terça-feira, 2 de setembro de 2025

O coração do motociclismo com a Honda GB350S

Há motos que não se medem em cilindros, em fichas técnicas ou em acelerações de 0 a 100. Há motos que se medem pelo bater do coração quando nos aproximamos delas. Pelo silêncio que fazem nascer cá dentro, antes sequer de rodarmos a chave para destrancar a direção. A nova Honda GB350S é isto mesmo. Uma máquina que não grita. Que não precisa de provar nada. Que apenas é — com a força tranquila de quem sabe ao que vem.


De farol redondo e silhueta clássica, a GB350S exibe ares de Café Racer com o brilho contido. Parece-nos familiar, como se já a tivéssemos conduzido noutra vida. Talvez seja esse o segredo: a GB350S não é apenas uma moto — é um reencontro com a essência do motociclismo

UMA MOTA PARA TODOS E PARA CADA UM 
É difícil fazer uma máquina que fale a todos. Mas esta fala. Ao jovem que começa agora, e que precisa de confiança e previsibilidade. Ao experiente que já teve mil e uma motos, e que agora procura aquela que o faz sorrir sem esforço. À mulher que venceu o medo e decidiu finalmente aprender. Ao homem que quer voltar depois de anos afastado. Esta Honda é acessível sem ser simplória, segura sem ser aborrecida, estável sem ser entediante.


Não esperes tecnologia a rebentar pelos punhos. Esta não é uma moto para impressionar o vizinho — é para impressionar-te a ti, quando dás por ti a sorrir debaixo do capacete, sem saberes bem porquê. Tem o que é preciso: ABS, injeção, fiabilidade. Mas o foco está no essencial. O depósito de 15 litros convida à estrada, os espelhos redondos devolvem-nos um mundo sem pressa, e os pneus robustos agarram o alcatrão com confiança. O assento é mais confortável do que parece, e a embraiagem leve como um pensamento feliz. Esta mota não se guia, dança-se com ela. 

QUANDO MENOS É MAIS
No coração da GB350S está um monocilíndrico de 348 cc, com arrefecimento a ar, comando de válvulas simples (SOHC) e duas válvulas. Este motor está claramente desenhado para privilegiar o binário em baixa rotação e a facilidade de utilização. Entrega 20,8 cavalos às 5.500 rpm e, mais importante, 29 Nm às 3.000 rpm — o que significa que responde com força e suavidade logo desde o arranque. 


A caixa de apenas cinco velocidades é justa para o tipo de condução a que a mota se propõe. As relações são curtas nos primeiros andamentos, permitindo agilidade no arranque urbano, e mais longas nos últimos, para manter rotações mais baixas em estrada aberta. A embraiagem assistida é leve e progressiva — um detalhe que faz diferença, sobretudo para quem está a iniciar-se no motociclismo. 

TRADICIONAL E FUNCIONAL
O quadro tubular de berço duplo em aço transmite confiança e estabilidade, sem comprometer a agilidade. É uma estrutura simples mas eficaz, típica de motos com inspiração clássica. A suspensão dianteira é composta por uma forquilha telescópica convencional de 41 mm, com 120 mm de curso, e atrás encontramos um sistema de dois amortecedores com pré-carga ajustável — solução tradicional mas funcional, confortável em mau piso e adequada para o peso da moto. 


Com 181 kg em ordem de marcha, a GB350S é relativamente leve, mas tem presença. O centro de gravidade é baixo, o que facilita as manobras a baixa velocidade e oferece uma sensação de controlo quase instintiva. 


A posição de condução é natural e neutra. O assento está a 800 mm do chão, acessível a praticamente todos os tipos de condutor, e o guiador largo proporciona boa alavanca e controlo. As pedaleiras estão numa posição intermédia — nem demasiado recuadas nem demasiado avançadas — o que resulta num encaixe confortável tanto para viagens curtas como para tiradas maiores. 


A instrumentação é minimalista, com um velocímetro analógico de leitura clara e um pequeno visor digital que indica combustível, relógio, trip e odómetro. A iluminação é integralmente em LED, conferindo-lhe um ar moderno sem trair o espírito clássico. Não há modos de condução, não há conectividade, nem ride-by-wire. Há simplicidade funcional, e isso, para muitos, é exatamente o que se procura. 

UM CONVITE A ABRANDAR 
Quem se deliciou com a Honda GB350S foi a Miss Yoshimura. Querem ler? 

Conduzir a Honda GB350S foi como descobrir uma nova versão de mim mesma sobre duas rodas. Desde o momento em que a recebi, senti que havia ali algo de especial: um equilíbrio perfeito entre leveza, elegância e presença. Não é apenas uma moto — é uma companheira que se adapta ao nosso ritmo, que se move connosco de forma quase intuitiva. 

Saí sozinha, com o destino apontado à praia. Escolhi o meu look com cuidado, num jogo de tons que conversava com o lado vintage da moto: calça de ganga azul, casaco de ganga azul e a minha mochila azul às costas. Tudo a fazer panda com aquele azul muito levezinho da GB350S. Mesmo com calor, a segurança veio primeiro — botas firmes e roupa resistente — mas na mochila levava também o biquíni e os calções, prontos para um mergulho no final do passeio. 

Pelas ruas de Lisboa, a GB350S mostrou-se ágil e fácil de manobrar, até na calçada mais traiçoeira ou nos semáforos apressados. Nas ruas estreitas, parecia deslizar, convidando-me a relaxar e a aproveitar o caminho. A suspensão suave foi uma surpresa agradável — absorvendo cada irregularidade com graciosidade, sem me tirar o conforto. 



Chegar à praia foi quase um detalhe. O verdadeiro prazer esteve no percurso: o vento a entrar pelo capacete, o som do motor a marcar o compasso e a sensação de que, por aqueles minutos, o mundo era só meu. Tivemos ainda tempo para uma sessão fotográfica juntos — eu e ela — a eternizar a cumplicidade de um dia que não se mede em quilómetros, mas em sensações. A GB350S não é apenas uma moto. É um convite a abrandar, a viver a cidade com outro olhar e a descobrir que, às vezes, a liberdade cabe num instante.

SERÁ ESTA A MOTO IDEAL PARA TI? 
A GB350S não veio para competir. Veio para lembrar. Lembrar que o motociclismo começou assim — numa simplicidade honesta, sem pressa, sem filtros. Serve para ir trabalhar. Serve para ir tomar café junto ao mar. Serve para subir a serra ao domingo de manhã e ver o nevoeiro a dissolver-se aos poucos. Serve para redescobrir o prazer de andar de mota sem precisar de 200 cavalos nem ecrãs TFT. É uma moto para quem quer entrar neste mundo com o pé certo. Para quem quer regressar sem receios. Para quem quer abrandar, ouvir o mundo, sentir o vento, respirar diferente. A GB350S é a resposta certa para uma pergunta antiga: “Porque é que andamos de mota?”


A Honda GB350S reclamou apenas três litros de liquido inflamável da nossa felicidade por cada cem quilómetros de sorrisos no rosto, solicitando a marca uns meros 4.590€ por esta janota Puco Blue (B-187) que, notem nas imagens, vinha com alguns acessórios originais montados. São números muito simpáticos para uma mota que nos convida a desligar o telemóvel, a olhar para o horizonte, a sentir o ritmo do motor. Números que fazem sentido para o mundo real. A GB350S mostrou ser muito mais do que uma porta de entrada no motociclismo — é um convite a viver a estrada de forma honesta e intensa.

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