quinta-feira, 28 de agosto de 2025

No Coração do Oeste com a Suzuki GSX-S1000 GX

Há rotas que são feitas de curvas. Outras são feitas de história. E há aquelas raras que unem as duas coisas, com o sal do Atlântico a temperar cada quilómetro. A bordo da Suzuki GSX-S1000 GX, essa turística de genes desportivos e alma inquieta, fiz-me à estrada desde a base em Alfragide. De olhos postos no Oeste, rumo ao coração da nossa costa mais brava. 


Antes de partir recordemos que a Suzuki GSX-S1000 GX pretende ser a fusão perfeita entre a agressividade de uma superbike e o conforto de uma sport tourer. Desassossego foi a palavra chave que encontrei quando a provei aqui (link) na primavera passada. Sempre que colocamos o motor da Suzuki GSX-S1000 GX a trabalhar, ela reclama a nossa atenção e transpira personalidade. Fazendo-nos sonhar com paisagens exóticas e asfalto retorcido. 

NACIONAL 115: A ESPINHA DORSAL DO OESTE 
A manhã nasceu quente, mas a GSX-S1000 GX estava pronta. A saída de Alfragide, engolindo o betão suburbano, serve como rampa de lançamento. Um pequeno sacrifício para alcançar as linhas mais livres. Bucelas apareceu como a primeira recompensa — uma vila de vinhos robustos e encostas suaves, onde a paisagem começa a mudar de tom e a estrada começa a sussurrar segredos ao ouvido. 


Apanhamos a N115 com sede de aventura. Esta estrada nacional é uma daquelas vias esquecidas pelas pressas modernas, mas que os motociclistas de alma sabem venerar. Tensa e solta, a 115 desenha-se entre vales e colinas, com o piso a variar entre o aceitável e o desafiante. Aqui, a GSX-S1000 GX mostra o equilíbrio entre conforto e garra: a suspensão electrónica da Showa lê o asfalto como quem lê braille — e interpreta tudo sem erros. 

Relembrem que o SAES (Suzuki Advanced Electronic Suspension) assume-se como um sistema electrónico de controlo ativo de suspensão dos mais avançados do mercado, tentando definir um novo padrão. O sistema está assente nas suspensões Hitachi Astemo’s SHOWA EERA, versão electrónica da forquilha dianteira invertida SFF-CA e do mono amortecedor traseiro BFRC-lite. 

SOBRAL DE MONTE AGRAÇO: NO RASTO DAS LINHAS DE TORRES 
Chegamos ao Sobral com o motor quente e a mente a viajar no tempo. Estamos em território sagrado. Foi aqui, nesta região, que se ergueu uma das mais engenhosas linhas defensivas da história europeia: as Linhas de Torres. Concebidas por Wellington para travar Napoleão, as suas 152 fortificações salvaram Lisboa da destruição. As colinas guardam ainda os ecos de tiros de mosquete e passos mercenários e de soldados britânicos, portugueses e espanhóis. É impossível não sentir o peso épico desta paisagem. 


Daqui, seguimos para a Aldeia Galega da Merceana. A estrada serpenteia, e cada curva parece moldada à mão para motociclistas. A Merceana é pequena, todavia rica em carácter, com casario branco, hortas, varandas floridas e um tempo que corre mais devagar. O tipo de lugar onde se ouve mais o som dos teus próprios pensamentos… ou do escape da Suzuki. 

SERRA DE MONTEJUNTO: ALTITUDE E ATITUDE 
Desvio-me da 115 para subir à Serra de Montejunto — o pulmão elevado do Oeste. A estrada torna-se estreita, o piso mais rude, mas a vista recompensa. De lá de cima, a paisagem abre-se num pano de fundo esmagador: vinhas, serranias, o Atlântico ao longe. A GSX-S1000 GX, com a sua eletrónica afinadíssima, mantém a compostura mesmo nas picadas menos simpáticas. É aqui que a moto prova que é mais do que um canhão de autoestrada: é uma devoradora de horizontes. 


