quarta-feira, 19 de julho de 2023

Suzuki V-Strom 800DE à prova

“As notícias da minha morte foram manifestamente exageradas”. Quem o terá dito foi Mark Twain. Twain, tornou-se um dos mais apreciados escritores americanos de sempre. Para lá da obra-prima “As Aventuras de Tom Sawyer”, revelar-se-ia também um humorista excepcional. E a sua frase encaixa tão bem na história recente da notável Suzuki, tal como eu me encaxei na novíssima V-Strom 800DE. 

Foto: Gonçalo Fabião

Na verdade, com a notícia do fim do envolvimento da marca nipónica no MotoGP, todos tememos o pior. Todavia a resposta positiva oferecida pela marca é muito mais do que uma prova de vida. 

Foto: Gonçalo Fabião

No último par de semanas tivemos a sorte de conhecer a nova família oitocentos da Suzuki. Se, cronologicamente, a despida GSX-8S foi a primeira a se oferecer ao ESCAPE, é sobre a V-Strom 800DE que vos escrevo primeiro. Porquê? Apenas porque me apetece. 

FLUXO DE VERSATILIDADE 
Lá mais para o fim do texto voltaremos ao americano Twain quando falarmos das características técnicas da nova Suzuki “fluxo de versatilidade”. Por agora é tempo de revelar que esta é daquelas que me arrebatou logo nos primeiros metros, sim, metros. 

Foto: Gonçalo Fabião

A linha da moto é desafiante todavia notável. Aqui a marca decidiu recordar o glorioso passado da DR 800 S Big (e do seu denominado bico de pato) - uma monocilíndrica absolutamente icónica – ao mesmo tempo que incorpora as novas tendências que emergem dos modelos ditos streetfighter. Resultado: uma síntese agressiva. 

Foto: Gonçalo Fabião

A posição de condução elevada, no entanto confortável, revela imediata harmonia e aponta a uma habitabilidade de referência. Gostamos de estar ali, bem seguros a um guiador corretíssimo. Há também conforto imediato na posição das pernas. Identificação. As primeiras sensações são sempre inesquecíveis e aqui são as melhores. 

Foto: Gonçalo Fabião

Tendo entregue ao dono a despida 8S há um par de dias, facilmente agora compreendemos quem nasceu primeiro, se “o ovo ou a galinha”. Pela harmonia de todo o conjunto, rapidamente compreendemos que apesar de plataforma (quadro e motor) partilhadas tudo parece ter sido desenhado e pensado para que esta trail de média cilindrada. Pela primeira vez – e muitas nesta prova – nos passa pela cabeça: terá aqui a Suzuki um trunfo para lançar na “corrida” à moto do ano 2023? 

AVENTUREIRA INSPIRADA 
A facilidade de utilização e equilíbrio do conjunto sentem-se logo na cidade, apesar de esta não ser uma moto propriamente leve (230Kg). A alegria do novo dois cilindros paralelo - 776cc, 83 CV e 78 Nm - com desfasamento de cambota a 270º com o objectivo de nos fazer recordar, na sonoridade e comportamento, os “motores em fisga” – rapidamente questiona por estrada aberta. Aqui, o rico pack digital que, para além dos habituais “Low RPM Assist” e o “Easy Start System, inclui o denominado Suzuki Drive Mode Selctor (SDMS) para escolha de entre três mapas de motor e ainda quick shifter bi-direccional começa a ajudar a extrair o prazer que procuramos na condução desta moto. 

Foto: Gonçalo Fabião

Para além do dia-a-dia na urbe, onde a Suzuki V-Strom 800DE nos encheu as medidas foi em estada aberta. Em via rápida e auto estrada só fica a faltar um cruise control para que o conforto seja irrepreensível – surpreendentemente boa a protecção aerodinâmica oferecida pela mini marquise como já lhe chamei (e parece ter irritado algumas almas :) ). Em estrada retorcida sentimos que temos moto com “cabedal” para atravessar alpes e outras cordilheiras, não sei se me faço entender… 

Foto: Gonçalo Fabião

Na breve incursão fora de estada por terreno de gravilha, optamos por não desligar na totalidade o ABS na roda traseira e por deixar o controlo de tracção no modo “G”, precisamente de “Gravilha”. Aqui a V-Strom 800DE cumpriu sem deslumbrar e fiquei com a ideia que com um pneu mais misto, ou seja com mais capacidade de eficácia fora do asfalto, a diversão tinha sido muito maior. 

SEM TABUS 
Para além da já notada ausência de cruise control só sentimos falta, na unidade provada, de descanso central. No entanto a marca anunciou na passada semana um conjunto de pacotes de acessórios para completarem a 800DE ao vosso gosto. 

Foto: Gonçalo Fabião

Não sei dizer isto de outra forma. Gostei muito da Suzuki V-Strom 800DE, ponto final. A moto deixou saudades, ponto final. Como aqui no ESCAPE não temos tabus e o bom é para sublinhar não podemos deixar de recomendar a leitura deste texto (link) de Fernando Pedrinho (agora sem o Martins) onde, por um lado se faz uma breve história do modelo e, por outro, se explora muito bem os detalhes técnicos e tecnológicos do modelo agora lançado. A propósito desta recomendação de leitura temos de voltar a Mark Twain, pois o texto que aqui se recomenda, nas palavras do norte-americano, é um exemplo de “definição de um clássico – o que toda a gente queria ter lido e ninguém quer ler”. Espero, mais uma vez, que me faça entender. 

Foto: Gonçalo Fabião

Esta bonita, na nossa opinião, Glass Mat Mechanical Gray (QT7) solicitou pouco menos de quatro litros e meio do líquido inflamável de que são feitos os nosso sonhos por cada cem quilómetros de gozo, solicitando a marca 11.499€ para que a levem convosco por essa estrada fora.

4 comentários:

  1. Excelente review. Fiz o teste drive também, mas achei demasiada vibração nas peseiras as 5/5500rpm(110/120klm) e o banco bastante quente a baixas velocidades em serra ou quando dispara a ventoinha no transito. Fiquei reticente na compra derivado a esses issues. Boas curvas Obrigado

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Esqueci-me da parte que pretendia saber :) Notou algo parecido? Poderá ter sido exclusivo da mota que testei? Obrigado

      Eliminar
    2. Honestamente não notei quaisquer sinais de sobreaquecimento e julgo que a ventoinha nunca terá disparado, sequer. E quando fotografamos aquecemos bem as motos no vai e vem típico de andar a tentar obter a melhor imagem. Há alguma vibração por essas rotações no entanto nada de verdadeiramente significativo, na nossa opinião.

      Eliminar

Site Meter