segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Alpes 2015 (II)

(Após um merecido dia de refrescante descanso…) 

Nada melhor do que começar, literalmente, em grande: Passo dello Stelvio. Os seus 2757 m colocam-no no sexto lugar das mais altas estradas asfaltadas da Europa - terceiro entre as denominadas de “Passo”, isto é, em bom português, aquelas que não terminam por ali mesmo mas, pelo contrário, têm saída para o outro lado da montanha. A subida parece infinita mas a recompensa é generosa. Lá bem no alto podemos encontrar o simpático Ernest e a sua autodenominada melhor “bratwurst” (salchicha de origem alemã) da Europa; vão e provem, é só o que vos digo. O mítico Stelvio confere ainda acesso ao Umbrailpass que, curiosamente, é hoje a mais alta estrada asfaltada na vizinha Suiça. Neste primeiro dia verdadeiramente alpino, não resisti ao Umbrail e a fazer uma breve incursão pela Suíça para descer até à bela Santa Maria Val Mustar, subir ao Ofen Pass (Passo del Forno) e…, voltar a fazer tudo ao contrário. Afinal…, eu tinha acabado de chegar à Disneylandia das curvas! 

Após um primeiro dia de alta montanha com contagens de categoria especial, utilizando terminologia das grandes provas velocipédicas, seguiu-se um dia mais rolante. Ou não? Pois…, ou não! A um curto desvio no caminho que nos levaria até às apaixonantes margens do Zeller See, já na Áustria, encontrava-se o imponente Timmelsjoch (Passo del Rombo), e a sua Hochalpenstrasse (Alta Estrada Alpina). Apesar de pago, os quase 2500 m do Timmelsjoch conferem momentos de condução espetaculares, servindo de aperitivo para o dia seguinte. 

Ao terceiro dia alpino um dos momentos altos da viagem: Grossglockner Hochalpenstrasse. No coração do Parque Nacional Hohe Tauern, esta deslumbrante estrada alpina, oferece-nos quarenta e oito quilómetros de puro prazer de condução. Uma manhã ou o tempo que escolhermos, um bailado composto por sobe, desce, sobe, curva, outra curva e uma melhor ainda; tudo em altitude, tudo inesquecível, momentos que fortemente desejamos nunca mais acabar. Mas o tempo, especialmente quando nos estamos a divertir, não para. A viagem prossegue e no mapa ainda encontramos o bem mais modesto Gerlos Pass, uma estrada que apanhada hoje, ao escrever este texto, me faria acelerar o ritmo cardíaco mas, depois da pantagruélica refeição de asfalto perfeito serviu apenas como mero digestivo. 

Mais um dia, mais magia. São assim os Alpes. O quarto capítulo desta aventura alpina conduziu-nos à Baviera. A estrada que passa pelo modesto Fernpass (modesto em altitude, comparado com outros já dobrados) conduz-nos ao sopé do Zugspitze, o “rooftop” alemão. Lá de cima, dos 2962 m, a vista é literalmente de cortar a respiração. Cerca de quatrocentos picos alpinos aos nossos pés, em quatro diferentes países. Sem mais palavras… 

“Overdosados” do cinza do asfalto e do verde da moldura que o compõem…, porque o fim-de-semana se fez para descansar, dizem, era tempo de rumar à capital Bávara ou da cerveja, não sei: Munique. E com tão pouco tempo, cerca de dia e meio o que se vê em Munique, pergunta o amigo leitor? Por um lado, o “BMW Welt” e o seu Museu - como alguém me disse: “truly a petrol head’s dream”, por outro, para um verdeiro adepto de futebol como eu, o Allianz Arena e o museu de um dos clubes que o utilizam – o FC Bayern. Todavia Munique vale sobretudo pela imensa vida que irradia nas ruas do centro da cidade e, sobretudo, pelo interior das suas típicas Cervejarias e dos seus agradáveis “biergarten”. Algumas salchichas, um ou outro “schweinshaxe” (pernil de porco assado) e muitos, mas mesmo muitos, litros de cerveja depois…, o estômago apresentava o forro adequado para mais Alpes, mais asfalto, mais curvas. 

(continua…)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Site Meter