segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Experiência Moto Morini Douro 2023

A lenda do arco-íris assume diferentes dimensões consoante o tempo, povos e lugares. Normalmente dizemos que lá no fim do arco-íris existe um pote cheio de moedas de ouro. Para nós, motociclistas, o fim do arco-íris, onde vamos encontrar fortuna e glória, costuma ficar em lugares distantes onde vamos em busca de estradas idílicas e momentos de condução inesquecíveis. Sucede, que por vezes nos esquecemos de procurar bem em locais próximos, não muito longe de casa. Esta é a micro história de um pequeno grupo de motociclistas que encontrou o seu pote de ouro. E afinal, o fim do arco-íris estava bem mais perto de casa do que imaginávamos. 


Rumo à fortuna, em tempo de canícula, saímos de Lisboa por volta da hora de almoço no conforto do ar condicionado de um comboio que podia ser mais rápido. Chegados à cidade do Porto, tínhamos logo ali à porta da estação, os veículos alados que nos iriam oferecer uma viagem tão simples quanto épica e quem sabe inesquecível. 

De forma sucinta, este ESCAPE já vos contou (aqui) a história da famosa Moto Morini. Na verdade a aventura da Moto Morini inicia-se em 1937 em Bolonha sendo que hoje, e desde Outubro de 2018, a empresa é uma subsidiária do Zhongneng Vehicle Group, normalmente conhecido como grupo ZNEN. De sublinhar que apesar do capital ser chinês a empresa mantém a sua operação onde sempre esteve: Itália. De sublinhar que a Moto Morini está neste momento a mais do que triplicar as vendas no mercado nacional, face igual período do ano anterior (Janeiro-Julho) – é pois provável que estejam a fazer as coisas bem feitas, como se exige a qualquer marca histórica. 

DOURO FAINA FLUVIAL 
Neste dia as motos à nossa disposição eram três Moto Morini X-Cape 650, todas elas ligeiramente diferentes entre si. Aqui no ESCAPE já conhecíamos o modelo (link). Para além destas tivemos ainda oportunidade de provar a despida Seiemmezzo nas suas duas versões, Seiemmezzo STR - de inspiração urbana e estradista - e Seiemmezzo SCR, uma naked com alma scrambler com pretensões inclusivas e polivalentes. Fichas técnicas? É aqui por favor (link). 

Rumo à fortuna que ainda não sabíamos que iríamos encontrar, a saída do Porto foi feita junto à margem esquerda do Douro, rio intenso que nos iria acompanhar nas horas seguintes pela sinuosa Nacional 108. Neste dia a N108 apresentou-se tão rápida quanto quente. Entre-Os-Rios recebeu-nos já em modo “40 graus à sombra”. Tempo para hidratar. E trocar a já conhecida X-Cape pela Seiemmezzo STR. Esta acompanhou me pela primeira incursão na agora famosa Nacional 222, já na margem esquerda do Douro, até Porto Antigo, onde o Rio Bestança encontra Douro. A STR foi uma das surpresas da jornada. Com base idêntica à trail, a moto foi muito bem trabalhada na electrónica e nas relações de caixa de velocidades. O resultado é uma medida cilindrada fácil de entender, rápida, eficaz e muito divertida.


Já com o sol a cair no horizonte, ainda tínhamos pela frente cerca de hora e meia de viagem até um segredo demasiadamente bem guardado chamado Quinta das Tecedeiras. Até lá, lambemos o troço da N222 que parte de Resende. Acenamos ao longe a Peso da Régua, deixamos um até amanhã ao Pinhão e rumamos às “portas do Éden”. 

A subida para Ervedosa do Douro já se fez com o sol a beijar o cume das montanhas eternas do Alto Douro Vinhateiro. O forte odor a vinha e os tons alaranjados do horizonte juntavam se às sensações que a agora Seiemmezzo SCR, a scrambler, me oferecia. A pele começou a arrepiar e os meus colegas de viagem sentiram, tal como eu, a energia mágica que ali dançava. 

E FEZ-SE MAGIA
Mesmo antes de iniciar a descida estreita e dramática para a Quinta das Tecedeiras que fica junto à margem esquerda do Douro, parámos para beijar o por do sol. E fez-se magia. Ainda há cerca de oito horas estávamos no monótono centro de Lisboa e agora estávamos ali, a encher os bolsos com as moedas de ouro que tínhamos encontrado no tal pote do “arco-íris” do dia. Ricos, eufóricos e inebriados, descemos que nem loucos a estrada torta como as serras. Dei graças aos deuses do motociclismo por ter escolhido para este troço a Seiemmezzo SCR com jante de raios e uma posição de condução correta oferecida por um guiador algo elevado que até permite a condução apeada

Já nas Tecedeiras a noite veio ao nosso encontro. Um ambiente familiar. Vinhos da terra. Comida honesta. Motociclismo falado. Dia épico? Sim, no mínimo brindamos a este dia provavelmente inesquecível. Por falar nisso e antes que me esqueça: obrigado a todos. E vamos ali tomar uma banhoca e dormir um bocadinho. 

VALE ENCANTADO 
No dia seguinte o sol no vale do Douro nasceu cedo, fresco e docemente doirado. Pequeno-almoço tomado subia agora o que ontem tínhamos descido. Rapidamente demos um abraço ao Pinhão. Voltei a optar pela trail, claramente apta para o terreno misto e sinuoso. Na Régua despedíamo-nos da agora reconhecida mundialmente 222, rumando a mais uma gema, um snack de Estrada Nacional 2. Um luxo aquela subida incrível para Santa Marta de Penaguião. 

Voltei aos comandos da Seiemmezzo STR e desta vez abusei. Deixei uns riscos profundos, em curvas para a esquerda, no asfalto da espinha dorsal rodoviária portuguesa. Este troço é absolutamente incrível. Há muitos anos que não o fazia para Norte, a subir, onde todos nós sentimos mais confiantes.

Todavia o banquete de curvas e asfalto estava longe de terminar. A Nacional 15 foi o destaque seguinte. Atravessar aqui a lindíssima Serra do Marão, é respirar o oxigénio produzido por aquele que é provavelmente o último pedaço de floresta pré histórica de Portugal continental. Este troço de N15 é verdadeiramente bíblico. Uma viagem no tempo. E decidi fazê-lo na SCR. Curva, gás, toque ligeiro no travão traseiro, curva, gás, uma, outra e outra vez. Já disse bíblico?

TRABALHO E PAIXÃO 
De alma e barriga cheia, num ápice sentimos que o nosso sonho realidade estava a prestes a findar, quando perto de Amarante entramos na auto-estrada, que tínhamos conseguido evitar até aqui. Aproveitei um abastecimento para voltar à X-Cape. Rapidamente me descobriram “a careca”, pois em moto despida é tudo muito bonito, todavia a via rápida pede protecção aerodinâmica. E assim fomos até Matosinhos. De sorriso nos lábios e rumo à francesinha que não pode faltar para qualquer alfacinha que visite a Invicta. 

Já nas instalações da Puretech - agora responsável pela importação e divulgação da histórica Moto Morini - ficamos a conhecer melhor os cantos a uma casa que se faz de trabalho e paixão. 


Esta foi a micro história de um pequeno grupo de motociclistas que encontrou o seu pote de ouro numa viagem rápida todavia intensa e até deslumbrante, onde a qualidade e desempenho das Moto Morini ficou claramente demonstrado. Afinal o fim do arco-íris estava mais perto de casa do que imaginávamos. Encontrá-lo exige, no entanto, trabalho e paixão, como encontramos na Puretech. O ESCAPE só pode agradecer. Obrigado a todos.

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