terça-feira, 3 de novembro de 2020

Triumph Rocket 3 GT à prova

Conhecer o passado para compreender o presente e idealizar o futuro. O pensamento é conhecido e a frase, glosada vezes sem conta, atribuída a Heródoto, o pai da Historia - quem terá sido a mãe?. Mas é bem certa. BSA Rocket 3, Triumph Rocket III e enfim, Triumph Rocket 3. Confusos? Vamos lá… 

Foto: Gonçalo Fabião

A actual Rocket 3 veio este ano substituir a decaída Triumph Rocket III que por sua vez recuperou o nome da BSA Rocket 3. Esta, tal como a irmã gémea Triumph Trident - que curiosamente será recuperada pela marca mas numa interpretação bem diversa – foi uma avançada roadster de alta desempenho produzida e comercializada pela Brimingham Small Arms Company (BSA) de 1968 a 1975. Uma sofisticada “street motorcylce” que segundo alguns marcou de certa forma o início de uma era que deu origem ao tempo das superbike. 

Em 2004, após longos seis anos de desenvolvimento, a marca britânica recupera o nome originalmente comercializado pela BSA para dar à luz a Rocket III, uma moto poderosa e imponente que piscava o olho ao importante mercado norte-americano e pretendia provocar os (quase) sempre ortodoxos “harlistas”. 

Foto: Gonçalo Fabião

Pesada, desatualizada e consequentemente desinteressante, a Triumph decide renovar profundamente aquela que é a moto com maior cilindrada em produção. Encolhi os ombros, confesso. Ingénuo… 

CHOQUE E ESPANTO 
Leitores, amigos, colegas de trabalho e o próprio Gonçalo que vos oferece estas imagens magníficas, desafiavam-me amiúde para “fazer o requerimento em papel azul de vinte e cinco linhas” a solicitar à marca “o foguete”. Já não fui a tempo de conhecer a lindíssima Korosi Red Rocket 3 R que difere da moto provada apenas na posição de condução – guiador “flat” e poisa pés recuados. Esta, a moto provada, é uma Silver Ice & Storm Grey Rocket 3 GT e conta ainda face à R com uma suave proteção aerodinâmica e um pequeno encosto para facilitar a vida ao eventual passageiro. 

Foto: Gonçalo Fabião

Start. E wooooooooooo…., que moto é esta de 167 CV e 221 (!!!!!!!) Nm que apaixona à primeira troca de caixa?!?!? Na verdade e contra todas as expectativas a Triumph Rocket 3 GT interpreta da melhor forma aquela ideia que diz…, não há uma segunda oportunidade de causar uma primeira boa impressão. 

MUSCULO SIM E BEM DEFINIDO 
Sujeita a uma intensiva cura de emagrecimento face à sua antecessora, esta 3 GT surge com menos quarenta quilos e muitos miminhos tais como novo quadro em alumínio, electrónica de topo – apesar de um controlo de tracção faseado e um shifter de auxílio à passagem de caixa poderem no futuro enriquecer mais o conjunto – travões Brembo e suspensões Showa dignos de desportiva ou sport tourer

Foto: Gonçalo Fabião

Eu sublinho. A Triumph Rocket 3 GT apaixona. E é provavelmente das motos mais incompreendidas do mercado. De “tijolo” nada tem. Movendo-se ainda parada com volúpia e sensatez, é suave e precisa a baixa velocidade. Ao ligeiro toque no acelerador electrónico explode em direção ao horizonte. Assertiva no diálogo com o asfalto não se nega a um bom “curvão”, não sendo contudo essa a sua natureza. E no momento de parar este Arnold Schwarzenegger do motociclismo – que horror de frase…, agora já está… - os poderosos Brembo que alguns “entendidos” dizem sobre dimensionados respondem com absoluta eficácia. 

Foto: Gonçalo Fabião

PRAZER E EXCLUSIVIDADE 
Em bom rigor a Rocket 3 GT oferece uma jornada de afirmação e prazer. Afirmação pois somos olhados com o respeito do sujeito que circula num objecto raro e distinto (“olha, é uma Triumph”, ouvi amiúde). Prazer porque é uma delícia sentir esse respeito na cidade e seus arredores, cruzar a nossa terra ou aquela estrada à beira mar que nos leva a uma pausa algures com as amigos. E ficamos a sonhar com outras paragens. Não sendo uma touring, esta crusier ama o asfalto e chama pela viagem por essa estrada fora rumo ao infinito… 

Foto: Gonçalo Fabião

Personalidade, qualidade e até exclusividade são características desta Triumph Rocket 3 GT Silver Ice & Storm Grey onde não podem, obviamente, esperar economia. Ainda assim os pouco mais de sete litros, do mágico elixir inflamável que nos inebria, que nos são solicitados pelos dois mil quinhentos centímetros cúbicos do tricilindrico britânico não chocam. Pelo contrário, satisfazem. E podem contar com apenas seis daqueles litros se o andamento for de cruzeiro e respeitar os limites de velocidades impostos pela autoridade. A marca solicita 22.800€ por esta delícia absolutamente rara que por onde passa não deixa ninguém indiferente.

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