quinta-feira, 15 de maio de 2025

A qual destes líderes políticos comprarias uma moto?

Historicamente, enquanto votantes, os motociclistas sempre foram uma espécie de filhos de um Deus menor. Todavia, isso mudou. E hoje vemos a classe política a namorar, mais do que nunca, o motociclista. Hoje somos ouvidos e considerados. Cortejados. E isso é muito positivo. 

Na outra face da moeda temos o circo. Em especial o circo político de campanha eleitoral. Nunca como hoje tínhamos visto tanta moto em caravana política. Todavia, em bom rigor, temos de reconhecer que política e motociclismo têm muito mais em comum do que parece: ambas as actividades exigem equilíbrio, visão e, de vez em quando, uma boa dose de coragem - ou até inconsciência. 

Este texto tem como objectivo ser um texto criativo, com humor e crítica leve que liga a política ao universo das motos e do motociclismo. Um texto ao velho estilo bem ao estilo de “O Escape Mais Rouco”. Assim, traçamos um atomizado perfil dos líderes políticos com assento parlamentar e de mais dois outsiders, tentando ainda especular que género de motociclistas seriam. Questão final a qual deles comprarias uma moto? 

Foto: Lusa

Luís Montenegro (AD) é o conservador que só anda de moto ao domingo. Montenegro seria aquele motociclista que tem uma BMW R1250RT na garagem — sempre polida, com menos de 5.000 km e apenas usada em “passeios institucionais”. Vai de fato completo, sempre coordenado, capacete modular e auriculares Bluetooth ligados ao GPS. Tem medo de riscos, do vento e da improvisação. Confiavas-lhe uma moto? Talvez. Mas prepara-te para a papelada. 

Pedro Nuno Santos (PS) é o rebelde com causa e mochila às costas. Pedro Nuno é o tipo que aparece com uma Honda Transalp dos anos 90, suja de lama e cheirando a gasóleo - por acaso apareceu nos últimos dias de Ducati Scrambler limpinha, limpinha. Pedro Nuno conta que já foi até aos Balcãs com ela, sem GPS nem plano. O casaco tem patches de sindicatos e o capacete tem autocolantes da CGTP. Vive intensamente… mas por vezes a moto fica a meio caminho. Confiavas-lhe uma moto? Depende: queres aventura ou fiabilidade? 

Foto: PS

André Ventura (Chega) é aquele que acelera no túnel com escape totalmente livre. Ventura andaria numa Yamaha R1 com tudo em carbono, suspensão melhorada e matrícula quase invisível. Faz barulho, quer ser visto e aposta tudo na estética agressiva. É do tipo que discute com a polícia porque “conhece os seus direitos”. Confiavas-lhe uma moto? Só se quiseres comprar um canhão… que talvez esteja penhorado. 

Foto: CH

Rui Rocha (IL) é o “startupeiro” de naked premium. Rui anda numa Ducati Monster SP. Fato justo, smartwatch, capacete com GoPro e um discurso sobre “liberdade de movimento” e “menos Estado na estrada”. Usa a moto para ir aos pitchs de investimento… e para escapar ao trânsito das ideias. Confiavas-lhe uma moto? Talvez, mas vem com uma cláusula de arbitragem liberal. 

Mariana Mortágua (BE) é a purista de capacete vintage e café racer eléctrica . há que diga que na verdade tem uma Honda NC. Mariana anda de moto eléctrica, provavelmente uma Zero SR/F com acabamentos minimalistas. Roupa preta, estilo alternativo, mas tudo escolhido com consciência ecológica e social. Defende que o espaço urbano é para todos e só acelera em zonas partilhadas… com culpa. Confiavas-lhe uma moto? Sim, desde que tenhas tempo para discutir política durante a venda. 

Foto: desconhecido

Paulo Raimundo (CDU) é o resistente da URSS…, com Ural sidecar. Paulo vem numa Ural de 1985, com sidecar e bandeira vermelha a tremular. O capacete é um relicário e a viseira está rachada. Anda devagar, mas tem sempre um camarada ao lado. Nunca a vende — é património de classe. Confiavas-lhe uma moto? Ele não vende. Só doa, mediante aprovação do colectivo. 

Inês Sousa Real (PAN) é aquela que só anda de scooter… eléctrica e vegana. Inês pilota uma Silence S01, movida a energia solar — ou assim espera. Leva o cão na topcase adaptada com almofada orgânica. Capacete integral com desenhos de folhas. Não passa dos 45 km/h por respeito às formigas. Confiavas-lhe uma moto? Sim, mas só se for sem couro e com contrato ecológico. 

Joana Amaral Dias (ADN) ou a moto como extensão do ego… e do feed. Joana chega numa Harley-Davidson Sportster personalizada com pintura psicadélica, escape cromado e um espelho retrovisor com o símbolo de Vénus. Publica cada passeio em slow motion no Instagram, com legendas como “Liberdade é a estrada”. O capacete é aberto, os óculos são de aviador, e a roupa? Justa e pensada ao pormenor — mas sempre com “espírito crítico”. Confiavas-lhe uma moto? Só se for para aparecer num story com filtro vintage. O negócio vem com sessão de fotos incluída. 

Rui Fonseca e Castro (Ergue-te), ou o conspirador de motorizada ilegal. Rui não anda de moto: anda de motorizada Sachs de 1982, sem matrícula, sem capacete, e sem seguro — porque “o Estado Socialista não manda nele”. Já foi visto a tentar atravessar a Ponte 25 de Abril de gravata, chinelos e megafone. Diz que a gasolina moderna tem chips e que o capacete interfere com a glândula pineal. Confiavas-lhe uma moto? Só se tiveres amor à burocracia. E paciência para assistir a um vídeo de 40 minutos antes da transacção. 

A lista está feita. Há motas para todos os gostos: eléctricas, clássicas, barulhentas, silenciosas, ideológicas ou puramente estéticas. Mas entre nós: a qual destas figuras é que realmente confiarias para vender-te uma moto com a chave na mão e o depósito cheio — sem truques escondidos no fundo do baú?

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