segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Em defesa dos "new media" do motociclismo português

Uma destas noites levei o Marcos comigo para a cama. Sim, o Leal. Ele e a revista inteira, a REV #49 em banca. Coubemos todos. Gostei de ler as suas intenções – recordo apenas que as intenções para que se concretizem têm de ser praticadas – e por ali continuei a percorrer a revista, apesar da pestana querer apagar. Deixei o texto do Grilo a meio, li a Marta e gostei, percorri as REV’S e os Contactos… 

Quando já pensava em interromper a leitura e apagar a luz surge a “Conversa com” Mário Figueiras. Ponto prévio (ou morto, utilizado terminologia de petrolhead) para saudar o facto das entrevistas, ainda que esta seja curta e aparentemente efectuada por escrito, estarem vivas. Urra!! 

O que Mário Figueiras pensa sempre me interessou. Pessoa há décadas ligada à comunicação do motociclismo em Portugal na comunicação social e ao nível de marcas relevantes. A dado ponto é-lhe perguntado… 
- Como vês a realidade da imprensa/meios de comunicação na actualidade? 
 - (…) Há muita gente a escrever online e parece que todos sabem de tudo, mas a verdade é depois de tudo bem “espremido” sai pouco sumo (…)”. 

Tentei mas não posso ficar indiferente a este comentário que apesar de acreditar ter sido proferido em modo “go with the flow” e recorrendo a lugares comuns doeu – dai fugir deles, dos lugares comuns, como o Diabo foge da cruz - ups, tropecei. O Mário quer ser dono da “verdade”, só que não…, e estas palavras merecem ser devidamente aqui comentadas, da forma mais elegante possível. 

Nunca falei muito com o Mário para além dos cordiais cumprimentos. Mas sobre ele em si, e não sobre o que disse, podia comentar duas coisas. Primeira, comentar o único contacto que tivemos via correio electrónico a propósito este ESCAPE – não o vou fazer porque não se comentam conversa privadas no espaço público. Segunda, comentar o trajecto profissional do Mário, também não o vou fazer porque respeito muito quem faz da comunicação no campo do motociclismo vida profissional. Não comento mas tenho uma ideia sobre estes dois aspectos que guardo para mim. 

Como amor com amor se paga (ups, voltei a tropeçar) peço, mais, exijo respeito. O trabalho que este ESCAPE realiza desde o dia 13 de Abril de 2015 é antes de tudo o mais um trabalho comprometido e apaixonado. Comprometido e apaixonado com o motociclismo. É um trabalho honesto. Não é um trabalho remunerado. Aqui não há publicidade, este ESCAPE não é um veículo comercial. É ainda um trabalho transparente. Está aqui todo, todinho, nem uma palavra foi apagada desde o início do blogue. E todas essas palavras podem ser consultadas a qualquer momento, não se escondem numa estante ou dentro de uma caixa de papel bafienta algures num canto de uma arrecadação. 

Exijo respeito para mim e para as demais realidades comunicacionais digitais no âmbito ao motociclismo. Hoje, sobre motociclismo, temos blogues excelentes e temos blogues bons. Temos contas de instagram tão boas ou melhores do que aquelas que se fazem lá fora – algumas acompanham com belos textos a sua excelente qualidade fotográfica. E também temos algumas páginas de facebook com interesse. Colocar toda a farinha no mesmo saco (voltei a tropeçar, um lugar comum) - recordo, disse o Mário: “parece que todos sabem de tudo” - para além de deselegante apenas revela uma coisa: ignorância. Ignorância de quem profere essas palavras. E é grave? É pois! Estamos a falar de um profissional da comunicação com anos disto. Desculpa Mário mas tenho de ser honesto. Comigo, com os meus leitores e contigo também. 

