segunda-feira, 18 de maio de 2020

Honda CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports à prova


É tão fácil escrever sobre a Africa Twin Adventure Sports 2020. Tão fácil quanto difícil é escrever sobre a Africa Twin Adventure Sports 2020. Paradoxo? Sem duvida. Esta é claramente uma declaração verdadeira que leva a uma contradição lógica. 

É tão fácil escrever sobre a versão 2020 da Africa Twin, pois aquela que os seus donos apelidam carinhosamente por “Rainha” é também minha companheira de aventura desde 2016. Seria por isso simples fazer um texto espartano a contar o que mudou de lá para cá. A dificuldade advém precisamente do aparente excesso de facilidade. A dificuldade advém também de tanto ter mudado num dos maiores sucessos de sempre da marca nipónica - desde o modelo da minha companheira até este. A dificuldade advém ainda de, aparentemente, já tudo ter sido dito sobre esta Adventure Sports apresentada há cerca de seis meses. Mas, será que já terá mesmo sido tudo dito? Ou…, é mesmo fácil escrever sobre a Africa Twin Adventure Sports 2020? 

IMU OU A CAIXA DA MÁGICA 
Eletrónica, equilíbrio, eficácia, São os três “és” desta CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports. São as três palavras chave. Três sublinhados ligados umbilicalmente entre si. Todavia, se quiserem recordar (ou conhecer) o básico, passem por favor por aqui (link), uma espécie de casa da partida. 

Interessa então descobrir ao que sabe esta Africa Twin Adventure Sports 2020. Para tal há que descrever, ainda que sucintamente, a grande novidade que condiciona tudo mais: a presença de uma IMU. Pela primeira vez a Honda monta numa moto de aventura uma unidade de medição de inércia da Bosch, um verdadeiro cérebro com seis eixos de leitura. Com aquele pequeno processador, qual caixinha mágica, a gestão do motor e ciclística apresenta-se completamente diferente. A IMU permite então gerir modos de utilização do motor - Urban, Tour, Gravel, Off-Road e mais dois totalmente personalizáveis -, controlo de tração, o controlo de levantamento da roda dianteira, o travão-motor, o sistema de travagem ABS em curva e mesmo o controlo das luzes de inclinação em curva. 

EQUILÍBRIO E EFICÁCIA 
A gestão feita pela IMU, aliada ao novo motor e à nova ciclística que vieram aprimorar o que já vinha de bom Africa Twin Adventure Sports 2018 [uma moto cuja diversão já era diretamente proporcional ao risco - para recordar aqui (link)], veio dotar o conjunto de um equilíbrio notável. Notem. O equilíbrio já lá está – basta manobrar a moto parada para notar isso mesmo. A IMU só vem incrementar segurança e prazer. 

E assim chegamos, de sorriso rasgado, ao terceiro “é”, de eficácia. Eficácia em todo o lado, em todo o terreno, mesmo em qualquer condição. Tive oportunidade de provar a Honda CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports de dia, de noite, em piso seco, em asfalto inundado de chuva tipo tropical, fora de estrada em “estradão”, caminhos mais manhosos mesmo com alguma lama. Eficaz. Sempre. Impressionante! Electrónica, equilíbrio e eficácia concorrem assim para que esta seja uma moto que sabe a aventura. Uma aventura que fica também bem mais segura e confortável com as deliciosas suspensões eletrónicas Showa EERA optimizáveis a todo o momento, podendo ainda a pré-carga da mola traseira ser ajustada para se adequar à carga – sozinho, acompanhado e com bagagem – tornando toda a experiência mais confortável e aveludada. 

ALMA DE VIAJANTE 
“Pedro, parece que adoraste a moto”. Sem duvida! Mas será esta a derradeira moto de aventura da Honda? Duvido. A tudo o que fica dito se junta uma protecção aerodinâmica digna de turística, um tanque de combustível de quase “cinco garrafões” (upsss, esta teve gracinha…) que garante uma autonomia generosa, um ecrã táctil TFT de 6,5 polegadas a cores todo “XPTO”, uma iluminação luxuosa. Todavia existem botões a mais e podia haver mais motor quando carregamos “o animal”. 

Esta unidade provada apresentou caixa manual auxiliada por um “quickshifter” irrepreensível que, no entanto, não me fez esquecer o DCT de que tanto gosto. Notem, o sistema funciona muito bem. Eu é que fiquei curioso por saber como toda a eletrónica agora apresentada se conjuga com a transmissão de dupla embraiagem da Honda. 

A CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports Peral Glare White Tricolour consumiu pouco mais de cinco litros daquele líquido inflamável carregadinho de impostos, por cem quilómetros de puro gozo de condução, numa prova longa que, sublinho, aconteceu nas mais variadas condições. A Honda pede 17.900€ para que a possam levar a passear por esse mundo fora - quando as fronteiras reabrirem, obviamente.

5 comentários:

  1. Boa noite
    A forma como descreve o mundo das motas é BRUTAL, parabéns.
    Se possível faça um comparativo entre a ATAS2020 vs GS1250.
    Cumprimentos

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    1. Obrigado pelas simpáticas palavras; esse comparativo está ser muito pedido..., esperemos que seja possível fazer um dia. Obrigado!! ;)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. ando a namorar a AT ja ha um bom par de anos, mas a cada dia crescem as minhas duvidas sobre a honda. ha muita gente que (ainda) diz "Honda é Honda", mas comeco a pensar que devia ser mudado para "Honda era Honda":

    - no grupo de facebook da NC750X sao inumeros relatos da mota ganhar ferrugem em diversos pontos ao fim de muitissimo pouco tempo. O stand comeca por alegar que a mota passa muito tempo na rua, ou em sitios com agua salgada, ou má manuntencao da mota. Parece que é preciso escalar do stand para Honda Portugal, as vezes para a Honda europa, e em alguns casos ate à Honda mundial/japao para se conseguir resolver a coisa a bem.

    - "ah mas a nc é uma mota barata". verdade. Apesar de que a marca tem que defender a sua reputacao e meter uma qualidade minima em cada modelo

    - Mas parece que o mesmo tipo de relatos acontece no grupo da AT! Modelos que ja nao custam 7.000€ como a NC, mas 14-17.000€...Uma mota feita para off-road nao pode ganhar ferrugem com o pretexto de ter ficado uma noite à chuva caramba! Esta mota, pelo preço, e pelo que simboliza, tem de aguentar uma guerra e sobreviver.

    - Fui a 3 stands Honda fazer o test drive (por uma vez no modelo anterior, e duas vezes neste mais recente). Parece que os vendedores Honda acham que a AT se vende sozinha. "va la dar uma voltinha e quando chegar falamos. nao vale a pena falar das funcoes que sao muitas". Fazem um modelo novo finalmente com electronica e funcionalidades com que se pode comparar às concorrentes e nem se dignam a apresentar a mota?


    quo vadis honda?

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  4. Agradeço o seu comentário e sugiro que remeta essas questões à Honda Motor Portugal. Obrigado.

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