domingo, 29 de maio de 2022

Aprilia SR GT 125 à prova

Onde estavas em 1990? A Alemanha reunifica-se. E para celebrar em condições vence em Roma, sob a batuta de Lothar Matthäus e Rudi Völler, o campeonato do mundo de futebol. 1990 foi ano impressionante. Em Fevereiro Mandela é libertado sendo este o princípio do fim do apartheid na África do Sul. Em Agosto, a invasão do Kuwait, levada a cabo pelo Iraque, dá início à segunda Guerra do Golfo. Mais tarde Michail Gorbatchev recebeu o Prémio Nobel de Paz.

Foto: Gonçalo Fabião

Por cá, Mário Soares era Presidente da República e Cavaco Silva Primeiro Ministro. Nasce o Jornal Público e o zoo de Lourosa. Na televisão era tempo de “Agora Escolha” e “Tv Rural”. Ah…, e pelas oito da manhã do dia 10 de Setembro desse ano, houve um avistamento de OVNI por várias pessoas, em locais diferentes de São Vicente de Alfena, uma freguesia no concelho de Valongo, sendo este até hoje, o caso mais significativo de OVNIs em Portugal. Tudo factos relevantes… 

Todavia, para toda uma geração de adolescentes em início de vida adulta, motociclistas em modo “work in progress”, este era o tempo das cinquentinhas: sonoros e perfumantes motores a dois tempos que deixaram para sempre no nosso cérebro o doce sabor a óleo do sistema autolube. Eterna Saudade… 

De entre todos os velocípedes com motor auxiliar, um ocupava o posto mais alto da lista de desejos: a Aprilia AF1. Esta liliputiana desportiva estava longe de ser a mais popular e a mais vendida. No entanto era sem duvida alguma a mais desejada. Por vários motivos, onde se destacam dois muito simples: por um lado era a mais rápida e, por outro, quem a tinha levava sempre uma das miúdas (se não “A” “Miúda”) mais desejadas por todos. 


A AF1 (Aprilia Formula 1) nasce em 1986, numa versão não comercializada em Portugal, montando num quadro perimetral em aço um explosivo motor Minarelli RV4 com caixa de quatro velocidades. Travões de disco em ambas as rodas e suspensões de referência com destaque para o mono amortecedor traseiro e sistema APS, brilhavam num conjunto de muita qualidade. A AF1 começa a sua história em Portugal em 1987 sendo comercializada em modo full-extras. Um requinte. O modelo vai evoluindo com destaque para a versão AF1 Sintesi Replica dedicada ao popular piloto belga Didier De Radigues que brilhava, precisamente, no ano de 1990. Ano em que a marca apresenta a (ainda hoje) lindíssima versão AF1 Futura 50, muito idêntica na decoração ao modelo 125cc, e com prestações “alucinantes”, ao aproximar-se dramaticamente dos 120 quilómetros hora de velocidade de ponta. 

POR QUE RAIO TODOS ESQUECEM A CARTA A1?
Hoje a sensação que todos temos é de que a penetração do mercado de veículos de duas rodas com motor na faixa etária dos 16 aos 18 anos fica a anos luz da gloriosa geração das cinquentinhas.

Foto: Gonçalo Fabião

Várias razões concorreram para que tal assim seja. Deixem-me destacar uma. As marcas ignoram olimpicamente a Carta A1, não fazendo qualquer investimento digno para conquistar essa fatia de mercado eventualmente relevante. De recordar que a carta de moto A1 habilita a conduzir motociclos de cilindrada não superior a 125cc e potência máxima de 11kw, sendo que a idade mínima para tirar esta carta são os 16 anos. 

Foto: Gonçalo Fabião

Sabiam? Não? Muito não sabem, infelizmente. Os miúdos do liceu podem, logo aos 16 anos conduzir, por exemplo, uma Aprilia SR GT 125. Bonita e atrevida como eram as Aprilia fumegantes dos finais do seculo XX, todavia muito mais limpa, económica, eficaz e até ecológica como agora as novas gerações reclamam. 

NA CIDADE TAMBÉM HÁ AVENTURA 
De facto, para além da excelente Tuareg (link) a Aprilia tem para nos oferecer neste 2022 enquanto novidade a SR GT 125, cujo primeiro olhar invoca desde logo uma scooter icónica de outros tempos: a Yamaha BW’s. Tal como a cinquentinha de culto do século passado, esta Aprilia de linhas agressivas, surge vagamente inspirada nas motos fora de estrada, vindo equipada com suspensões de maior curso, pneus mistos e um toque de desafio que alguns denominam de desportividade quotidiana. 

Foto: Gonçalo Fabião

A Aprilia SR GT 125 monta num quadro aparentemente muito sólido a nova unidade motriz de 125cc i-get de 14,75 Cv (11 kw) - mesmo no limite superior da legislação aplicável para que possa estar ao alcance de todos – que já dispõem do sempre simpático e ecológico sistema Start&Stop. 

Foto: Gonçalo Fabião

Aderimos à SR GT 125 com uma facilidade surpreendente. A posição de condução é alta e correta ajudando-nos de imediato a dominar a batalha urbana. O baixo centro de gravidade revela-se e o sorriso instala-se pela leveza do conjunto. De facto, a Aprilia SR GT 125 parece aquelas miúdas muito modernas, ágeis e ativas, que não falham uma sessão diária no Gym e praticam uma alimentação extremamente saudável. Assim, os seus “anoréticos” 144 quilos fazem com que se assuma enquanto incontestada rainha da leveza. Só apetece pegar ao colo e…, simplesmente aproveitar.

Foto: Gonçalo Fabião

VENCER OS DESAFIOS CRESCENTES DA MOBILIDADE URBANA 
Esta leveza geral de todo o conjunto ajuda a potenciar ainda melhor o grande destaque desta moto: o seu audaz motor. Nunca nos falta potência, tendo em conta que estamos perante uma “pequena 125”. A forma como a unidade motriz responde a velocidades consideráveis (tendo em conta a natureza urbana desta scooter) surpreende-nos ao ponto de, nalgumas circunstâncias, nos fazer crer que estamos perante um motor de maior cubicagem.

Foto: Gonçalo Fabião

Não é ainda fácil encontrar “pontos menos” nesta Aprilia. Honestamente desejaríamos ter mais espaço debaixo do banco, pois são apenas 25 litros de capacidade. Não é verdade, como li algures, que não cabe um capacete modular pois eu consegui encaixar um capacete dessa natureza sem esforço; todavia já não consegui encaixar um “jet”; assim…, depende muito da marca e modelo de capacete - fica a sugestão de testarem esse aspecto se para vós for relevante. 

Foto: Gonçalo Fabião

A Aprilia SR GT 125 assumiu-se muito para além do brinquedo urbano ou moto “de menina”. É um sério regresso da marca a estas cilindradas menores, todavia cada vez mais relevantes face aos desafios crescentes da mobilidade urbana e suburbana. Esta lindíssima, na nossa opinião, Infinity Blue reclamou pouco mais de dois litros e meio de ouro líquido por cem quilómetros de simpatia, charme e eficácia citadina, pedindo a marca uns muito interessantes 3.990€ para que o vosso dia a dia seja um pouco mais apimentado.

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