Estamos no mês de Janeiro de 2019. Já basta de meter toda a comunicação digital do liliputiano universo motocilsitico português no mesmo saco! Urge separar o trigo do joio (glup, mais um tropeção). E se calhar urge ainda deixar de ouvir pessoas que não se souberam adaptar, não têm existência porque a Rede não as reconhece, ficaram lá longe frisadas no século XX e, em bom rigor, as novas gerações de motociclistas nunca ouviram falar delas.

Lamento. E se acham que fui duro, devo dizer ainda que me contive bastante.

7 comentários:

  1. Boas
    Concordo e a realidade é que existe medo da mudança.
    Mesmo alguns casos que apesarem de terem mudado para o digital querem controlar e manipular, assim como muitos simplesmente não querem criar preferindo copy&paste traduzido.
    E quando algo é diferente preferem criticar e caluniar.
    Por isso boa cronica apontando o dedo de forma firme e certeira.
    Boas curvas
    Paulo Baltazar

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pelas simpáticas palavras... ;)

      Eliminar
    2. É nos "apesarem" que reside muita da diferença entre o papel e o digital...

      Eliminar
  2. Não conheço o "millieu" tão bem como tu, Pedro. Mas há muitos anos que conheço (exclusivamente como leitor!)o Mário Figueiras e tem o seu lugar na história da Comunicação ligada ao motociclismo. O que não lhe dá autoridade para dizer o que disse. De forma algo leviana em que tudo cabe num mesmo saco...afinal fazendo eco do que hoje é comum dizer-se sobre as redes sociais. Como noutro lado qualquer, há de tudo. O excelente, o bom e o sofrível. Até o mau...
    E na Comunicação escrita? Será o mundo ideal? Parece-me que cada vez mais longe disso. Hoje em dia registo 4 publicações sobre motociclismo. Uma, a Motos (sem desrespeito para quem lá trabalha) mas é uma importação adaptada do que se faz lá fora. As restantes, a histórica Motojornal, a REV e a Trevl, pertendem todas à mesma editora... Afinal, onde está o contraditório? Onde está a opinião diferente?
    A Motociclismo finou-se. A Motojornal só não lhe seguiu as pisadas por milagre. Talvez fosse esta a reflexão que Mário Figueiras deveria ter feito: porque morrem as publicações em papel?
    Muito bem escrito, Pedro e subscrevo obviamente.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado!! Concordo que o "Mário Figueiras e tem o seu lugar na história da Comunicação ligada ao motociclismo." e deve ser respeitado. É o que eu tento fazer no texto. Mas para ser respeitado há que respeitar. Só que para respeitar há que conhecer e o Mário, simplesmente, não conhece. Lamento opor ele...

      Eliminar
  3. Gostei do artigo e aproveito para cumprimentar o autor.
    Fui leitor assíduo da MotoJornal desde os anos 80, depois passei a comprar a Motociclismo mensalmente desde o nº1, parecia uma revista completamente diferente. A qualidade foi baixando e deixei de comprar algures nas 2 centenas e meia. Ainda estão na arrecadação a ocupar espaço. Em simultâneo com o declínio da MC passei a comprar a REV, também desde o nº1. Também aqui, no início parecia um produto desempoeirado, com boa fotografia, apesar de um português com algumas calinadas de arrepiar - nada é mais irritante do que a cacetada na língua mãe.
    Também já deixei de comprar, talvez há um ano.
    Hoje o meu consumo de leitura motociclística é quase todo online. Por várias razões: maior possibilidade de escolha, alguma oferta muito boa, custo, espaço. Mas o argumento principal talvez seja a falta de identificação com as publicações nacionais existentes.
    Claro que muitos anos de leitura e interesse pelas motos dão-me uma perspectiva que me permite separar melhor o que para mim merece atenção e credibilidade, por comparação com quem chega só agora às motos. Os recém-chegados podem facilmente ficar baralhados com tanta "informação", fóruns, opiniões, etc. Mas julgo que quanto a isso, nada há a fazer. A melhor receita para quem começa é usar o bom senso e fazer uma pesquisa sólida e astuta, com um pouco de tudo. Online e offline.

    ResponderEliminar

Site Meter