quinta-feira, 8 de março de 2018

Todos os dias são bons dias para… (VII)

Hoje não é um dia qualquer. É, nem mais nem menos, Dia Internacional da Mulher! 

A origem da ideia de criar o Dia Internacional da Mulher varia consoante a fonte que consultarmos, sendo certo que surgiu no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto. 

Um dos objectivos de tal celebração consiste em recordar as conquistas das mulheres e a luta contra o preconceito. O Escape oferece desta forma o seu humilde contributo recordando o fabuloso destino de Augusta e Adeline Van Buren sob o lema “Woman can if she will”. 

As irmãs Van Buren, foram das primeiras mulheres motociclistas da história e realizaram um “coast to coast” norte-americano no longínquo ano de 1916,tendo sido mesmo as primeiras mulheres a conduzir veículos motorizados até o cume do mítico Pikes Peak.

Parte de sua missão era convencer os militares de que as mulheres estavam aptas para servir como pilotos-mensageiros. E apesar de não terem atingido esse desiderato, elas provaram claramente que as mulheres eram capazes de muito mais do que a sociedade em geral lhes permitia naquela época. 

Sucintamente é esta a fabulosa história das Van Buren. Augusta nasceu 26 de Março de 1884, e Adeline a 26 de Julho de 1889. Sendo descendentes do ex-presidente Martin Van Buren, as irmãs foram criadas em Nova Iorque, juntamente com o seu irmão, Albert, e desfrutavam de uma educação enérgica e com foco no desporto. A aventura foi preparada com precaução. Elas teriam que provar que uma mulher poderia lidar com as dificuldades de motociclismo de longa distância em condições adversas. O plano de viagem delas foi concebido antes de existirem a maior parte das auto-estradas ou mesmo estradas pavimentadas.


Partindo a 4 de Julho de 1916 de Sheepshead Bay, Brooklyn, rumaram para o oeste através de Chicago e Omaha aos comandos das suas Indian Power Plus (provavelmente a melhor mota da época), equipadas com faróis a gás. A viagem começou difícil, especialmente porque elas foram presas várias vezes nas pequenas cidades a oeste de Chicago devido ao uso de roupas masculinas. As maiores dificuldades técnicas foram encontradas na travessia das Montanhas Rochosas e dos desertos ocidentais. Apesar de inúmeras quedas resultado da fadiga física, buracos ou em alguns casos da lama pesada, elas chegaram a São Francisco a 2 de Setembro, após algumas experiências perigosas nos desertos a oeste de Salt Lake, incluindo quase ficar sem água. Completaram a jornada a 8 de Setembro depois de chegar a Los Angeles. Não satisfeitas, decidiram continuar até Tijuana para uma travessia final da fronteira. 

Ainda assim a inscrição de Adeline nas forças armadas como piloto de expedição foi rejeitada. A cobertura nos “media” da época não deu o devido reconhecimento ao que elas tinham realizado. Alguns artigos elogiaram as motos, mas não as irmãs. A sua conquista histórica foi descrita como um período de férias, em vez da verdadeira expedição pioneira que foi. Ambas acabaram casando e seguindo as suas vidas havendo poucas provas quanto a sua continuidade enquanto motociclistas. 

Todos os dias são bons dias para andar de mota. Celebremos. Apesar da intempérie que se vai abatendo lá fora celebremos andando de mota com Augusta e Adeline Van Buren no pensamento, pois elas são credoras da nossa enorme vénia.


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