Os primeiros metros, ainda em solo citadino, revelam fluidez e desenvoltura. E algum excessivo calor vindo do motor provocado pela velocidade caracol imprimida pela patética azafama do trânsito natalício.
A diária deslocação urbana ou mesmo suburbana não é o terreno para que foi pensada e construída esta Meccanica Verghera Agusta. Seria pois necessário leva-la “a sair para fora de pé”, para longe da azafama lisboeta. Assim, desafiei-me e desafiei a Turismo Veloce 800 Lusso para uma espécie de “Grande Boucle” audaciosa que incluía diversos tipos de “terreno”. Em traços gerais abandonei a Grande Lisboa pelas N374 e N8 rumo ao Oeste até à foz do mondego na Figueira; daqui N111 até aos arredores de Coimbra, IP3 até Penacova, Nacional 2 até ao cruzamento onde nasce aquela que vou baptizar humoradamente de Grossglockner tuga, a N112 , que me conduziu até Castelo Branco e daqui, enfim, de regresso a casa.
Os 650 (seiscentos e cinquenta) quilómetros percorridos num ritmo de absoluto “sport turismo”, revelaram uma moto totalmente apta a estas valentes andanças. Fortíssimo destaque para o conforto superior, para o qual contribui uma posição de condução correta (tendencialmente perfeita), os punhos aquecidos (nunca usei tanto como nesta Prova este detalhe) e o “cruise control”. Apenas a protecção aerodinâmica oferecida pelo ecrã ajustável não tem nota excelente.

No fim deste intenso dia fiquei totalmente esclarecido. Sim, é possível! É possível fazer turismo, com charme e classe, numa moto com cabeça, tronco, membros…, alma e coração de desportiva.
A eficácia, o requinte e a exclusividade, como todos sabemos, custam dinheiro. Aqui não há excepção. E para fazer mototurismo em ritmo veloz será necessário desembolsar 19.500€ para tirar esta sedutora italiana do stand. Só o assim – o preço – se justifica que esta moto derreta tão poucos corações.