terça-feira, 24 de outubro de 2023

Benelli Adventure Experience

5:30 AM. Pimmm, pimmmm, pimmm, pinnnmmmmmm!! O despertador toca com a energia de um adolescente que dormiu doze horas. Sucede que aqui não há adolescentes e eu acabo de dormir doze horas sim, todavia divididas pelas últimas três noites. Ainda assim acordo rápido. Tomo um duche ainda mais rápido, enquanto alguém que só pode ter muita pachorra para me aturar, faz um litro de café, pois acorda à mesma hora só para me dar boleia até à famosa estação do Oriente em Lisboa. Este seria o ponto de encontro daqueles que Adriano Duarte, 56 anos, CEO da MULTIMOTO, bem mais tarde, ao jantar deste longo dia, apelidaria de “elite do jornalismo de motos em Portugal”. 


Se este primeiro parágrafo vos sugere uma história de paixão, isso significa que estão no bom caminho. Na verdade este é o relato de pouco mais de quarenta horas de motociclismo desafiador, intenso e apaixonado. Horas que na verdade espelham o ser em si de uma marca histórica e notável – podem recordar aqui (link) do que falamos quando falamos em Benelli. Notável e sobretudo notório como na verdade só a Benelli sabe ser neste momento em Portugal. Por estes dias, sempre que se fala de Benelli a plateia divide-se entre o amor e ódio. É paixão. E isso é muito bom. 

UM PORTUGAL DESCONHECIDO ESPERA POR TI 
Seguimos viagem num shuttle madrugador que nos deixou em Ul. Sim Ul, leram bem. Mais concretamente no parque temático molinológico de Ul, não muito longe de Oliveira de Azeméis e da sede da MULTIMOTO, empresa que nos últimos anos se tem afirmado como uma das mais destacadas do sector moto, se não mesmo a mais distinta. 


Reforçada a alimentação e a cafeína, devidamente brifados sobre o que viria a seguir, partimos rumo a uma pequena mas mágica viagem pela região centro de Portugal, um dia que se viria a revelar memorável a vários níveis, em especial a travessia do que resta da antiga Estrada Nacional 338 entre Vide e Manteigas, estrada a que alguns chamam de “Loriga Pass” só que…, em bom rigor, nem em Loriga a estrada passa. 


Todavia, quem deseja viver momentos de motociclismo épicos a meio da semana, para além de ter de acordar a meio da noite, antes mesmo da madrugada, também tem de lamber quilómetros de paisagem estranha e sem característica, antigas vilas e aldeias dizimadas pelo suposto desenvolvimento comercial e industrial. Tudo começou a mudar ali na desconhecida e inóspita serra da Penoita. Sim Penoita, segundo alguns “terra dura e linda onde vivem pastores, pedras e cinzas” ali meio caminho entre o Caramulo e a Freita. Dizem que há quartzo, pedra de Ançã e xisto pelo caminho. Há mais pedras, sossego e paz. Há pelo menos um dólmen e um açude. 

SEDE DE AVENTURA 
Ali chegados já tínhamos cerca de cem quilómetros efectuados na Benelli TRK 702 X (bicilindrico paralelo desenvolvido pela Benelli com 698cc, 70CV). O primeiro contacto físico com a moto é impactante. Linhas trabalhadas e voluptuosas. Sensuais, mesmo – desenvolvida sem Itália no Centro Stile Benelli. Posição de condução elevada e belo encaixe entre condutor e moto. Banco rijo todavia confortável.


Dinamicamente o conjunto revelou um motor presente, vivo e sobretudo surpreendentemente elástico, em especial porque a unidade que me calhou era praticamente nova. Ciclística afinada (suspensões e travagem também desenvolvida pela marca) com destaque para uma travagem eficaz e amortecimento aceitável num conjunto que naquela manhã teve de ultrapassar estradas lentas, sujas e molhadas pelas condições outonais. 


Da serra da Pernoita seguimos para a velha vila de Coja, a Princesa do Alva como lhe chamam – provavelmente por estar situada nas duas margens do Rio Alva na confluência da Ribeira da Mata e pela dualidade que existe entre a água e a Vila. O sol sorria e o estômago também com um sublime petisco de almoço tardio que não foi mais do que uma “entrada” para o verdadeiro festival gastronómico que foram também estas horas. Aqui trocamos de moto. A mim calhou me uma Benelli TRK 702 - sem o X, isto é a versão de natureza mais estradista. A jante 19 na roda dianteira foi assim “trocada” por uma jante 17 e respectivos pneus exclusivamente estradistas, dos Pirelli Scorpion Rally STR para os Pirelli Angel GT


Honestamente, este conjunto não me convenceu tanto como a equilibrada X. Os mapas de motor pareceram-me ligeiramente diferentes e a travagem não apresentou, definitivamente, a mesma qualidade. Detalhes de afinação de pedais também não me agradaram face à X que me pareceu muito afinada, sublinho. 