Descemos com cautela e ligo-me de novo à 115. Cruzamos o Cadaval — terra de maçãs e de gentes de fibra — e seguimos para o Bombarral, já com a maresia a insinuar-se nas nossas narinas. Um curto troço de autoestrada serve de transição, mas não desilude: a GSX voa estável, protegida pela carenagem frontal que agora domestica brisas atlânticas. Saído da A8 em Tornada, somos brindados com a N8, essa estrada paralela ao mar, de curvas largas, paisagens de postal ilustrado e ritmo hipnótico. A GX entra em modo de cruzeiro, e eu deixo-me embalar. É um prelúdio perfeito para o clímax desta viagem. 

***Recorda aqui (link) a Prova à Suzuki GSX-S1000 GX uma moto que te faz sentir vivo.*** 

SECRET SPOT: O SEGREDO ENTRE A SERRA E O MAR 
Chegamos, finalmente, ao nosso destino junto ao mar. Não direi onde fica — quem sabe, saberá encontrá-lo — mas posso dizer o que senti. Este secret spot não é para todos. É para quem respeita o silêncio, para quem se move devagar, para quem entende que a beleza mais pura não grita — sussurra. E aqueles que o encontram, raramente o esquecem. 

Escondida entre as dobras dramáticas da costa atlântica, existe uma praia onde o tempo parece abrandar e a natureza domina com uma força bruta e serena. Este secret spot é um tesouro intocado, uma faixa de areia larga e selvagem que se estende até perder de vista, ladeada por dunas douradas e arribas que guardam segredos antigos. 

Aqui, o oceano revela-se em toda a sua magnitude. As ondas chegam longas e vigorosas, numa cadência hipnótica que atrai tanto quem procura meditação no som do mar como aqueles que o enfrentam com uma prancha nos pés. Não há espreguiçadeiras nem bares à vista — apenas o cheiro da maresia, o cantar do vento e o bater persistente do mar contra a areia. 

A natureza impera. Os acessos são discretos, quase silenciosos, como se a própria paisagem pedisse discrição a quem a visita. É o tipo de lugar onde os pés nus se tornam bússolas, e cada passo é uma descoberta — de conchas, pegadas de gaivotas ou apenas do prazer de estar longe de tudo. 

REGRESSO COM OURO NAS MÃOS 

É um lugar onde o tempo estanca. Um areal imenso, selvagem, de ondas bravas e silêncio puro. O tipo de lugar que parece guardado por Poseidon em pessoa. A GSX fica estacionada com vista privilegiada, a descansar enquanto os olhos descansam também. A carenagem azul brilha sob o sol de quase Agosto. A vida tem destes momentos em que tudo parece encaixar. 

A tarde cai. É hora de voltar. Fazemos o mesmo caminho até ao Bombarral, onde seguimos de novo a Nacional 8 — agora no seu troço mais célebre entre Bombarral e Torres Vedras. Esta secção é ouro líquido para quem anda de moto: curvas progressivas, bom piso, inclinações suaves, paisagens que rasgam o fôlego. A GSX-S1000 GX dança, desliza, sorri. É pura harmonia entre homem, máquina e estrada. 

O OESTE É UM MAPA EMOCIONAL 
Já em Torres, com o sol a despedir-se em tons alaranjados, não há tempo para cerimónias. Sigo pela autoestrada até casa. O motor ronrona sem esforço, como quem diz: “Se quiseres, vamos outra vez.”. Este passeio foi mais do que um percurso — foi uma ode à beleza crua e à história rica da Região Oeste. Foi também uma prova da versatilidade e do prazer que a Suzuki GSX-S1000 GX oferece.


Não é apenas uma sport-tourer. É uma extensão do desejo de descobrir, de escapar, de sentir. E quando o sol se põe, ainda com o som das ondas a misturar-se com a memória do escape mais rouco…, percebes que o Oeste não se atravessa. Vive-se.

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