segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Honda CL500 à prova

Alguns dizem que Endless Summer, enquanto filme de surf, é o mais importante da história. O filme narra a viagem de Mike Hynson e Robert August num verão sem fim por esse mundo fora. Esta “Alegria de Verão”, na tradução para português tropical, está prestes a fazer 60 anos. Bruce Brown, o realizador já desaparecido, acompanhou, sozinho, os dois free surferes. Endless Summer foi um absoluto sucesso, perpetuando a ideia de busca sem fim pela onda perfeita e por lugares exóticos e desconhecidos. 


O filme e a sua realização estão cheios de detalhes curiosos. Por exemplo, o seu orçamento total foram uns meros 50 mil dólares, tendo a ideia do filme surgido de uma mera conversa entre Bruce e o seu agente de viagens. Segundo este, dar à volta ao mundo seria à época apenas 50 dólares mais caro do que um voo entre Los Angels e Cape Town. 

 

Endless Summer acabou por meter o pé à porta e derrubar a barreiras do parco público de surf dos USA nos “sessenta”. Distribuído mundialmente em 1966, terá facturado uns inacreditáveis 20 milhões de dólares. Endless Summer é uma masterclass para quem gosta de se conectar com o universo e ama a Liberdade, as Ondas e as Viagens. 

UMA FORMA DE AUTO EXPRESSÃO 
Passaram-se mais de três meses sobre os dias em que tive ao dispor a Honda CL500. E já lá vão bem mais do que seis meses desde que a moto foi oficialmente apresentada. Todavia vivemos num tempo de verão sem fim. E não fora aquelas três a quatro semanas de chuva intensa em Outubro, parece, por estes dias, que o verão ainda não acabou. 


Céu azul, sol, e até água quente para umas ondas em fato short, ou até quem sabe apenas uns mergulhos de mar. No fundo…, ainda é verão…, nem que seja de São Martinho. Verão de São Martinho que é cada vez mais verão e menos São Martinho.


A Honda tem uma longa história de fazer motos de média cilindrada, com o objectivo de se apresentarem ideais para condutores em todo o mundo. Na verdade as CLs dos anos 60 e 70 do século passado - fáceis de usar, performantes, úteis e de preço acessível – foram aqui fonte de inspiração. Motos leves com dinâmica de fora de estrada e uma bela dose de coolness. Todavia a base desta nova CL é a CMX500 Rebel de 2018


Nas palavras de Hiroshi Furuse, Líder de Grande Projeto (LPL - Large Project Leader) da CL500, Honda R&D, Japão: "A CL500 foi desenvolvida como uma moto que realmente permite aos seus proprietários sobressaírem da multidão e como uma forma de autoexpressão. Este modelo pode ser usado e apreciado casualmente – sem hesitações – pela geração jovem nas suas vidas do dia-a-dia e foi concebido para se tornar uma parte alegre e integral de um estilo de vida. Na forma standard, o estilo street off-road tem um charme visual diferente de qualquer outro modelo da gama Honda e pode, na verdade, inspirar os proprietários a levá-lo mais à frente, em qualquer direção que desejarem.". 

EVERYDAY BIKE 
Apontando manifestamente às novas gerações de motociclistas orgulhosos do estilo, esta é uma moto concebida para se encaixar no estilo de vida de cada um, mas com a capacidade de enfrentar as deslocações do dia-a-dia, viagens mais longas aos fins-de-semana ou até mesmo um fora de estrada ligeiro no quintal de todos os dias - e chamar sempre a atenção enquanto tenta fazer tudo isto bem feito. 


É claro, e tal como deve ser para o motociclista mais jovem, este modelo também é muito personalizável, com uma gama de acessórios genuínos Honda prontos a usar que elevam a personalidade, o carácter prático e o estilo da CL500. 


Num quadro principal de treliça em tubos de aço a Honda montou o seu comprovado bicilindrico paralelo quinhentos (471 cc; 47 cv às 8.500 rpm e 43,4 Nm às 6.250 rpm). A suspensão de longo curso é composta por uma forquilha telescópica de 41 mm e por amortecedores traseiros que podem ser regulados, enquanto as rodas – 19 polegadas à frente e 17 polegadas atrás – usam pneus mistos. Os travões dianteiros e traseiros possuem ABS equilibrado para ter um desempenho positivo nas mais diversas condições, incluindo, obviamente, o off-road suave. Toda a iluminação é de LEDs, o painel de instrumentos é compacto e de LCD negativo e os piscas traseiros têm tecnologia Emergency Stop Signal (ESS) que os opera nas travagens fortes e repentinas, tornando-os em piscas de emergência. 

URBANA E INCLUSIVA 
Sejamos honestos, a Honda CL500 é fundamentalmente uma moto urbana. Muito inclusiva e de fácil conhecimento. Rapidamente sentimo-nos familiarizados com a habitabilidade e a condução citadina. Um detalhe com pinta e que todavia aborrece é a colocação da chave de ignição de forma lateral. Não estamos habituados e num tempo de sistema electrónico de chave no bolso seria bem mais interessante o pragmatismo da eletrónica do que o inútil exercício de estilo (duvidoso). 


Na estrada a moto surpreende pela eficácia. E como podem ver pelas sempre belas imagens do Gonçalo Fabião, a moto curva que nunca mais acaba e com uma facilidade surpreendente, permitindo momentos de genuíno gozo. A estrada aberta poderá ainda ser a sua praia, desde que para uma curta e divertida viagem de fim-de-semana. 


Sorrisos no rosto. É o que também trazemos de uma voltinha pelo mato que vai crescendo lá no quintal. Numa destas incursões escolhemos uma improvisada pista de suposto motocross algures perto de casa. Volta após volta, vamos cantarolando aquela música dos MGMT, Kids: “Control yourself, take only what you need from it”. 

CALIFORNIA DREAM 
Verão eterno. Sorrisos e liberdade. Quem sabe umas ondas em água que já não se pode considerar fria. A Honda CL500 convoca destinos de sonho como a Califórnia. E também convoca a realidade portuguesa cada vez mais conectada com os elementos que nos beijam: sol, ventos, marés, ondulações. 


A moto provada foi uma Matte Laurel Green Metallic equipada com mix de extras originais escolhido dos diferentes pacotes disponíveis que são: pacote aventura composto por protecções para os punhos, guarda-lamas dianteiro mais alto, coberturas para os amortecedores traseiros e poisa-pés tipo rally; pacote turismo composto por malas laterais não rígidas, punhos aquecidos, tomada 12V, manete travão ajustável e protecção para o depósito; pacote estilo com carenagem frontal para o farol, autocolantes decorativos para as laterais e para as rodas, tampas laterais traseiras com autocolantes opcionais e banco mais alto. Podem encontrar a ficha técnica da pequena CL aqui (link), moto que reclamou pouco menos de quatro litros de sumo doirado de dinossauro por cada cem quilómetros de verão eterno percorrido, solicitando a marca uns muito aceitáveis 6.850€ para a terem convosco.

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