segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Um café e a conta, por favor

Hoje temos fim de festa. E mudanças também. Foi assim que João Rebocho Pais (Jan Jan Pais) viu a jornada valenciana, a última do ano. Que bela cronica… 


Terminou, não haverá com estas cores, mais uma moeda, mais uma voltinha. Por muitas curvas que se deem, foi a KTM a escolher este ‘não futuro com Miguel’. Valência, 6 de Novembro, do ano da graça de dois mil e vinte e dois, pediram um café e a conta, por gentileza. O ‘Espresso’ foi-lhes servido, ao bom jeito do nosso Miguel, forte e encorpado, com o sabor inconfundível de uma laranja espremida até ao fim. Literalmente. As laranjas, como os cavalos, também se abatem.

De P14 a P5, com a nuance de manter viva a sua derradeira batalha, MO vs JM. Explico. Vimos algumas vezes neste ano, uma corrida a ser liderada por Jorge Martin, por norma com uma gestão de faca nos dentes, que lhe custou alguns amargos. De boca. A mesma boca que transportava a faca. Se desejei que Martin caísse? Não, seria incapaz. Aliás, sim, desejei-o, confesso, mas guardo-o em segredo, uma quedazita sem maleitas, nem é pecado pedir tão pouco. Não aconteceu, está bem, aceita-se, Oliveira termina o ano em P10, na prova rainha de todos os reinos da velocidade em motas. E segue sua vida. 

Entregou à KTM tudo tudinho o que sabia, mais o muito que por ali descobriu, Poncharal ficar-lhe á eternamente grato, outros nem tanto, perdoa-lhes senhor que não sabem o que fazem. 


Nem Pol, nem Zarco, chegaram sequer perto ao busílis da questão, Brad fê-lo duas vezes, numa delas com uma receita de improbabilidades tais que em cem anos ninguém a repetirá, terminando com ‘slicks’ na chuva e cortando a meta à velocidade com que se estaciona num parque de centro comercial, ah e tal, não sejas assim, injusto, invejoso, afinal ele venceu, deixa-te de coisas… não, nem sou aquilo, nem me deixo de nada. Miguel venceu por cinco vezes, em quatro anos de MotoGP, uns há que passam lustros e lustros e nada lustram. 

Passei a corrida a correr, por virtude de estar a acompanhar esta mudança de Miguel estando eu próprio em mudanças também, já viram a ironia? Logo eu, um gajo do mundo da bola, recém-aqui-chegado, e a conseguir uma simbiose destas, isto contado ninguém acredita. 


Rei posto, Quartararo passou o ceptro a um Bagnaia que soube ser o melhor no Exército Vermelho. Marc surpreendeu-me e de que maneira, ainda bem que nunca lhe tracei destinos, quer dizer, fi-lo mas em conversas com o cão, e o cão não fala, o espanhol parece escavar muito possível nova-mina de ouro, havia de ser eu a partir assim o bracinho que nem cem anos chegariam para regressar fosse onde fosse. O campeonato acaba com a vitória de uma Suzuki que para o ano não veremos. Como pouco ou nada vimos a Suzuki de Mir, campeão do mundo há um par de anos. 

Senhores e senhoras, este é um mundo de loucos, num tempo de loucos, e nele Miguel já saboreou dois Top 10 em três anos, tivesse eu sonhado em desejar semelhante cenário alguma vez e tomar-me ia por louco garganeiro, mas Miguel transformou um oásis, numa realidade em que nos viciámos, a adrenalina de torcer os dedos, quando ele voa como um Falcão. Amanhã mudam-se-lhe as cores do fato e da mota, assim mudaremos nós também, as forras dos sofás, as tshirts, as capas para os tabliers dos automóveis, vai tudo a eito a tingir na panela, afinal a partir de agora Siamo Tutti Aprilia. 

Chega, pois, um longo inverno, sem fins-de-semana entrecortados por FP’s, Q’s e dias de corrida…, mas bem vistas as coisas vem aí o Natal, depois mete-se o Ano Novo, logo, logo, o Carnaval e quando dermos por nós aí está Portimão, que é como quem diz a Mexilhoeira Grande, com o o seu lindíssimo AIA, a fazer a estreia mundial de uma ‘sprint race’ na MotoGP. 

E nós? Oliveirando e Apriliando. Cantando e rindo. Il futuro inizia adesso.

4 comentários:

  1. Mais uma excelente crônica a finalizar um animado campeonato, venha o próximo e as próximas crônicas para nos alegrar ! O Bb venceu à velocidade a que se anda num parque de supermercado 👌👌😉

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  2. Jan Jan Pais mais uma vez tiro como sempre o chapéu de respeito pelos seus comentários e textos, dá gosto ler assim o seu pensamento. É vc a escrever e o amigo Guto Nejaim a relatar um Moto GP, meu Deus que maravilha, um abraço

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    1. Obrigado Rui, vou reencaminhar o seu comentário ao Guto, sei que ele irá gostar!

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