que ali passei parar resolverem algo verdadeiramente simples – uma mera troca de pneumático. E só são de lá arredei roda com um Pirelli Angel GT 2. Juntamente com o Road 5 da Michelin no eixo dianteiro, o Pirelli revelou-se um bom pneu, apesar de caríssimo e da sua rápida degradação, revelando ser um composto algo mole, assim a pender para o mais desportivo. 

Finalmente em dezembro passado chegou enfim a minha “Orca”, Honda NT1100 DCT Pearl Glare White. E esta vinha equipada com uns Dunlop Sportmax GPR 300. E, honestamente, este não só é pneu que não posso recomendar como lamento que a Honda entregue a moto aos seus clientes com um pneu assim. 

Este Dunlop é desde logo um pneu que foi desenvolvido há cerca de dez anos. Apesar de ser um pneu da gama Sport Touring com carcaça radial é a própria marca que o define como ideal para utilização urbana diária e, só depois, também adequado para viagens de curta dimensão. Fundamentalmente, o pneu Dunlop Sportmax GPR-300 foi especialmente concebido para proporcionar um desempenho seguro no ambiente urbano. 

Ainda assim optei por manter o Sportmax e ver até onde ele me levava. Na incursão pela Córsega e Sardenha no passado mês de junho, o pneu, digamos, acordou para a vida depois de torcidado pelo asfalto abrasivo da estrada T40 entre Ajaccio e Bonifácio. Quando chegou à Sardenha senti o Dunlop no ponto e até fui surpreendido pela confiança que me ofereceu. Todavia este sentimento foi uma espécie de “melhoras da morte”. O pneu rapidamente se degradou. Ainda na Córsega tive de começar a gerir quilómetros e andamento pois queria que o pneu regresse à Portugal ainda com alguma qualidade. 

O Dunlop Sportmax GPR-300 revelou-se absolutamente inadequado para montar numa Honda NT 1100 DCT que quer verdadeiramente viajar e terá “entregue a borracha ao criador” por volta dos oito mil quilómetros de utilização. Na opinião deste ESCAPE, esta é claramente uma morte prematura. Um pneu inconcebível numa moto que se diz pronta para qualquer viagem. 

Enfim Michelin Road 6. Um pneu que a marca francesa comercializa desde o inico de 2022 tendo sido anunciado para equipar motos Roadster, Trail, Sport Turismo e Grande Turismo, com resultados melhorados no que toca a aderência em piso molhado, duração, conforto e comportamento. Todavia, já tenho uma questão. Deveria eu ter optado pela versão GT deste pneu? Para já é tempo de usar e abusar dos Michelin Road 6 para mais tarde vos contar tudinho.

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