Já quase no Piódão para fotografia pedi ao Domingos Janeiro, agora director da revista Motos, para me ceder a TRK com que ele rolava e era idêntica à minha, isto é, a dita versão normal, sem X, mais estradista. E aí voltei a encontrar uma moto afinada e equilibrada todavia não tão eficaz em travagem e negócio em curva como a versão X de jante de raios e roda 19. Surpreendente! 


Sugere o nosso Turismo que a Aldeia Histórica do Piódão, incrustada na maravilhosa Serra do Açor, apresenta-se como um conjunto arquitectónico de rara beleza pelo seu enquadramento natural e também pela sua antiguidade, unidade e estado de preservação das construções. Há quem lhe chame “aldeia presépio” dada a sua configuração que se espraia pela encosta do monte com as casas em xisto e lousa e as janelas e portas pintadas de azul, em anfiteatro. Sabe-se também que a aldeia do Piódão serviu de abrigo a muitos que se pretendiam esconder ou por questões políticas em épocas mais severas, ou até por questões jurídicas. 

TENSÃO NA MONTANHA DESAFIANTE 
Após o Piódão, com a luz do dia a apagar-se rapidamente, seguimos então para Vide e para o desafio memorável desta viagem relâmpago, a incrível Nacional 338 que corta a meio o Parque Natural da Serra da Estrela. 


A subida é ingreme e o asfalto glorioso. Os primeiros quilómetros pediram atrevimento. Todavia tudo mudou junto a uma placa que indicava “1700 metros”. Chuva forte, vento lateral e cortante, nevoeiro cerrado e impenetrável. O grupo, todo composto por motociclistas muito experientes, diminuiu o ritmo e viveu momentos de alguma tensão. Tateamos as curvas da Grande Serra. Todos os sentidos em alerta a perscrutarem a estrada. E quando paramos já a descer para Manteigas junto ao vale glaciar e com condições atmosféricas menos cortantes, acabamos por dar aquele sorriso de momento intenso e desafio cumprido. 


Já no novíssimo hotel Vila Galé Serra da Estrela em Manteigas, despimos o fato, relaxamos. Apresentadas em detalhe as novas TRK, jantamos um tornedó perfeito acompanhado por um belo tinto do Douro. Aqui foi tempo de viver mais paixão. A equipa da MULTIMOTO revelou uma energia incrível para que tudo estivesse impecável. Detalhes, amor à camisola, sintonia entre hierarquias, valores e princípios bem definidos. Aqui há trabalho. E paixão, repito. O crescimento desta empresa e das marcas que representa não é um acaso. Parabéns a todos! 


O dia seguinte acordou ainda mais mal disposto. A tempestade denominada Aline castigava fortemente a paisagem. Tivemos de encontrar um plano B. Em definitivo não encontramos condições para produzir imagens de qualidade. O motociclismo deixa de o ser quando o desafio dá lugar ao sacrifício. Fica sem sentido e sem valor. Assim o contacto com o fora de estrada terá de ficar para outro momento. De qualquer forma a dona Alice, as suas brasas impecáveis e a carne incrível do “talho confiança” - que segredo tão bem guardado - esperavam nos já no regresso ao distrito de Aveiro. 

VERDADEIRA EXPERIÊNCIA DE AVENTURA 
A Benelli Adventure Experience revelou-se isso mesmo. Uma surpreendente experiência de aventura. Em tempos existiu um slogan que dizia “há sempre um Portugal desconhecido à sua espera”. E há mesmo. A serra da Penoita foi uma surpresa. A escalada da Nacional 338 um puro prazer. As condições atmosféricas no topo de Portugal um desafio surpreendente. A gastronomia, já sabemos, sempre épica


A tudo isto as novas Benelli TRK 702 e 702 X responderam “quero mais”. No entanto uma prova mais completa terá de ficar para outra ocasião que integre alguns quilómetros de fora de estrada. Na verdade, estas motos já são um best seller incrível no mercado português. Provavelmente ainda este ano a MULTIMOTO colocará no mercado nacional cerca de mil unidades da 702 e 702 X. É verdade. Como verdade é que ruídos à parte o Senhor Mercado tem sempre razão. No mais, o ESCAPE só pode agradecer. Obrigado a todos!


[Passem aqui (link) e aqui (link) no site da marca para mais especificações técnicas, preços e campanhas em vigor.]

NOTA: Texto actualizado às 21:57 do dia da publicação. O erro é um privilégio dos activos e o ESCAPE errou. São cerca de mil as TRK 702 de ambas as versões que a marca julga vir a colocar no mercado nacional ainda em 2023. E não o dobro de tal valor, como de forma manifestamente errada aqui se escreveu.

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